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Devon, Inglaterra. 2025.

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            Hoje é o dia de voltarmos para casa.

            Depois de três meses enfurnadas dentro de um chalé compartilhando momentos inesquecíveis, chegou a nossa hora de ir embora. Recebi uma mensagem de texto de Marshall confirmando que a barra está limpa, e que já podemos voltar para o nosso cotidiano cansativo. O New York Times está com o funcionamento a todo vapor, o exército implantado para guardar as casas das nossas mães, já foi dispensado, o que significa que tudo está normal novamente. Enfim, acabou!

            Nesse período em que passamos aqui, nos divertimos muito! Evan conseguiu a festa que tanto queria, pois eu e Suzy nos juntamos para organizar uma espécie de social com os amigos, chamando não só o trio-maravilha mas os seus "chegados" também. Por duas noites seguidas, esse chalé virou uma grande bagunça. A mais literal definição do ditado "a casa da mãe Joana". E quando todos se mandaram, passei horas e mais horas catando lixo, tirando manchas do carpete da sala, limpando as bebidas derramadas e respingadas por todo canto, restos de comida e bordas de pizza deixadas, copos descartáveis pendurados até nos galhos das árvores mais baixas e outros detalhes caóticos que foram largados para trás. Lavei a casa de cima a baixo, praticamente, e fiquei com a lição de nunca mais repetir a dose.

           Além dessas reuniões que não ocorreram só uma vez, pude intensificar o meu relacionamento com a Suzy, afinal, sozinhas pudemos nos conhecer ainda melhor e aprofundar o que já tínhamos. Nisso, nem preciso citar o quanto nos pegamos, saímos, nos divertimos e juramos lealdade em momentos que imploraram para que essas juras fossem feitas. Momentos boiolas registrados em mensagens, stories e várias Polaroids que acrescentamos ao mural. Jamais esqueceríamos dessas férias. Mas é hora de nos despedirmos delas. Passei o começo do ano inteiro reclamando dos meus deveres e do quanto eles faziam a minha cabeça explodir, pra agora, não ver a hora de voltar à ativa. Não suporto ficar parada, me sentindo uma vagabunda quando tenho um emprego digno de aclamação e não posso exercer por causa de uma ameaça terrorista. Mas agora, as coisas finalmente vão retornar ao seu devido lugar. Vamos voltar pra casa!
   
           Paradas em frente ao chalé, damos uma última olhada antes de colocarmos o resto das bagagens no porta-malas do táxi. O motorista está encostado no carro, mexendo em seu celular e esperando a nossa boa vontade de entrar. Reade, Joy e Evan não puderam se despedir pessoalmente por causa de seus trabalhos, mas nos passaram seus números de telefone e prometeram manter contato dessa vez.

            Esperamos um segundo, relembrando tudo o que pudemos vivenciar ali.

                         一Nem acredito que estou deixando esse lugar mais uma vez 一Sue murmura.

            A fito, respondendo:

                         一Nós vamos voltar algum dia.

                         一Lembro de ter dito isso pra mim mesma depois que os meus avós faleceram, e já fazem sete anos.

            A abraço de lado.

                         一Viu? Você voltou. Pode ter demorado um pouquinho, mas voltou. E muito bem acompanhada por sinal 一sorrio.

             A moça suspira, fazendo subir e descer os seus ombros. Continuo a fitando.

                         一Queria ter aproveitado mais.

                         一Ei, você é jovem! Nós somos. Temos uma vida inteira pela frente e incontáveis possibilidades ao nosso dispor. Podemos voltar aqui e reviver tudo o que vivemos nesses quatro meses.

Com amor, Emily - O fim é só o começo [2ª Temporada]Onde histórias criam vida. Descubra agora