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OBS : Esse capítulo tráz cenas que podem  causar gatilho.

Eu tinha apagado... Não sei quanto tempo passei no chão. A exaustão emocional me deixou destruída, quando abri os olhos, o Enrique estava em pé na porta com o semblante sério. Sentei-me, sentindo todo o meu corpo reclamar. Olhei para o relógio em cima do meu criado-mudo e era quase quatro horas da manhã.

“Fiquei pensando quanto tempo iria demorar a acordar. Se vista ou iremos nos atrasar. Espero que não demore. Você não vai gostar de me ter novamente aqui”. Ele disse friamente, e saiu do quarto.

Atrasar? Para onde? Levantei-me com dificuldade. O meu corpo parecia não obedecer aos meus comandos. Acho que o tempo que passei no chão frio contribuiu também para as dores. Não querendo despertar a fúria do meu pai, vesti praticamente a primeira roupa que vi pela frente: Calça jeans, uma blusa de lã e um tênis surrado. Prendi o meu cabelo em um coque mal feito. O meu rosto estava horrível e o meu corpo tinham marcas do cinto, em uma das bochechas até mesmo havia causado uma ferida. Ao menos, no meu corpo dava para esconder... Mas no rosto precisaria de maquiagem, porém, não o fiz.

Desci com muito esforço. O meu corpo pedia para ir para a cama. Minha cabeça estava pesada. Encontrei os meus pais e o meu irmão no andar de baixo. Fátima chorava, assim que me viu, correu até mim e me abraçou fortemente, arrancando um gemido de dor meu. “Desculpe-me minha filha... Desculpe-me... Eu não pude fazer nada”. Lamentou-se minha mãe.

“Do que você está falando, mãe? Onde está a Sarah?”. Perguntei um pouco lenta e angustiada.

“A sua amante está bem. Por hora. Mas claro. Tudo depende de você!”. Respondeu o Enrique. “Fátima, solte-a. Deixe do seu drama ridículo!”.

Fátima me soltou, segurou o meu rosto e beijou as minhas bochechas com carinho. Comecei a ficar preocupada. “O que está acontecendo mãe?”.

De repente, Wash se levantou e gritou. “Você é um monstro! Eu odeio você!”. E correu para o andar de cima.

“Cuidado com suas palavras, rapaz!”. Enrique gritou alto o suficiente para ele escutar. “Vamos embora, Juliette. Antes que eu perca a paciência!”.

Olhei para Fátima em busca de resposta, porém, o seu choro aumentou. Ela voltou a me abraçar, mas logo soltou. “Vá com o seu pai”. Sua voz saiu fraca. “E me perdoe por ser uma mãe tão fraca”.

Eu ia respondê-la. Mas o Enrique me pegou pelo braço com força, me fazendo gritar de dor e me arrastou para a garagem. Abriu a porta do carro e me jogou dentro de qualquer jeito. A minha cabeça bateu no painel do carro, causando uma dor chata. Mas de todas as dores que eu tinha sentido hoje, essa foi o de menos. Ajeitei-me no carro e coloquei o cinto de segurança, meu corpo tremia involuntariamente.

Enrique entrou e sentou do meu lado. Colocou o cinto e deu partida no carro.

Ele dirigia em alta velocidade. O semblante ainda estava transtornado. Não parecia o meu pai, parecia um louco que estava do meu lado. Comecei a temer pela minha vida. O seu jeito violento me deixava trêmula. Eu queria perguntar para onde íamos, porém, o medo sufocava a minha voz. O meu coração começou a ficar pesado, pressentindo que alguma coisa muito ruim iria acontecer.

Enrique parou o carro no estacionamento do aeroporto. “Desça!”. Ordenou ele.

Eu desci rapidamente, sem entender o que estávamos fazendo no aeroporto. Ele abriu o porta-malas e retirou duas malas. “Pegue”. Disse, arrastando com o pé uma mala.

Como Tudo Aconteceu • ADP - SarietteOnde histórias criam vida. Descubra agora