07

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Como eu tinha previsto... Sarah ficou bastante automática. Ela não estava mais se divertindo depois da conversa com Kerline. E Kerline... Fazia como eu, agia como se nada tivesse acontecido. Num determinado horário, nos despedimos, e Sarah se prontificou de me levar para casa. Mas ao invés de fazer isso, me levou ao seu apartamento.

O tempo todo, ela estava tensa no carro... Eu tentava puxar assunto, mas ela era monossílaba. Então, desisti. Comecei a cantarolar qualquer música. Quando entramos em seu apartamento, falei. “Todas as garotas da faculdade são como aquelas no bar?”. Eu ri. “É impossível dizer “oi” á uma sem ser cantada”.

Ela não respondia nada. Apenas tirou o casaco, e pendurou atrás da porta. O seu silêncio começou a me incomodar. Até que enfim, ela respondeu. “Talvez quando for pra faculdade, você... Descobrirá por si mesma”.

Confesso que o fora me deixou um pouco murcha. Não que eu esperasse uma resposta animada de Sarah, mas caramba! Não precisavamos terminar a noite assim: Com eu magoada. Eu não queria ser magoada, e também não queria ficar num clima tenso com a Sarah. Então, falei. “Certo, pare. Kerline falou alguma coisa sobre nós ou sobre mim?” perguntei, já sabendo a resposta, mas queria ouvir da boca dela.

Sarah andou em voltas pelo apartamento, que é muito pequeno. O apartamento é apenas um vão, que era dividido estrategicamente em “quarto, sala e cozinha”, e uma porta que dava para o banheiro.

Ela finalmente parou e olhou para mim. “Não, por que diria?” mentiu ela, acho que para proteger sua amiga, ou para me proteger da verdade. “Só estava me divertindo num bar com uma aluna do colegial”.

“Você faz parecer tão horrível”. Disse, ficando chateada.

“Bom, por que talvez seja. Pense nisso.” Ela disse, sentando-se no sofá.

“Por que?” eu questionei, cruzando os braços. “Agi como uma garota do colegial? Fiz algo pra constrangê-la? Alguma vez fiz isso?” perguntei, ficando de frente para ela, me curvei para poder olhar diretamente em seus olhos.

“Não, não se trata disso”.

“Então de quê se trata?” perguntei exasperada, me sentando no sofá á sua frente. “É problema da Kerline ou é seu? De onde saiu isso?”. Ela não me olhava, mas eu continuava a olhá-la. “Idade não é problema quando estamos juntas”.

“Quando é apenas nós duas, mas quando estamos lá fora, as pessoas notam”. Ela me olhou, fazendo uma breve careta.

“Não”, eu respondi suavemente “Kerline notou. Ela é sua amiga e se está bem pra você, duvido mesmo que isso vai incomodá-la”.

“Juliette, vamos cair na real”. Sarah suspirou “Na teoria, estamos mais erradas do que certas”.

“Quer cair na real? Esqueça a teoria”. Falei, a encarando, eu não podia deixa-la terminar novamente o que mal começamos, não, de novo não. “Como se sente quando estamos juntas?”.


Sarah gesticulou. “Bom. É bom.” Ela se levantou, andou até a janela e voltou. “Quero estar com você. Quero ir a um bar, apresenta-la aos meus amigos, dividir a batata frita como todo mundo, mas acho que não podemos fazer isso”. Os meus olhos já estavam enchendo-se de lágrimas nesse momento. “Quando estou com você, não ligo para mais ninguém”.

Como Tudo Aconteceu • ADP - SarietteOnde histórias criam vida. Descubra agora