Como Tudo Aconteceu • ADP - Sariette

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O bom de ter Fátima como cúmplice em meu relacionamento com a Sarah é que as coisas ficaram mais simples, por exemplo, eu tinha livre arbítrio para mexer no notebook, ao menos, sem Enrique estar em casa. E com isso, aproveitei para conversar com a Sarah pelo Facebook. Ela ficou muito feliz por eu ser selecionada e disse que me levaria para jantar na noite seguinte. Não pude me prolongar porque o Enrique tinha chegado, então, devolvi o notebook para Fátima.

O Enrique se mostrou feliz também pela minha conquista e conversamos um pouco. Aos poucos, íamos estabelecendo novamente o vínculo de pai e filha, porém, confesso que ainda me sinto magoada pela sua forma de tratamento quando descobriu o meu romance.

Eu quase não dormi de tão ansiosa! Acordei cedo demais e fiquei zanzando pela casa até finalmente se aproximar do horário para o local. Me arrumei com esmero, coloquei uma calça jeans colada, uma blusa de manga comprida branca e uma jaqueta. Calcei os meus saltos, claro, não podia ficar sem. Passei uma leve camada de rímel, blush e batom. Os meus cabelos ficaram soltos dessa vez.

Peguei a minha bolsa, despedi-me de Fátima e Enrique e fui para o local indicado.

Era um consultório médico, constatei ao estacionar o meu carro. E para minha surpresa tinha bem grande:

Consultório obstétrico e Pediátrico.

Dra. Jacira Nogueira e Dra. Bianca Nogueira.

Saí do meu carro com o papel do endereço na mão e minha bolsa na outra. Será que eu tinha anotado certo? Bem, só tinha uma maneira de saber. Adentrei no consultório, tinha alguns pacientes e uma recepcionista já bem senhora que me sorria amavelmente.

“Bom dia... A agência de trabalho me mandou para fazer entrevista de trabalho...”. Eu falei com um sorriso.

A mulher parecia aliviada. “Graças a Deus. Nunca pensei que a agência de trabalho demoraria tanto para mandar alguém. Não aguento mais trabalho em tempo integral”. Disse ela ao se levantar. “Venha comigo, por favor,”.

A segui pelo um corredor estreito que tinha apenas quatro portas. Ela colocou a mão na maçaneta e virou-se para mim. “Quem vai fazer a entrevista é a Dra. Bianca”. Eu gelei quando escutei isso. Em seguida, ela bateu na porta e a abriu. “Bianca, a menina que a agência de trabalho mandou. Vai atendê-la agora?”. Escutei uma resposta positiva de Bianca. E a senhora se virou para mim. “Pode entrar, minha filha. Boa sorte”.

Dei um sorriso de agradecimento e entrei na sala. Bianca estava de cabeça baixa, olhava a sua agenda. Eu nunca tinha visto a Bianca daquela forma: De cabelos presos em um coque, porém, alguns fios escapavam e caíam pelo seu rosto. Ela usava um jaleco que tinha o seu nome escrito no bolso, ele estava aberto, então, dava para ter a visão do seu vestido que iam à altura dos joelhos, suas pernas estavam esticadas e os saltos azuis destacavam-se embaixo da mesa. Sua maquiagem era clara e não usava nenhuma joia. Eu fiquei meio paralisada, confesso.

Bianca levantou a cabeça e abriu um sorriso ao me ver. “Juliette. Não me diga que você é a jovem que a agência mandou?”.

Eu sorri sem graça. “Sim. Sou eu mesma...”. Oh céus, a covinha parecia mais aprofundada hoje.

“Então, é uma surpresa muito agradável. Sente-se, por favor,”. Ela pediu, apontando para duas cadeiras acolchoadas á sua frente.

Caminhei até a cadeira e sentei-me. Os meus pés sem querer bateram nos pés de Bianca que puxou as pernas e fixou os pés no chão. O seu olhar para mim era enigmático. Não dava para saber o que ela estava pensando e eu gostaria muito de saber. Ela parecia me analisar.

“Então... Como você sabe eu tenho experiência no Coffee e...”. Eu comecei sem saber muito bem o que falar. Mas Biao interrompeu ao levantar a mão.