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Andei por todo o apartamento mais uma vez, nada, vazio. Ah, fala sério, penso. Mais um dia vindo aqui por convite e tendo que esperar a dona atrasada chegar. Era a terceira vez que Carol me chamava pra estudar com ela pra prova que aconteceria em alguns dias, e a terceira vez que eu encontrava um apartamento vazio. E sim, eu tenho a chave, amigas próximas que gostam de roubar as roupas uma da outra de vez em quando funcionam assim mesmo.
Eu sabia que o irmão dela deveria estar aqui, ele normalmente ficava trancado em seu quarto jogando ou fazendo lives, eu já o conhecia antes por alguns vídeos, mas nem imaginava que Carol era irmã dele quando viramos amigas. Sempre fiquei tímida ao vê-lo, então não conversamos tanto. Mas, apesar de ele maioria do tempo estar aqui, hoje tudo estava silencioso demais.
Peguei meu celular e digitei o nome de Carol na minha lista de contatos, ligando pra ela em seguida. O barulho irritante tocou três vezes antes de sua voz surgir.
-Amiga, desculpa, mesmo, sei que tô atrasada de novo, não me mata. -Ela diz ao atender.
-Onde você tá? -Pergunto, meio sem paciência pela falta de compromisso com o horário mais uma vez.
-Tô chegando em uns vinte minutos, faz uma pipoca pra gente aí, te amo. -Ela responde, com a voz falhando, imaginei que ela estivesse correndo. Reviro os olhos e bloqueio o celular, já que ela desligou antes que eu tivesse a chance de responder.
Andei até a cozinha e procurei um saquinho de pipoca pelos armários, peguei um que tinha sabor de manteiga e enfiei no microondas, botando dois minutos no timer. Fiquei apoiada na bancada, esperando o tempo passar, e antes da pipoca ficar pronta escuto a porta da frente se destrancar.
-Finalmente! Não eram 20 minutos? -Digo, andando até a entrada da cozinha e vendo que ali não estava a pessoa que eu esperava.
-Ah, desculpa, achei que era a Carol chegando. -Digo com vergonha vendo Felps entrando e se acalmando ao ver que era só eu e não alguém aleatório invadindo sua casa.
-Eai, S/N, esqueci que você vinha hoje. -Ele responde, dando um sorrisinho e acenando com a mão.
Felps estava com duas sacolas em mãos, após trancar a porta ele andou até minha direção e colocou as sacolas em cima da bancada onde eu estava apoiada.
-Aparentemente você não foi o único que esqueceu. -Digo, olhando ele tirar algumas compras das sacolas. Ele dá uma risadinha.
-A Carol é difícil às vezes, mas ela já deve estar chegando.
Ele acaba de tirar as coisas das sacolas e começa a organizar tudo.
-Quer ajuda? -Pergunto, meio sem jeito. Estava um pouco nervosa, confesso.
-Que isso, relaxa, tem pouca coisa. -Ele me olha rápido e continua guardando cada coisa em seu canto.
Fico de cabeça abaixada e me assusto assim que o microondas apita indicando que a pipoca estava pronta, eu mal me lembrava dela ali. Tirei ela dali e abri, esperando ela esfriar um pouco. Despejei todas em uma vasilha, pra ficar mais fácil de pegar, e joguei o saco fora.
-Quer pipoca? -Pergunto, vendo que o garoto já tinha acabado de guardar tudo.
-Quero. -Ele pega algumas pipoca e come, e eu faço o mesmo em seguida.
-Não sei se minha irmã vai demorar muito pra chegar, mas até lá você quer jogar alguma coisa? -Felps me perguntando, olhando pra mim.
Eu sabia que não ia conseguir dizer não, mas estava tão nervosa por estar falando com ele que quase não consegui falar foi nada. Travei por uns segundos, e acho que ele percebeu.
-Só se você quiser, não quero pressionar nem nada. -Escuto o mesmo dizer, já andando até o fim da cozinha.
-Eu quero. -Respondo por fim, arranjando coragem.
Ele sorri e nós andamos até o quarto dele, o garoto liga seu computador e me mostra alguns jogos que tinha. Eu nem sabia nada sobre jogos, mas não queria perder a oportunidade de ficar mais próxima de Felps. Desde que o conheci pelo youtube eu senti vontade de ser amiga dele, mas nunca mencionei isso pra Carol, nem pra ninguém, e a vergonha nunca me permitiu chamar ele pra conversar direito.
Escolho um qualquer e ele dá play. Não sei se foi o destino dando um empurrãozinho, mas ele puxou alguns assuntos e eu percebi que tínhamos muito em comum. Por mais irônico que seja, Carol também demorou mais do que ela previu naquele dia, então passei pouco mais de meia hora jogando com Felps. Eu tinha me divertido muito, e acho que ele também, já que disse que poderíamos jogar ou só conversar sempre que eu viesse pra cá.
-Então... Você e meu irmão... nunca imaginei. -Carol diz, quando já estávamos no quarto dela abrindo os cadernos.
-Cala a boca. -Respondi, sem querer tocar no assunto. Ela riu e deixou de lado (enquanto eu estava lá, foi só eu chegar em casa que ela já falou sobre de novo por mensagem).
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