Capítulo 15

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Eles se sentam em uma poltrona.

-Bom, é...Thiago- ela coloca a mão encima do joelho dele- Mas e aí? O quê que o Gabriel fez dessa vez? Se eu puder fazer qualquer coisa...

-Ah...-ele passa a mão no rosto, desconfortável.

-Pra livrar ele. Me desculpa. Ele só faz besteira, mas ele tem um bom coração.

-Não. Magina. Não, é que...ele entrou num terreno que...era...era do governo sabe? Não podia entrar e aí tem algumas filma...

-Quando isso? Ontem à noite?

-Não. Ontem à noite não, não. Faz alguns dias. A gente só viu agora as filmagens, mas a gente queria saber exatamente isso, porque tá se metendo...

-Ai meu Deus Gabriel- a mulher passa a mão no rosto, estressada.

-Não, não. Relaxa minha querida- Thiago fala tentando acalmá-la e ela suspira- Minha querida, não se preocupe, não se preocupe, que...

-O que o...o que eu posso fazer pra...- ela sobe a mão pelo joelho dele, até chegar na sua coxa- O que eu preciso fazer pra livrar hein?

-Então...não...-ele fala meio desconcertado- Minha querida, a gente não precisa fazer nada disso. A única coisa que eu queria saber, tipo, uma coisa séria, justamente pra né...ajudar o seu filho. Porque aqui a gente tá fazendo tudo obviamente pelo...pelo bem. Porque é pra ajudar sua família, você...uma mulher linda como você...

-Mas...ele tá em custódia? Vocês prenderam o meu filho?

-Não, não. Ó...minha querida. Se acalme, se acalme, se acalme- ele toca no rosto dela com uma das mãos- Se acalme, se acalme.

-Para...-ela dá uma risadinha e bate na mão dele- Eu tenho marido. Eu tenho marido. Para.

Durante esse tempo de flerte desconfortável entre os dois, Elizabeth e Daniel estavam no andar de cima.

Elizabeth estava esperando no corredor, perto da escada, quando Daniel apareceu.

Ele não questionou, pois estava completamente ciente dos planos dela.

Haviam vários corredores e muitas portas iguais, mas uma em específico se destacava.

Ela tinha um adesivo grande, escrito: "NÃO ENTRE" com a fonte da banda Metallica, colado em sua superfície.

-Acho que ele tem um bom gosto- Daniel fala admirando o adesivo- Vamo entrar?

Elizabeth concorda e empurra a maçaneta para baixo e a porta abre.

Lá dentro, eles têm a visão de um quarto de adolescente, que claramente é fã de séries de detetive.

As paredes estavam repletas de pôsteres com as séries de Sherlock Holmes e de todas de C.S.I. existentes.

Em uma estante, haviam vários livros sobre Sherlock Holmes e outros detetives e alguns mangás.

O quarto estava impecavelmente limpo e arrumado, com exceção de uma mesa grande que ficava na parede contrária da cama.

Sobre ela tinha dois monitores, um teclado e um mouse gamers. O que restava de espaço estava coberto com diversos papéis, cadernos, xícaras e pratos.

O garoto provavelmente pedia para que a empregada não encostasse ali.

O jovem Gabriel parecia empenhado em ser um detetive de verdade pois, preso na parede, encima do computador, estava um quadro clichê, do tipo visto em investigações de séries de detetive. Ele estava repleto de diversos alfinetes, que prendiam fotos e documentos e fios vermelhos que ligavam uns aos outros.

-Primeira coisa-Elizabeth fala- Daniel, esse menino deve tá em grande problema agora- ela fica alguns segundos em silêncio- Lembra quando a gente ligou pra ele e ele falou que tá ocupado?

-Uhum.

-É...

-Eu não acho que ele esteja em problema, na verdade eu acho que ele pode até ajudar a gente.

-Hm...-ela parece considerar essa opção- É o que a gente vai descobrir- ela caminha na direção do quadro, começando a analisa-lo.

Ela encara todos aqueles fios e papéis, que se conectam de alguma forma com os que estão espalhados pela mesa.

São todas anotações feitas à mão, e todas elas têm alguma coisa relacionado à escola Nostradamus. Até mesmo as fotos. Algumas eram de salas de aula de turmas diferentes, outras eram imagens de postagens de redes sociais.

A maior parte parecia muito relevante, mas três fotos se destacavam entre as outras.

Eram as fotos de três meninas, cada uma em um lugar diferente no quadro, mas com um xis vermelho riscado encima dos rostos.

Aparentemente, Gabriel estava analisando a vida das três meninas. Cada foto estava conectada à vários fios vermelhos, que ligavam em lugares, em tweets, conversas e postagens. Todas datavam do ano anterior.

Na parte direita do quadro, algo estranho chamava a atenção: a maioria dos fios daquele lado estavam soltos, assim como pedaços de papéis rasgados, e restos ainda grudados nos alfinetes, como se alguém tivesse arrancado metade das informações.

Elizabeth se aproxima um pouco mais e percebe que nas fotos das meninas tinha seus nomes.

A primeira era Julia Correa, uma menina de olhos e cabelos castanhos. A segunda era Fernanda Pinto, uma ruiva de olhos castanhos. E a terceira se chamava Evelyn Orlando, morena como a primeira, mas com olhos verdes. Liz anota cada um dos nomes em seu caderninho.

A foto de Fernanda Pinto é a única conectada à outra, de um professor virado para o quadro negro.

No quadro, está escrito "Bom Dia!" e "História", em letra cursiva, juntamente de um desenho do planeta Terra.

O professor tem a pele morena e cabelo raspado. É possível ver a fina haste de um óculos, pendurado na sua orelha.

Ele usa um moletom amarelo e uma calça preta, e segura um apagador com uma mão e um giz branco com a outra.

Há três cabeças na parte mais abaixo da foto, o que sugere que foi tirada por alguém no fundo da sala.

Em azul, em diferentes pontos da foto, está escrito com a letra do Gabriel: "Professor Alexsander", "Demitido?", "• desaparecido?", "rua augusto liberdade Nº 35 ap. 42"

-Hm...Demitido...Desaparecido...Rua Augusto...Ei, ei, ei, ei ei- Elizabeth fala chamando a atenção de Daniel- A gente tem um endereço. Hm...

Ligado à essas duas fotos tem a screenshot de um tweet, onde Fernanda Pinto menciona ter ficado de recuperação em história.

Havia outra informação no quadro, ligada à foto da menina, que dizia: "Dia do Desaparecimento" e embaixo "30 de novembro de 2019". Essa data era a mesma que estava ligada com a de Evelyn Orlando.

Nas anotações do Gabriel, o desaparecimento de Julia Correa estava marcado como "20 de março de 2019"

Analisando com mais atenção os papéis sobre a mesa, Liz e Daniel coneguem ver vários desenhos com referência à jogos, que pareciam destoantes do resto das informações. Isto confirmava a falta de organização do rapaz.

Elizabeth está folheando todos os papéis e encontra uma foto rasgada ao meio, onde só tem o Gabriel. Próximo à metade, onde o rasgo foi feito, tem dois pequenos traços vermelhos, em diagonal, que lembram a metade de um xis.

Daniel que estava observando do seu lado, fala:

-Quê que tu acha? Ele brigou com alguém?

-Ou...ele perdeu alguém.

-Hm...Ok. Bem observado.

-Será que alguma das meninas desaparecidas tinha alguma relação com ele?

-Não sei. Eu acho que a nossa próxima resposta tá nesse endereço aqui da...da imagem do professor.

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