Cuidar da loja era uma grande responsabilidade, e eu fazia isso sozinha desde que meus pais se foram. Eu era responsável por tudo. Fazia as poções, ficava na loja, atendia as pessoas, entregava nas casas.
Era algo bem cansativo, na verdade, mas era dali que vinha meu sustento e seria difícil sacrificar as entregas, já que eu sabia que algumas vilas tinham lojas de poção iguais a minha ou até melhores, afinal, não são dirigidas por uma garota de dezessete anos que trabalha sozinha como uma condenada por não ter outra opção mais leve e fácil para poder se sustentar.
Suspirei, fechando o último frasco de poção e colocando na mala. Era uma Poção de Camomila Calmante. As pessoas costumam pedir isso quando alguma coisa está as preocupando em níveis muito altos.
O lado bom das entregas é que geralmente, faço-as nos vilarejos vizinhos e posso ir voando no meu cajado. Claro que eu não vôo muito alto, mas só de voar um pouco acima dos telhados das casas e das copas das árvores, eu já tenho uma vista mais incrível da paisagem.
O verde se estende até onde a vista alcança, terminando no pé das Montanhas Distantes, depois da capital. As águas do Rio Eri vêm das Montanhas Distantes, e são águas puras e cristalinas como uma jovem garotinha. Yuei é mesmo um reino belo, ainda mais em manhãs como a manhã de hoje, ensolarada e agradável.
Pousei no vilarejo onde faria as entregas de hoje. De casa em casa, fui entregando as poções, e deixei a Poção de Camomila Calmante por último.
Cheguei na casa de Inko Midoriya, uma mulher muito agradável que era bem amiga da minha mãe. Até hoje, Inko tem um grande carinho por mim.
Bati na porta.
— Senhora Midoriya? - chamei. - É a Ochako, das Poções Uraraka.
Inko abriu a porta e sua cara não era nada boa. Não conseguia dizer se era porque ela não estava dormindo há muitos dias ou se era porque ela estava chorando há muito tempo.
— Está tudo bem, senhora Midoriya? - perguntei um pouco indiscreta, sem querer. - Desculpa se eu estiver sendo invasiva. - pedi logo em seguida.
— Ah, não, minha querida, não tem problema. - balançou a cabeça e suspirou. - Quer entrar e comer um pouco? - ofereceu. Inko sabe que eu venho de longe, estando na maioria das vezes com fome, e sempre oferece comida.
— Eu aceito. - ri sem graça e ela me deu passagem para que eu entrasse.
Inko morava sozinha com o filho, Izuku, que havia saído de casa uns meses atrás para aprender a lutar e perseguir seu sonho de virar um Herói Lendário. Para isso, ele virou aprendiz de outro Herói Lendário, conhecido como All Might. A casa deles era bonita, arrumadinha e pequena. Bem confortável e prática.
Me sentei à mesa e Inko me serviu bolachinhas e leite. Foi a vez de Inko se sentar após isso.
— Izuku não manda nenhuma carta há mais de um mês. - ela fungou. - Ele sempre mandava toda semana e a última carta que ele mandou foi lá da Taverna Sapinho Fofo, fica para lá da capital, perto das Montanhas Distantes. - suspirou. - Ele disse que durante aquela semana, ele teria que seguir por uma estrada perigosa e cheia de bandidos traiçoeiros. - disse. - Meu garotinho pediu que eu o desejasse boa sorte... Mas ele não me mandou nenhuma carta depois disso. Estou preocupada com ele, Ochako... - murmurou.
— Por isso pediu a Camomila Calmante? - perguntei, triste por ela. - Ah, senhora Midoriya... - a abracei. Nesse momento, tive uma idéia. - Senhora Midoriya, eu posso ir atrás do Izuku pra você! - sugeri.
— O quê? Oh, não, Ochako! É muito perigoso, eu não que o pior aconteça...
— Mas senhora Midoriya, Izuku pode estar precisando de ajuda. All Might já não é mais tão jovem. - eu disse. - Eu não quero nem imaginar o quanto dói pra uma mãe não ter notícia alguma do filho. - eu disse. - Irei atrás do seu, e te trarei notícias!
— Está bem... - ela suspirou baixo. - Talvez seja melhor mesmo que alguém vá verificá-los... - murmurou. - Obrigada, Ochako. - Inko agradeceu.
— De nada! - sorri. - Eu que agradeço pelo lanche. Ah, e não exagera na poção, ela pode te fazer dormir por uma semana, vai depender de quanto você precisa se acalmar. - alertei.
— Pegue a última carta do Izuku. - Inko me deu o papel. - Talvez haja alguma informação útil. - sorriu fraco, cansada, mas esperançosa.
— Obrigada, senhora Midoriya. - agradeci. - Até mais! - acenei pra ela enquanto saía.
Saí da casa de Inko, montei no cajado e voltei pra minha vila. Coloquei um bilhete na porta da loja dizendo que eu estaria ausente pelos próximos dias e preparei uma bolsa com algumas poções que poderiam ser úteis.
Separei também uma muda de roupas e o que me restava de comida desse mês e quando eu saí, estava amanhecendo.
Enquanto eu estava voando, no entanto, o cajado começou a falhar e isso me obrigou a ir caminhando pela floresta.
O caminho seria longo e eu não podia me distrair por nada.
Mesmo assim, me distraí com o cantar de passarinhos e quando me dei conta, estava pendurada numa armadilha.
Continua...
Esse foi o primeiro capítulo de Fairytale! Espero que tenham gostado!
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Fairytale
FanfictionOchako é uma bruxa simples que cuida da lojinha de poções que herdou dos pais há pouco tempo. Como cresceu na região entregando poções e remédios naturais, conhece quase todo mundo nos vilarejos próximos. Certo dia, uma querida conhecida - Inko Mido...