Capítulo 8 - Mudança.

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Elizabeth

Depois que "terminamos", Jughead e eu nunca mais trocamos uma só palavra. Gladys estranhou e chegou a questionar o que tinha acontecido e se Jughead havia feito alguma coisa. Eu neguei e expliquei que não tínhamos o que conversar, que éramos muito diferentes para continuarmos amigos. Ela pareceu não acreditar, mas aceitou o que eu disse e não me questionou mais.

Jughead andava todo empolgado com a notícia de que havia passado em Oxford e em Cambridge. Ele e o pai já faziam todos os planos para sua viagem no fim do semestre. FP alugou um belo apartamento para o filho perto da Universidade de Cambridge, a escolhida por Jughead.

Os meus pesadelos se tornaram mais frequentes e agora eu sonhava com Jughead também. Por mais que eu quisesse negar, às vezes, eu me pegava observando ele na escola. Andava tão feliz e animado. Pelo jeito, o fim do nosso caso não o afetou nem um pouco. Vivia rodeado de garotas e eu morria de ciúmes quando via ele se agarrando com alguma vadia na escola. Ficava imaginando quem podia ser a tal garota pela qual ele me trocou.

Mas o que eu achava? Que ele ia se apaixonar por mim e ficaríamos juntos?

Jughead tinha razão, eu era ridícula.

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Enquanto eu ia para o terceiro ano, Jughead preparava suas coisas para se mudar para a Inglaterra.

Aproveitei um dia que ele havia saído com seus amigos idiotas e invadi seu quarto. Muitos dos seus pertences pessoais já estavam embalados. Sentei na cama e acariciei a colcha.

Fechei os olhos e respirei fundo. Segurando para não chorar. Tudo o que mais queria era dizer que estava feliz por finalmente me livrar dele, mas não, eu me sentia incompleta. Como se parte de mim estivesse indo embora junto com ele. Só esperava que com essa distância pudesse finalmente esquecer ele para sempre, mesmo que no momento isso parecesse impossível.

Deitei na cama, e dois livros que estavam no criado mudo chamaram minha atenção. Estiquei o braço e peguei o que estava por cima, era Hamlet.

Ele realmente tinha lido.

Pensei conforme folheava o livro. Nele estavam marcadas várias partes, inclusive a que havia declamado há alguns meses no meu quarto.

Senti meu coração apertar com a lembrança. Larguei o livro sobre o criado e peguei o outro. Para minha surpresa era um livro com poemas de grandes escritores, Shakespeare, Goethe, E.E. Cummings, Da Vinci, T. S. Elliot, Russel e claro, Lord Byron. Um autor perfeito para alguém narcisista e egoísta como Jughead se identificar.

Abri o livro na página que estava marcada e me deparei justamente com um poema de Byron, era o Canto 4 do livro,  “A peregrinação de Childe Harold: um romântico”. Meus olhos seguiram direto para a parte marcada com caneta amarela.

Os espinhos que me feriram foram produzidos pelo arbusto que plantei, – eles me despedaçaram, – e eu sangro:
Eu deveria saber que fruto nasceria a partir de tal semente.

Franzi meu cenho confusa.

Por que Jughead teria marcado esta parte? Quem o havia machucado?

Logo, um pensamento incoerente veio a minha mente.

Poderia ter sido eu? Eu seria o arbusto que ele plantou?

Balancei a cabeça pela idiotice que havia cogitado. Já estava imaginando coisas. Afinal, quem me machucou foi ele, eu nem cheguei a me vingar. Devia ser outra coisa. Talvez a tal garota por quem ele me trocou o tivesse magoado.

Última Chance - BugheadOnde histórias criam vida. Descubra agora