Elizabeth
O último mês tinha sido o pior da minha vida. Fiquei completamente sem chão ao saber da morte de meus pais. Mesmo que Jughead dissesse que eles não eram, era assim que eu me sentia e eu tinha certeza que eles também me amavam como uma filha. Ainda lembrava claramente as palavras rudes dele no enterro e como elas me machucaram. Se ele já me odiava antes, depois que soube do testamento devia me odiar ainda mais.
Aliás, o testamento ainda era algo que ficava rodando na minha mente sem explicação. FP e Jughead tinham suas diferenças, entretanto isso não era o bastante para ele deixar o filho sem nada. Mesmo após um mês ainda não conseguia ver sentido no pedido de meu pai.
Quando John leu o testamento fiquei chocada e minha vontade no mesmo instante era passar tudo para o nome de Jughead, mas o advogado disse que não era possível. Pensei até em ficar com tudo e arrumar uma maneira de devolver ao verdadeiro herdeiro. Só que tudo mudou quando John me entregou uma carta de FP endereçada diretamente a mim. Era um curto recado escrito a mão, onde pedia que confiasse nele e passasse todos os bens para o nome de John.
Com dor no coração li diversas vezes seu pedido, suas últimas palavras. Senti a saudade querendo me afogar e apesar de não entender o porquê de sua atitude realizaria seu último desejo. Meu pai sempre fora um homem justo e como pediu, eu ia confiar nele. Além do mais, John era o braço direito de FP na empresa, tanto que também estava no testamento como herdeiro minoritário.
Lembrei que em uma de nossas conversas meu pai me disse que confiaria a vida àquele homem se fosse preciso, e se ele confiava, eu também confiaria. John aproveitou a oportunidade e entregou a escritura do apartamento que meus pais haviam me dado. FP faria isso, mas não teve tempo. Minha garganta apertou ao perceber que mesmo longe eles cuidavam de mim, que me amavam.
Apesar de ter sido da vontade de meu pai e estar aliviada por não ter que ficar com uma fortuna que não era minha, ainda me preocupava sobre o que aconteceria com Jughead. Perguntei a John e ele garantiu que ia lhe oferecer um emprego na empresa e que se ele se desse bem teria a chance de ser promovido e crescer na companhia. Talvez fosse essa a intenção de nosso pai, forçá-lo a amadurecer de uma forma ou de outra. Só esperava que ele aceitasse e não fosse arrogante, recusando a oferta por achar que não estaria a sua altura. Balancei a cabeça.
Como eu ainda poderia me preocupar com ele?
Jughead com certeza nem se importaria comigo se fosse o contrário. Podia apostar que estava na casa de algum dos seus amigos milionários, procurando um advogado para entrar com uma ação e anular o testamento do pai.
Bufei deitando a cabeça no travesseiro. Eu não tinha que ficar pensando em Jughead e sim em mim. Olhei para o lado da cama e vi James apagado enquanto eu passava mais uma noite em claro. Ultimamente estava impossível dormir.
Sentei na cama e liguei o abajur. Felizmente James tinha o sonho bem pesado e nunca percebia qualquer movimento meu. Abri a gaveta do meu criado mudo e peguei o livro de poemas que foi de Jughead. Sempre que eu abria aquele livro e lia um poema, minha alma se acalmava, como se as palavras falassem diretamente comigo.
Abri em uma página qualquer e notei que havia um poema de E.E. Cummings marcado com caneta, possivelmente por Jughead, me acomodei e comecei a ler, procurando algum alívio para minha dor.
Carrego seu coração comigo
Eu o carrego no meu coração
Nunca estou sem ele
Onde quer que vá, você vai comigo
E o que quer que faça
Eu faço por você
Não temo meu destino
Você é meu destino minha querida
Eu não quero o mundo por mais belo que seja
Você é meu mundo, minha verdade.
Eis o grande segredo que ninguém sabe.
Aqui está a raiz da raiz
O broto do broto e o céu do céu
De uma árvore chamada vida
Que cresce mais que a alma pode esperar ou a mente pode esconder
E esse é o pródigo que mantém as estrelas á distancia
Eu carrego seu coração comigo
Eu o carrego no meu coração.
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Última Chance - Bughead
RomanceRico, lindo e popular o jovem Jughead Jones não mede esforços para se divertir e conseguir o que deseja. No seu caminho está Betty Cooper, uma garota ingênua e doce que após a morte dos pais foi adotada pela família Jones e se tornou o objeto de ira...