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O bárbaro era extremamente hábil na cozinha, até mesmo melhor que eu, e aquilo me deixou um tanto quanto chocada.

O dragão tinha, na sela em suas costas, uma enorme caixa de madeira; aparentemente, era lá que Katsuki guardava seus bens materiais e algumas coisas que lhe poderiam ser úteis.

Na verdade, o bárbaro parecia extremamente bem organizado, o que era completamente fora daquilo que eu pensei que um bárbaro seria. Na minha cabeça, eles são baderneiros sujos e monstros inescrupulosos. Katsuki, apesar do mau temperamento que provavelmente é algo característico, parecia bem higiênico. Antes que eu cortasse os legumes, ele até mesmo mandou que eu fosse procurar água para lavar as mãos.

Além disso, Katsuki ainda temperou o frango e colocou para cozinhar. Em um determinado momento, enquanto eu cuidava dos legumes, ele começou a sacudir a panela do frango, tampada. Eu fiquei o encarando, um pouco desconcertada.

— Eu estou desfiando o frango. - ele resmungou.

Eu não respondi, apenas voltei a minha atenção aos legumes.

Os legumes ficando moles, virei-os na panela onde Katsuki havia desfiado o frango (o método dele havia funcionado!) e Katsuki cozinhou tudo junto mais um tempo.

Feito isso, ele pegou duas tigelas.

— Eu só tenho uma colher. - anunciou e me entregou.

— Uma só? E como você vai comer? - perguntei.

Com a concha, ele se serviu e começou a beber a sopa da tigela, me respondendo e ignorando ao mesmo tempo.

Eu fiquei surpresa e peguei um pãozinho na minha mochila. Era um pão duro, então estava bom pra tomar com a sopa. Parti o pão e fui molhando enquanto tomava. Vi Katsuki me olhando.

— Quer? - ofereci, partindo o pão e extendendo a mão com um pedaço pra ele.

— Eu aceito. - pegou, e molhou o pão na sopa.

Eu sorri. Kirishima soltou um arzinho pelo nariz.

— Você também quer? - sorri, oferencendo mais um pedaço.

O dragão colocou a língua de fora, salivando.

— Esse aí come até pedra se for convencido de que é algo comestível. - Katsuki negou com a cabeça e revirou os olhos.

Eu ri e joguei o pão pra ele, que pareceu até sorrir depois de engolir. Ri um pouco mais. Que fofo!

— Vai comer mais, Cara de Bolacha? - o bárbaro perguntou.

— Uh, não. - fiz careta, por conta do apelido. - A comida estava muito boa. - sorri.

— Claro que estava, eu quem fiz. - retrucou, colocando mais sopa para si.

— Desumilde. - neguei com a cabeça. Que convencido!

— É a verdade, garota. - ele disse, tomando a sopa. - Eu sou ótimo na cozinha. - completou, indiferente.

Eu ri, ainda negando com a cabeça.

— Agradeço a sopa. Acho que começamos com o pé esquerdo, né? - perguntei.

— Você tem que começar a olhar por onde anda, Bolachinha. - disse, sério e prestando atenção só em sua tigela de sopa. - Vai acabar virando o jantar de ursos se não for mais atenta no que está ao seu redor.

— Você... Acha? - perguntei meio chateada. - Eu não sou tão sem noção assim...

— Você definitivamente é. - ele disse, seguro, depois ele tomou um bom gole da sopa. - Você é sem noção e burra, para piorar tudo. - ele se levantou e alongou as costas.

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