Dia da transformação - epílogo- ciclo terra

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Quanto mais às assas de Shoto batiam livres pela imensidão azul, mais nos distanciávamos do templo dos deuses do oriente, indo pelo horizonte sem fim, para os alpes verdes de terras distantes, onde nenhum mortal jamais tocara os pés.

- Para onde está me levando? – indaguei, sentindo o coração explodir em meu peito.

- Para um lugar onde ninguém jamais admirará sua beleza outra vez, apenas eu – respondeu, com um sorriso irritante e, ao mesmo tempo tentador.

- Não sabia que era tão ciumento – gracejei.

- Ninguém nunca mais tomará minha felicidade – respondeu emocionado em vez de devolver o gracejo como pensei que faria.

Sorri e, após, mordi o lábio num gesto acanhado.

No topo da montanha, de onde só se viam nuvens abaixo, havia uma espécie de cabana de madeira, igual às construções dos mortais, porém bela e com um acabamento impecável.

- Quem construiria uma casa aqui? – refleti enquanto observava curioso, a bela edificação.

Shoto abriu um sorriso travesso, aterrissando comigo em seus braços bem em frente à linda casinha. Desci de seu colo e caminhei até a porta, admirando a magnífica engenhosidade, improvável para um lugar bem no alto do mundo.

- Nossa, a varanda no fundo está bem à beira do penhasco! – exclamei embasbacado, olhando através do vidro da enorme porta.

- É meu refúgio, construí há muito tempo e costumava vir aqui para pensar – respondeu.

- E em que tanto pensava? – eu quis saber.

- Na natureza, na vida... – Shoto fez uma pausa – em meu oposto – completou.

Ruborizei.

- Izuku, é tão raro um imortal se apaixonar que nem sabemos ao certo o que fazer quando acontece. Contudo, os mortais costumam selar seu amor com o matrimônio, então faço a pergunta: quer se casar comigo? – pediu, ajoelhando-se numa postura solene.

- Mas pensei que já tínhamos... – expressei, apontando sem querer na direção do templo de onde viemos.

Shoto gargalhou de uma maneira maravilhosa.

A seguir, pegou minha mão e deslizou por meu dedo uma espécie de aliança, adornada com uma joia de brilho estanho.

- Nunca vi uma pedra preciosa como esta, com esse brilho esverdeado – comentei estupefato.

- Peguei quando vi a colisão entre um planeta e uma lua, numa galáxia longe daqui. Lembrou-me dos seus olhos, depois como ouro é bem mais fácil de encontrar, foi fácil – contou com uma expressão encabulada.

- É linda – maravilhei-me – o planeta era habitado? – por fim perguntei com pesar.

- Não.

- Que alívio – concluí, exalando o ar mais calmo.

- Na hora pensei a mesma coisa – revelou, parecendo encantado com minha preocupação.

- Shoto, não preparei um anel... não pensei que nós... – o nervosismo parecia ser o arqui-inimigo da eloquência.

- Por isso trouxe o segundo – brincou, mostrando outro anel.

A aliança, que preparara para si, não levava a pedra verde, tão somente ouro.

- Sei que os mortais costumam fazer um voto nesse momento...

- Izuku, tudo bem... é tudo novo para nós... – tentou me tranquilizar.

Deuses dos quatro elementos - TodoDekuOnde histórias criam vida. Descubra agora