What the Fuck is Going On?

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Manhattan, New York. 2025.

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        Domingo, meu dia de folga. Deitada de bruços sobre a cama, possuo um fone no ouvido com uma música no último volume, a cara enterrada no travesseiro e um cãozinho impaciente subindo e andando por cima das minhas costas. Pelo quarto, uma zona, constituída por garrafas de bebidas vazias, copos de whisky também vazios e bolinhas de papel por todo canto. Tinha tentado escrever uma carta, já que Suzy não respondia a nenhuma das minhas mensagens e nem sequer atendia o telefone. Tinha deixado dezenas de recados em sua caixa postal, infindáveis pedidos de desculpa, mas ela apenas os ignorou. Já faziam três dias desde o "beijo acidental", e por mais que eu dissesse para mim mesma que não precisava me sentir mal, não conseguia ter outro sentimento.

        No New York Times, a mesma rotina de investigação e imprensa pra lá e pra cá. Agora, o FBI entrou no caso. Nenhum sinal do Richard. Nenhuma mínima pista que indique seu paradeiro. Pelo o que ouvi, a polícia teria vasculhado Manhattan inteiro em busca de respostas, testemunhas, imagens de câmeras de segurança e um possível trajeto traçado por Richard no dia de seu desaparecimento. Boatos de que o carro dele tinha sido encontrado abandonado numa estrada principal com acesso direto à Newark, New Jersey. O que soou estranho já que, de acordo com o que se é sabido, Ollie não teria nenhum parente, amigo ou até mesmo conhecido nessa cidade. Porém, posteriormente fora descartada a descoberta, uma vez que o carro encontrado tinha uma placa diferente, e ao ser pesquisado, parecia ter sido roubado de outra pessoa. Era só um carro muito parecido. Tudo o que eu ouvia a respeito do caso, era por meio de fofocas e comentários feitos nos grupos da empresa. Faltei dois dias seguidos de trabalho por medo de encarar quem mais me arrancava os sentidos, então, me mantinha antenada através de mensagens e reportagens.

        Ao meu lado na cama, sobre uma mesinha, a única carta que consegui escrever ou um projeto dela. Já que Suzy não me dava uma oportunidade, eu a buscaria por conta própria, mesmo que tivesse de recorrer a moda antiga. Sempre me gabei por saber dominar as palavras, ter uma ótima desenvoltura e um ótimo vocabulário, mas com ela era como se nada fosse suficiente, então eu apenas apagava e reescrevia. Apagava e reescrevia. Apagava e reescrevia. Até desistir de continuar escrevendo.

             "Querida Suzy,

              Eu entendo que não queira falar comigo agora e gostaria que soubesse que não vou forçar. Ok que parece que já estou fazendo isso te escrevendo esta carta, talvez você tome um baita susto ao recebê-la, mas eu queria ter a chance de me explicar. Não foi intencional, eu não quis estragar o seu relacionamento ou te deixar numa retranca. Nunca! Você é uma mulher maravilhosa, cheia de bons ideais e eu sei que não vai se deixar abater por um deslize. Também estou confusa quanto ao ocorrido, não estava nos meus planos, mas não posso negar o quanto você mexe comigo.
       Desde o primeiro dia que te vi eu me sinto esquisita. Você me traz esse sentimento e eu não sei porquê. Tentei encontrar alguma resposta concreta, alguma coisa palpável que me explicasse o porque você me deixa assim, mas não encontrei. Isso está me enlouquecendo, Suzy! Queria poder te dizer o verdadeiro motivo, mas me acharia louca. Vamos conversar melhor, por favor. Vamos acabar com esse climão. Me ligue ou sei lá, estarei aguardando.

                              Com amor, Emily."

        Ergo a cabeça e um dos braços apenas para esticá-lo e pegar a carta, para então amassá-la como fiz com todas as outras e lançar aleatoriamente a bolinha feita. E sobre a cama, bem ao meu lado, outro rascunho largado:

Com amor, Emily - O fim é só o começo [2ª Temporada]Onde histórias criam vida. Descubra agora