Deuses dos quatro elementos - TodoDeku

Dia do olhar de amor - Ciclo ar

Ao final do dia, o fogo deixou a alma de Todoroki e a terra passou a invadi-lo, assim como o ar iniciou seu domínio sobre mim. As longas asas estavam nascendo e era hora de partir.
- Você fica tão lindo de asas - elogiou, sem desviar seus olhos um instante sequer.
Meu poder transformou o robe cerimonial em algo mais leve, mais confortável para se adaptar à mutação do meu corpo.
- Preciso ir - lembrei-o, assuntando-me com a tristeza impregnada nos sons das palavras.
No instante em que minhas asas ganharam força, levantei voo rumo aos céus, mas um ramo verde enrolou-se ao meu pé, impedindo-me de seguir adiante. Em seguida, mais ramos passaram a se entrelaçar ao meu corpo e às minhas asas, trazendo-me suavemente de volta à terra.
Logo eu estava novamente sentado ao chão e as vergônteas me envolviam, entrelaçando-me, prendendo-me.
- Todoroki, o quê?
- Não vá... não vá, Izuku. Não quero que vá.
Ele me fitava de um jeito voraz, sem se desviar, num fervor urgente. A intensidade do olhar mexia com cada partícula do meu ser, tornando a prisão doce, acolhedora, desejada. A seguir, rosas vermelhas nasceram por todos os lugares, fortes, lindas, livres de espinhos, numa plenitude de apenas beleza e suavidade.
- São para você, são todas para você - sussurrou.
Enquanto as flores espalhavam-se cada vez mais, os ramos levavam-me para uma cama de rosas, e o veludo das pétalas acariciava-me, roçando minhas curvas e cercando-me de maciez, perfume e conforto. Todoroki acomodou-se a uma distância segura acima da rocha, contudo sua mirada firme parecia devorar-me. De minha parte, mesmo lutando para manterá razão, era evidente o meu desejo de comprazê-lo. E pior, quanto mais as rosas me envolviam, mais minha alma queria agradá-lo.
- Prenda-me - sussurrei, ofegante, trêmulo e ardente.
- Para todo o sempre - sussurrou de volta.
Após abriu um sorriso maravilhosamente iluminado, e, enfim, revelou-me a visão mais bela do universo. Um olhar de amor emocionado e emocionante, um olhar de amor.
Todoroki e eu nos olhamos por um bom tempo, até ele adormecer entre os ramos macios de eravas rasteiras e flores diminutas. Ele fizera sua própria cama sobre a rocha e lutara contra o sono por muito tempo. E eu me deliciei em todos os toques suaves das rosas, bem como em suas íris bicolores transbordante de amor.
Não houve palavras. Não ouvi juras nem promessas.
Apenas... sentimento.
Shoto e eu estávamos à beira de um abismo. E, contra todas as expectativas, ansiávamos por cair nele. Embora soubéssemos que arrastaríamos tudo conosco. Esse pensamento trouxe um arrepio gélido ao meu coração, sacrificar-se é um direito, levar outros ao sacrifício é... crueldade. O céu parecia especialmente lindo, contudo não era capaz de me arrebatar dessas reflexões perturbadoras.
Usei o meu poder e, sem oxigênio, os ramos em volta de mim murcharam, novamente manipulei o ar em torno de Todoroki, tornando seu sono mais profundo. Levantei e não pude deixar de fita-lo, o decote do robe deixava a pele do peito parcialmente à mostra, bem como o formato torneado dos músculos, a pele era branca como a minha, reluzindo como um lençol de cetim.
A verdade era amarga.
Eu nunca poderia correr minhas mãos por aquela pele.
Nunca poderia acariciar aqueles lábios.
Jamais poderia ter sequer uma mecha de seus cabelos entre meus dedos.
Todoroki e eu nos condenamos a um amor sem toque.
Mirei novamente o céu, e um vento perfumado acariciou minhas asas, talvez ainda não fosse tarde demais. Talvez fosse possível retorcer, mesmo estando à beirada.
Mirei o céu e ali estava a solução. A fuga. O alento.
Bati minhas asas e fugi para o horizonte, mas, meu destino não era o castelo dos deuses do oriente.
Não havia destino algum para mim.

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シ︎

𝙴𝚜𝚙𝚎𝚛𝚘 𝚚𝚞𝚎 𝚝𝚎𝚗𝚑𝚊 𝚐𝚘𝚜𝚝𝚊𝚍𝚘 𝚍𝚘 𝚌𝚊𝚙𝚒́𝚝𝚞𝚕𝚘, 𝚙𝚎𝚛𝚍𝚊̃𝚘 𝚜𝚎 𝚝𝚒𝚟𝚎𝚛 𝚊𝚕𝚐𝚞𝚖 𝚎𝚛𝚛𝚘 𝚘𝚛𝚝𝚘𝚐𝚛𝚊́𝚏𝚒𝚌𝚘.
𝙽𝚊̃𝚘 𝚜𝚎 𝚎𝚜𝚚𝚞𝚎𝚌̧𝚊 𝚍𝚎 𝚍𝚎𝚒𝚡𝚊𝚛 𝚊 𝚎𝚜𝚝𝚛𝚎𝚕𝚒𝚗𝚑𝚊 𝚎 𝚍𝚒𝚣𝚎𝚛 𝚘 𝚚𝚞𝚎 𝚊𝚌𝚑𝚘𝚞, 𝚋𝚎𝚒𝚓𝚘𝚜 ( ˘ ³˘)♥︎