18

2.3K 230 123
                                    


Acordei mais cedo do que o habitual. Isso dava mais tempo para que eu me arrumasse. O tempo estava frio... Eu sabia o que significava, era a iniciação do inverno, não demoraria muito para que a temperatura caísse tanto á ponto de nevar.


Escolhi uma roupa quente. Uma blusa de manga longa, meia-calça, short, botas coturnos e casaco rosa. O que eu gostava de meias, era que deixavam as suas pernas aquecidas. Eu estava com preguiça de fazer algum penteado no cabelo, então, deixei-os naturais, o que era é bom, já que ficavam volumosos. Coloquei um colar com pingente de coruja, brincos, passei blush, rímel, batom-vermelho e perfume. Pronto! Estava pronta para guerra.

Tirei o meu celular do carregador, peguei a minha bolsa e desci. Encontrei apenas o meu pai tomando café. Assim que me viu, ele sorriu, porém, tinha algo em seu semblante que me deixou em alerta.

“Bom dia pai” eu disse, servindo-me de uma xícara de café, em seguida, abri a geladeira e tirei a caixa do leite, colocando um pouco na xícara.

“Bom dia filha” disse Enrique, acompanhando os meus movimentos com o olhar “Sente-se melhor?”.


“Sim, estou nova em folha.” respondi sorrindo.

“Ótimo, porque precisamos conversar” ele disse sério, apontando para a cadeira vazia em seu lado.

Gelei. Diversos pensamentos passaram em minha cabeça. Será que Camila tinha contado alguma coisa a ele de Sarah? Mas se ele soubesse que eu estava tendo um romance com a minha professora, ele não ficaria tão calmo assim, então, descartei. O meu maio medo era relacionado à Sarah, os outros assuntos, poderiam ser resolvidos sem maiores dramas. Acalmei-me interiormente e sentei-me na cadeira.

“Sim?” perguntei, e tomei um gole do meu café, que desceu amargo demais em minha garganta.

Ele empurrou uma fatura na minha direção. E falou. “Poderia me explicar o que é isso?”.


Coloquei a xícara na mesa, e peguei a fatura. Era do cartão de crédito. Antes mesmo de olhar, já sabia que eu estava ferrada. Tinha abusado do cartão no último mês. Abri a fatura e mordi o meu lábio inferior ao ver o valor que eu tinha gastado... Quase dois mil dólares.


“Então?” insistiu ele com a minha demora.

“Eu tive... Necessidades...”. Falei pausadamente, sem saber o que inventar.


“Necessidades de dois mil dólares? Em que? Eu e sua mãe suprimos as suas necessidades básicas. Você não tem compromisso com as contas domésticas, muito menos com a gasolina, e ainda por fora, damos dinheiro extra para gastar como bem entender com suas saídas. Então, como me explica essa conta de dois mil dólares?” falou o meu pai, batendo com o dedo indicador na conta.

Se essa conversa fosse com a Fátima, tenho certeza que ela estaria gritando como uma louca. Eu tinha exagerado, tinha que admitir. Suspirei e falei “Me descontrolei um pouco...”.

“Um pouco?” meu pai falou um pouco alto, me assustando, mas logo voltou a falar baixo. “Você foi irresponsável, Juliette! Muito! Eu não trabalho que nem um condenado para destinar um terço do meu salário em seu cartão de crédito. Você tem que entender que não é apenas você que sou responsável, o seu irmão também! Então, por que não coloca a mão na consciência e controla-se? Nem tudo que queremos, podemos ter”.

Como Tudo Aconteceu • ADP - SarietteOnde histórias criam vida. Descubra agora