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Eu não consegui mais falar com Sarah. Ela estava me evitando completamente. Eu não sabia mais o que fazer para falar com ela. Não atendia minhas ligações, nunca estava no apartamento – e se estava, ignorou completamente minhas batidas na porta. Em sala de aula, falava apenas o necessário e quando as aulas se encerravam, ela não ficava... Saía praticamente na carreira. Eu não sabia mais o que fazer. Eu estava meio desesperada.

Estava na casa do Gilberto... Íamos para o baile juntos. Eu tinha explicado a ele, que não tinha caso algum com a Marcela, que foi apenas um equivoco. Eu acabei contando a ele sobre o meu caso com Sarah. Ele ficou chocado, até fingiu um desmaio que me fez rir um pouco e esquecer da tristeza que sentia.

Ele tinha acabado de me maquiar. Eu estava pronta. Ele tinha cuidado de tudo em mim... Desde do cabelo até a maquiagem. Ele estava inclinado sobre mim, terminando de passar uma boa camada de batom em meus lábios, seus olhos estavam concentrados. Ele se afastou de mim e me analisou.

“Levanta. Anda até a porta e volta”. Mandou.

Eu ri. “Sério?” quando vi que sua expressão continuava séria, parei de rir. “Ok”.

Andei até a porta. Então, me virei, e fiz posse de modelo. Comecei a desfilar em seu quarto, arrancando risos de Gilberto. Parei na frente e mandei um beijo ao ar. “Então, como estou?” perguntei, rindo.

“Linda. A professorinha vai vê-la e vai querer tirar o seu vestido com o dente!” ele falou, sem vergonha.

Eu fiquei vermelha como o meu vestido. “Gilberto!” mas ele nem se importou, continuou rindo, ignorei-o e me voltei para o espelho, franzi o cenho. “Não me recordo de ter ficado tão decotado assim na loja” falei, referindo aos meus seios.

“Andou dando de mama, mona? Para uma professora em especial?” perguntou me zoando.

“Gilberto” gritei seu nome, peguei seu travesseiro e joguei nele. “Pare com isso, se soubesse que iria me zoar, eu não contaria nada”, falei, tentando diminuir aquele decote chamativo, sem sucesso.

“Relaxe, mona”. Gilberto riu, e ajeitou a sua gravata borboleta vermelha, diz ele que era pra combinar comigo, mas eu sabia que era para chamar atenção mesmo.

“Podemos ir?” perguntei.

“Não”.

“O baile já começou há uns dez minutos”.

Gilberto se sentou e cruzou as pernas, jogando o seu cabelo com lacre e falou. “Querida, vamos abalar nesse baile... E eu quero uma entrada triunfal. Então, sente-se... Quando der exatamente meia hora, vamos”.

Fiquei olhando para o Gilberto sem acreditar nisso. Então, percebendo que era sério. Me sentei contrariada. Eu estava ansiosa, queria ver Sarah... Como será que ela estaria? Provavelmente, bonita como sempre. Será que iria falar comigo? Será que sua raiva tinha passado? Será que íamos nos acertar? Oh, meu Deus, eram muitas perguntas sem respostas!

Quando finalmente as meia-horas passaram e eu quase comi minhas unhas de nervoso, o Gilberto decidiu ir para o baile. E como ele disse... Tivemos uma entrada triunfal, até porque éramos os únicos a chegar depois do baile começar. As pessoas nos olhavam e eu fiquei um pouco tímida por tanta atenção, ao contrário do Gilberto que estava adorando. Podia escutar os cochichos, certamente era por conta do meu decote extremo. Ou a cor do vestido... O DJ que tinha dado uma breve pausa na música, a soltou novamente e as pessoas começaram a dançar e se esqueceram de nós.

"Juliette Freire!” escutei a voz de Fátima atrás de mim. Gil soltou da minha mão, deu um beijo na bochecha da minha mãe e correu pra algum lugar, aquele covarde, enquanto eu, me virava pra olhar minha mãe.

Como Tudo Aconteceu • ADP - SarietteOnde histórias criam vida. Descubra agora