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Após cuidarmos dos machucados da bruxa, o abestalhado loiro nos mostrou o resto do templo das amazonas.

O príncipe tosco ficou com a tal da rainha e ela parecia fazer muitas perguntas a ele, não que eu me interessasse.

Olhei para Ochako e mais uma vez lembrei daquela garota loira apontando uma faca pro seu pescoço. Eu estava com tanta raiva e medo que mal conseguia pensar. Nessas horas, eu tinha que andar com meu machado em mãos. Poderia tê-lo usado para defender a Bolachinha.

Suspirei. Tudo havia passado e ela estava bem. Estava conversando com uma outra amazona, mas... Só dava pra saber que a garota estava lá porque as roupas que ela usava estavam flutuando. Provavelmente fora amaldiçoada.

- Ei, Katsu-bro. - Kiri me chamou. - O que foi tudo aquilo com a Ocha? - perguntou.

- Tudo aquilo o quê?

- Você sabe muito bem do que eu tô falando. - disse e cruzou os braços. - Na taberna, você falou imediatamente que queria dormir no mesmo quarto que ela, ficou com cara de bravo quando ela aceitou o convite do príncipe pra dançar, e hoje, depois que os bandidos fugiram, você até derrubou o Shouto quando correu até ela e a abraçou, literalmente, a abraçou! Você odeia abraços, Katsuki. - lembrou. - Sem contar que você carregou ela no seu ombro o caminho todo até aqui. - listou.

- Eu empuraria o bastardinho de merda por você também, Lagartixa, não fica com ciúme, não. - resmunguei.

- Katsuki, fala sério! - ele me encarou.

- Se você não calar a merda da boca... - comecei.

- Admita! Você quer ter filhos com ela! - exclamou, de forma discreta.

- Ah, qual é! Quer dizer, eu tenho atração por ela? Claro. Meu dia é melhor quando estou com ela? É, sim. Ela me entende melhor do que todo o resto desse reino tirando você? Indubitavelmente. Eu pensei sobre as tradições de casamentos bárbaros desde que a conheci? Pensei sim, mas só duas vezes. Eu quero dividir meu pouco de tudo, o tempo todo, com ela? Totalmente. Mas se você acha que eu quero ficar com ela e ter filhos com ela, a resposta é não! Não precisa se preocupar. - eu disse, e cruzei os braços.

Kirishima suspirou.

- Katsuki, você fede à hormônios de acasalamento desde que a Ochako deu um jeito de tirar a gente da cadeia. - ele disse. - Você pode contar pra mim, eu prometo que não vou contar pra ninguém. Somos praticamente irmãos, não somos? - perguntou, chateado, e eu assenti.

- Somos. - suspirei e respirei fundo. - Mesmo que eu queira ficar com ela e ter filhos com ela, o que eu não quero, não é como se ela fosse querer isso também. E que tipo de vida que eu, um bárbaro, pode dar pra alguém como ela? - questionei. - Ela pode ter qualquer tipo de dificuldade, mas Kiri, eu não ia sacrificar a vida dela numa vila onde ela tem um teto sobre sua cabeça ou eu iria sacrificar a liberdade que eu tenho de ser quem eu sou vivendo por aí só por causa de um desejo besta. Eu posso ser desrespeitoso, bravo e teimoso, mas se tem uma coisa que eu não sou é egoísta. Seria pedir demais pra ela viver da mesma forma que a gente e seria demais pra mim ter que sacrificar os costumes do meu povo por causa de uma pessoa só. - eu disse. - Sem contar que ela vive batendo com pedaços de madeira na minha cabeça, e eu acho que isso se enquadra como um relacionamento abusivo.

- Katsuki, você irrita a bichinha até dizer chega, e eu te conheço, sei muito bem que você faz isso de propósito. - ele me encarou sério. - Mas... É... Vendo por esse lado do choque de cultura... - Kiri murmurou.

- É.

Nós dois suspiramos.

Esse mundo não é ideal para um bárbaro, muito menos se esse bárbaro se apaixona por uma garota, seja ela uma bárbara ou não.

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