Capítulo 19 ‐ Trabalho.

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Jughead

Estava novamente parado em frente a empresa que um dia foi de minha família.

Quem diria que um dia eu voltaria aqui para trabalhar como um simples auxiliar administrativo?

Tinha certeza que podia tomar tudo isso de volta, só que ainda não era a hora certa, por enquanto iria trabalhar e observar o tal John. Apesar de agora acreditar que o testamento pudesse ser verdadeiro, ainda ficaria de olho nele.

Se fizesse alguma besteira na empresa ou descobrisse que ele tinha falsificado o testamento e aquele bilhete, assim que retomasse minha fortuna minha primeira atitude seria demiti-lo e colocá-lo na cadeia.

Entrei no saguão e conforme passava pelos corredores percebia olhares curiosos a minha volta e ouvi os mesmos cochichos que na segunda-feira, "ele voltou?", "achei que tinha perdido tudo", "quero só ver esse playboy trabalhando duro", "adoraria ver alguém o humilhando como fazia conosco".

Abaixei a cabeça sentindo-me novamente um lixo diante daquelas palavras.

Trabalhar ali seria mais difícil do que imaginava.

Pensei conforme ia até a presidência.

- Boa tarde. O senhor Carter está? - a secretária que antes era do meu pai me olhou com descaso.

- Um momento, vou verificar - respondeu seca pegando o telefone. - O senhor Jones deseja vê-lo. Sim, senhor - ela me olhou.

- Pode entrar - assenti e entrei na sala que antes pertencia ao meu pai.

Foi impossível não me sentir mal ao estar aqui sem ele. Não era a primeira vez que vinha aqui desde sua morte, mas o sentimento era o mesmo. Tristeza e arrependimento por não ter sido o filho que ele merecia.

- Jughead! - a voz de John me puxou de volta a realidade.

Ele tinha um sorriso amigável no rosto. Esse era um dos motivos pelo qual eu tinha que ficar de olho nele. Era simpático demais comigo. Precisava tomar cuidado.

- Tudo bem? - perguntou quando percebeu que não me mexi.

- Sim, desculpe-me - respondi me aproximando e estendendo a mão em um cumprimento.

- Imagino que esta sala lhe traga muitas lembranças - assenti silenciosamente. Ele indicou a cadeira e nos sentamos.

- Mas não é por isso que vim - falei a fim de por um ponto final ao assunto.

- Ah, sim. Hoje é seu primeiro dia. Está animado? - fiz uma careta e ele riu. - Estou vendo que não muito. Tenho certeza que vai gostar, você tem um grande futuro aqui.

- Então poderia me dar um cargo melhor - pleiteie.

- Infelizmente, não. Você precisa começar de baixo para aprender como essa empresa funciona e se der tudo certo, logo será promovido. Tenha a certeza que não será beneficiado por ser filho de FP. Só irá crescer aqui dentro se fizer sua parte.

- Ok - limitei a responder. - Onde começo?

- O seu supervisor já está chegando. É um rapaz muito esforçado e um dos nossos melhores contadores. Irá lhe auxiliar no que for preciso e lhe mostrar o que deve fazer. Ele recentemente foi promovido ao cargo de gerência - continuou falando maravilhas do tal supervisor, contudo o que me chamou atenção foi outro detalhe.

- Rapaz? Não me diga que vou ter que trabalhar para alguém mais novo do que eu? - perguntei indignado.

- Na realidade, ele tem a sua idade, mas já trabalha conosco há 6 anos e conhece a parte administrativa e contábil como ninguém. É o melhor para lhe ensinar. Algum problema com isso? - questionou arqueando a sobrancelha. Bufei exasperado.

Última Chance - BugheadOnde histórias criam vida. Descubra agora