Tendo vencido o dragão negro por três vezes, em virtude do Fogo, retornou para a terra dos guardiões. Voltou para ensinar primeiro aos Seus.
Os atos e palavras da Luz começaram a conquistar multidões de portadores. Certo dia, ensinando, usou o Livro da Regra para destacar a profecia: "O Fogo desceria do Akro sobre o Portador e o inspiraria quando se revelasse que Sua Luz era imaculada". Tal predição se havia cumprido.
Marcado pelo Fogo, seria exemplo e purificação para as luzes manchadas pelo dragão negro e suas tentações. Ademais, Seu brilho avultado pelo Fogo iluminaria os erros daqueles que dobravam a Regra em benefício próprio para que se emendassem. E servia a todo portador, anunciando os grandes acontecimentos que estavam por vir.
Naquela terra, porém, ninguém acreditava na purificação que podia operar, pois conheciam os guardiões do Portador. A proximidade reduzia a fé daqueles portadores. Não se deve duvidar da própria pátria, porém são os menos propensos a acreditar. Disse-lhes o Portador:
— Lembrai-vos de quando se fechou o Akro e começou o período de escassez. A salvação começou através de estrangeiros às Terras do Altar, pois os que ali estavam não mais acreditavam que do Akro viria auxílio. A fome veio porque os portadores se inclinam para a perdição na abundância. O jejum forçado voltaria vossos sentidos novamente para o Akro, porém, ainda assim, duvidastes.
Recomendou então a todos a busca das virtudes para que nunca se esquecessem da Regra aperfeiçoada, capaz de manter seus luzeiros mais brilhantes.
Encheram-se de ira aqueles que o ouviam pois achavam que o Portador se elevava à altura da Regra. Expulsaram-nO, então, da cidade dos guardiões e tentaram dar cabo dEle. Escapou, entretanto permanceceu na região.
Indo ao templo de outra cidade, encontrou um portador de luz negra. Para os outros, parecia somente uma luz fraca; para o Portador, porém, era uma luz forte, mas não da cor que se deseja ter. E a nova cor não seria removida por purificação com água, somente com o Fogo.
Tendo o portador de luz maligna reconhecido a verdadeira Luz, implorou para que fosse deixado em paz. Porém, o Portador usou o Fogo para expulsar a sombra do dragão negro e tornar a luz do outro branca novamente. Isso não aconteceu sem algum sofrimento do portador, entretanto não houve sequela.
Todos ao redor se impressionaram com o poder do Fogo do Portador e acreditaram na possibilidade da purificação. Toda a Nação da Regra, porém, precisaria do Fogo, mesmo que nem mesmo enxergassem que suas luzes não eram mais alvas. Ao serem restaurados, lutavam novamente contra a escuridão sem irarem-se com os semelhantes.
Deixou o templo e entrou na casa de um portador dos menos afortunados, Shim'on. Mais uma vez, dava exemplo para que cuidassem dos mais necessitados. Havia ali uma portadora de mais idade, definhando por ter servido somente suas próprias vontades. Vendo a fraqueza de sua luz, a Luz a alimentou, também livrando-a do egoísmo. Imediatamente, a portadora se levantou, cheia de vigor e começou a servi-los, bem como serviria a muitos outros depois.
Dia após dia, especialmente à noite, traziam-Lhe portadores de luzes fracas, de outras cores ou manchadas para que o Portador as restabelecesse. Todas as sombras do dragão negro que expulsava O reconheciam, porém as impedia que se revelasse toda a Verdade antes do tempo a todo portador.
Depois de muitas luzes purificar e restaurar, a Luz se retirou para que refletissem sobre Suas obras e as valorizassem. Colocou-Se em silêncio para mais uma vez dar exemplo aos outros portadores. Cada vez mais, os portadores que não aceitavam purificação se afastavam Dele enquanto os puros buscavam o Portador e não O deixavam partir. Sempre tinha de convencer os portadores para que a outros também pudesse purificar.
Dessa forma, uma vez mais, servia de exemplo para os outros portadores: deveriam sempre buscar os necessitados e, não, permanecer onde lhes fosse mais confortável. A busca pelo conforto leva somente aos vícios.
Onde quer que o Portador realizasse muitas purificações, multidões se juntavam em torno d'Ele. Estando próximo do Lago da Brisa, afastou-se dos outros nadando até uma das duas pequenas porções de terra no centro do lago. De lá, pescava as luzes dos portadores em terra com suas palavras. Ao proferir ensinamentos daquele local mostrava que é necessário sair da terra e buscar águas mais profundas.
Então, disse o Portador:
— Alimentadas vossas luzes, alimentai o que as contém. Lançai vossos anzois no Lago da Brisa.
Mesmo sabendo que de tal lago nunca saíra pescado, todos atenderam o pedido. Maravilhados com tamanha quantidade de peixes, mal conseguiam falar. Tiveram o suficiente para se alimentarem e para que comessem também suas famílias, ainda restando muito para ser compartilhado. Alguns entenderam que a Luz é capaz de criar vida onde antes não havia; outros, porém, continuariam seguindo-A apenas pelo alimento.
Dentre os que entenderam estava Shim'on, um portador que reconhecia a impureza de sua própria luz. Julgando-se indigno da pesca milagrosa, gritou ao Portador:
— Deixo os peixes pois não mereço tal bondade! Nada fiz pelos outros para tanto receber!
Para responder a Shim'on, o Portador nadou de volta para a margem do lago, tocou-lhe os ombros e disse:
— Estás certo: não mereces; ainda assim, quis dar-te os peixes. Se tens fome, come, se não, deixa-os. Depois, vem comigo.
Shim'on nada comeu e, largando seu material de pesca para trás, seguiu a Luz.
Ao chegarem em outra cidade, um portador de luz impura já esperava encontrar a Luz. Dirigiu-Lhe a palavra:
— Se quiseres, minha pequena luz pode voltar a ser alva.
— Quero — disse o Portador da Luz e imediatamente a luz do portador que o pediu ficou branca.
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Os Filhos da Luz
Spiritual[#1 na tag "anel" em 14/12/21] O Portador da Luz, descendente da Nação da Regra, deve impedir que o dragão roube a luz dos portadores no Meso, o que lhe daria o poder de reinar sobre tudo e todos para sempre. [#3 em "católico" em 22/10/21] [#5 em "s...