Capítulo 2 - Aposta.

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Elizabeth

Morávamos em uma cidade de médio porte no Estado de Connecticut, chamada New Haven. Era um lugar bem movimentado e que se destacava graças aos seus ótimos programas culturais. Na maioria das vezes como palco a Universidade de Yale, o orgulho da cidade e meu maior sonho.

Jughead tinha dezessete e eu acabado de completar dezesseis. Estudávamos na mesma escola, mas sequer
conversávamos. Na verdade, eu não conversava com ninguém daquele lugar. Antes de chegar ao colégio eu tinha muitos amigos, só que isso mudou quando souberam que eu era adotada e não a filha legítima dos Sprouse, que todos invejavam.

Descobri que só tinha interesseiros ao meu redor, e desde então, era isso que pensava de qualquer um que se aproximava de mim.

Conforme os anos passaram eu me tornei uma reclusa que não se encaixava em nenhum grupo. Todos ali só se importavam com imagem e quanto você tinha na sua conta bancária. Era o ambiente perfeito para alguém como Jughead, rico, lindo e narcisista.

Ele era tudo o que eu deveria abominar em um homem. Entretanto não era assim que me sentia. Apesar dos conselhos de minha mãe e seu modo rude e grosseiro. Eu me desmanchava com seus lindos olhos azuis e cabelo castanho liso.

Aliás, tudo nele me atraía. Sua voz. Seu corpo. Seu sorriso. Ele era absolutamente lindo e meu coração praticamente saltava do peito quando o via. Infelizmente suas palavras sempre vinham carregadas de ofensas e desdém. Jughead sempre me odiou por usufruir dos mesmos benefícios que ele sem merecer. Balancei a cabeça. Não adiantava nada pensar nisso agora.

Guardei a carta da minha mãe e olhei o relógio. Passava das sete e a luz já entrava pelas frestas da janela. Deitei e fiquei encarando o teto, sem a mínima vontade de sair da minha cama e enfrentar mais um dia. O despertador no meu celular tocou e respirei fundo, tomando coragem para levantar. Esse era um ritual que seguia todas as manhãs. Levantei e fui até meu banheiro me preparar para o dia que viria pela frente.

Eu vivia como se fosse filha dos Jones. Tinha um quarto enorme e todo decorado. Eles nunca me deixaram faltar nada e me sentia em dívida por tudo o que faziam por mim, principalmente por todo amor e carinho. Era uma pena que eu não conseguisse retribuir da forma que mereciam.

Tomei meu banho, enrolei a toalha no corpo e parei em frente ao espelho encarando meus olhos verdes. Eu não era feia, até chamava atenção de alguns garotos na escola. Então, por que ele não me olhava? Fechei os olhos fortemente e mais uma vez a resposta que já conhecia veio a tona.

Porque ele te odeia, Betty!

Sacudi a cabeça e tentei expulsar esses pensamentos inúteis. Isso não me levaria a lugar nenhum. Assim que me aprontei desci as escadas. À mesa já estavam Gladys e FP.

— Bom dia — cumprimentei os dois com um beijo.

— Bom dia, meu bem — Gladys me cumprimentou alegre.

Seus olhos azul-claros brilhavam. Seu belo cabelo castanho estava preso em um coque. Era uma mulher muito bonita e elegante. Já FP, tinha o cabelo castanho escuro e lembrava muito o ator Pierce Brosnan. Quando era criança eu raramente chegava perto dele, mas conforme os anos foram passando, fomos nos aproximando, e agora nos dávamos muito bem.

— Bom dia, filha — ele sempre me chamava de filha. Mesmo assim eu me negava a chamá-los de pai e mãe. Ainda que eles significassem isso para mim.

— Dormiu bem, amor? — Gladys perguntou.

Assenti sorrindo.

— Sim, apesar do nervoso pela prova de álgebra — comentei pegando uma panqueca e passando geleia.

Última Chance - BugheadOnde histórias criam vida. Descubra agora