XII - O engano

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Tanto o amavam que esperavam que o sábio do deserto fosse o recebedor da Luz. Entretanto, exceder a medida do amor àquilo que é natural do Meso suja a luz tanto dos que amam quanto dos que são amados.

Transbordando humildade e sabedoria, o sábio conteve a multidão:

— Meramente limpo luzeiros com água para que apareça sua verdadeira cor. Sou capaz de atuar sobre o recipiente, não sobre seu conteúdo. Entretanto, virá alguém capaz de limpar vossas luzes, de quem não chego sequer à altura dos pés. Apenas preparo o caminho para Sua vinda, porém a Verdade que Dele vem está destinada a ser semeada por outros, não por mim. Aquele que virá purificará as luzes dos merecedores com o Fogo, fazendo-as alvas novamente, como eram quando fostes concebidos no Meso. O mesmo Fogo separará o virtuoso do leviano, consumindo este ou purificando aquele. Resisti às tentações e as virtudes cobertas pela impureza serão reveladas.

Veio também o Portador da Luz para ser limpo, provando que não era o sábio quem trazia a Luz. Não havia o que limpar, e todos viram as próprias águas tornarem-se cristalinas. Então, abriu-se a passagem para o Akro, de onde saiu um facho de Luz que rodeava o Portador, e o Fogo desceu sobre Ele.

Ouvindo a respeito da sabedoria do sábio do deserto, o dragão de jade o chamou para que servisse como conselheiro. Sendo repreendido, porém, por seu governo impiedoso, o dragão mandou prender o sábio na masmorra.

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