Capítulo 15 - Anjo.

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Jughead

Como ela podia me ajudar depois de tudo o que lhe disse? Depois de tudo o que eu a fiz sofrer?

Eu sabia que fazia isso pelos meus pais, mas mesmo assim não entendia como podia cuidar de mim com tanto carinho e doçura.

Céus, até mesmo comida na boca ela me deu.

Estava surpreso e admirado com sua atitude. Eu tive que passar pelo pior para ver que o que meus pais diziam sobre ela era verdade. Elizabeth era simplesmente pura e boa. Um verdadeiro anjo, enquanto eu não passava de um monstro.

Por que eu só fui capaz de ver isso agora? Quando eu já tinha perdido todas as chances de tê-la de novo?

Talvez tenha sido mais fácil odiá-la do que ver a verdade. Do que lutar pelo amor que sentia. Lutar por ela. Ao invés disso, coloquei toda a culpa em cima dela, quando o único culpado sempre fui eu.

Elizabeth devia ter me deixado morrer. Esse sim era o melhor caminho. Para mim e para todos. Eu não ia fazer falta para ninguém.

Do que adiantava continuar vivo?

Olhei no criado mudo e encontrei o que precisava. Ignorei o relaxamento que o remédio me dava e tentei pegar o copo que ficava ao lado da jarra de água. Sentia como se agulhas estivessem sendo enfiadas na minha mão com esse simples movimento. Mesmo assim insisti. Respirei fundo e com muito esforço derrubei a jarra inteira no chão. Arrumei toda a força que tinha e me arrastei até a beirada da cama. Estiquei meu braço até o chão e peguei um caco de vidro. Meu corpo inteiro queimava de dor, assim como meu braço e minha mão que tremia. Agarrei com tanta força o pedaço de vidro que acabei me cortando.

Caralho! Tudo doía demais!

Senti meus olhos lagrimejarem e meu coração bater acelerado. Suor escorria pelo meu rosto, tamanho foi meu esforço. Ergui a mão com o caco de vidro e o pressionei com o máximo de força que conseguia no meu pulso.

— Jughead! O que está fazendo? — ouvi a voz assombrada de Elizabeth soar no cômodo. Tentei não me importar com isso e continuei a pressionar o pedaço de vidro na minha pele, mas eu quase não tinha força e antes que continuasse, ela puxou minha mão.

— Para com isso! — olhei para ela e decidi seguir por outro caminho e gritei. O intuito era fazer minha garganta sangrar e morrer engasgado. Mas ela foi mais rápida tampando minha boca.

— Para, Jughead! — pediu desesperada e segurou firme suas mãos na minha boca me impedindo de continuar. Seus olhos estavam úmidos. Com algumas lágrimas já escorrendo pelo seu lindo rosto.

— Por favor, não faz isso — implorou chorando, me acalmei o suficiente para que ela parasse de tapar minha boca.

— Oh! Você se machucou... — sussurrou consternada olhando para o sangue na minha mão. Correu até o banheiro voltando com uma toalha úmida limpando o corte, sem parar de chorar. Viu seu boçal. De novo você a fez chorar. Mas Elizabeth não deveria se importar se eu estava vivo ou não. Ela devia me odiar. Muito mais do que eu mesmo me odiava.

— Não faça nenhuma loucura, está me ouvindo? — repreendeu séria se levantando novamente. Assenti não querendo preocupá-la ainda mais.

Ela saiu do quarto e voltou rapidamente. Nas suas mãos estava a caixinha de curativos que tinha usado antes no meu rosto. Sentou na cama e cuidou do machucado em minha mão. Quando terminou me fitou severamente.

— Por que você fez isso? — eu abaixei minha cabeça envergonhado. Porque eu não tenho pelo o que viver. Pensei. Senti seu dedo no meu queixo erguendo minha cabeça.

Última Chance - BugheadOnde histórias criam vida. Descubra agora