True Grit

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Manhattan, New York. 2025.

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             10h25. Horário marcado por mim para encontrar o terrorista que viesse buscar os arquivos majestosamente falsificados. Combinamos um local público para não render suspeitas, em óbvias deduções, o Central Park. A praça não está tão movimentada quanto usualmente, mas possui um público bom o suficiente para testemunhar algo que queríamos transmitir como sendo uma cena comum, mas que seria, na realidade, um acerto de contas. 

              Já que não podia me acompanhar, Niall resolveu ficar à espreita em algum um buraquinho onde, certamente, não o avistariam. E para evitarmos qualquer tipo de flagra, não fomos juntos ao ponto de encontro, mas sim, separados. Assim, teríamos a chance de nos posicionarmos da forma que achássemos melhor, sem que alguém nos visse trocando uma ideia e desconfiasse. O rapaz também se prontificou a filmar o encontro para usar a nosso favor num momento oportuno e eu concordei. Pois se tratando das pessoas que estávamos lidando, não poderíamos dar mole ou arregar, tínhamos que estar sempre um passo à frente.

             Passados uns quarenta minutos de espera 一cujo fazem minhas mãos tremerem e minhas pernas bambearem一 avisto um homem suspeito cruzar a esquina e vir apressadamente em minha direção. O mesmo possui um cabelo longo amarrado em forma de um rabo-de-cavalo, um casaco de couro preto e uma barba por fazer. Não parece estar acompanhado de ninguém, o que eu seriamente duvido. Também não usa relógio e nem pulseiras, mas provavelmente está com uma escuta, ou seja, preciso soar o mais natural possível.

              Mantenho a minha postura, assistindo o homem chegar cada vez mais perto. O combinado seria entregá-lo os papéis e ir embora, não fazer perguntas e nem choramingar. Isso poderia atrair atenções e Clive fez questão de me ameaçar caso alguém sacasse tudo e chamasse a polícia. Preferi entrar no joguinho dele, me fazendo de vítima sofrida e sozinha. Dessa forma eu ganharia tempo para pôr o meu plano de resgate em prática, e se tudo corresse bem, finalmente teríamos paz.

               Ao enfim se aproximar, o cara nem se dá ao trabalho de se apresentar, estendendo a mão e pedindo pelos arquivos que escondo atrás de mim. Queria fazer jogo duro, desobedecer tudo o que combinei naquela ligação, mas decidi agir com consciência, o entregando os papéis e dando meia-volta para voltar pra casa. Porém antes, eu precisava realizar um dever importante.

                         一Como eles estão? 一pergunto, sentindo minha voz imediatamente embargar.

                         一Não posso dar informações.

                         一Como não? É a minha família!

                         一Por amor a eles, eu sugiro que abaixe o seu tom 一responde, frio.

                         一Por favor... 一meus olhos marejam.

                         一Obrigado pelos papéis. O Tony entrará em contato 一dá um sorrisinho psicopata, se virando para retomar o seu caminho.

              Praticamente me jogo em cima dele, o agarrando pelo pescoço e montando em suas costas feito uma criança. O homem rapidamente contorna a situação, me derrubando e me imobilizando num movimento profissional e sutil.

                          一Se fizer isso de novo, eu garanto que mando atirar na cabeça deles sem hesitação 一diz entredentes, largando o meu braço e voltando a caminhar como se nada tivesse acontecido.

               Me levanto do chão, acompanhando a imagem do esquisitão sumindo ao cruzar a avenida. Seco as lágrimas e não posso evitar de soltar um sorriso satisfeito, afinal, tinha acabado de largar o rastreador em seu bolso. Agora o resto é com o Niall.

Com amor, Emily - O fim é só o começo [2ª Temporada]Onde histórias criam vida. Descubra agora