Capítulo 16 - Amizade.

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Jughead

Minha recuperação foi lenta. Nas duas primeiras semanas, Elizabeth ficou o tempo todo comigo, mas como era de se esperar, uma hora teve que voltar ao trabalho. Para que não ficasse sozinho na sua ausência, ela contratou um enfermeiro que ficava comigo enquanto trabalhava. Além disso, tinha um fisioterapeuta e um fonoaudiólogo que vinham três vezes por semana.

Meu rosto ainda exibia alguns machucados, mas segundo o médico, eu não teria qualquer sequela e logo estariam cicatrizados, assim como os ferimentos no corpo, mãos, pernas e braços.

Eu comecei a andar ainda com certa dificuldade no começo da terceira semana. Para falar foi mais complicado. Minha garganta queimava quando tentava dizer qualquer coisa. A primeira palavra que eu tentei pronunciar foi Elizabeth, só que infelizmente não consegui, por isso, desde então só achamava de Betts. Do mesmo modo como quando éramos adolescentes. Pensei que ela fosse me recriminar por isso, mas não, Elizabeth pareceu ter gostado, já que abriu um sorriso emocionado ao me ouvir falar pela primeira vez depois de tanto tempo.

Quando minha garganta cicatrizou e eu já conseguia falar sem tanto esforço e dor, contei a Elizabeth sobre o que tinha ocorrido após a morte de nossos pais, e como todos haviam virado as costas para mim. Aproveitei e questionei porque ela havia deixado o dinheiro com o advogado. Ela explicou que nosso pai deixou um bilhete fazendo tal pedido.

Aquilo me deixou ainda mais pasmo.

Por que meu pai teria feito isso?

Para mim só podia ser armação de John, mesmo Elizabeth garantindo que nosso pai confiava nele, eu ainda não acreditava nisso. Precisava ver o que faria em relação aquele ladrão que se denominava advogado.

Elizabeth perguntou o que faria agora e expliquei que por enquanto não ia pensar nisso e iria me focar na minha recuperação para depois ver o que ia fazer da minha vida. Ela concordou e disse que poderia ficar no apartamento o tempo que eu quisesse. Alegando que ele também era meu, já que foram nossos pais que compraram. Elizabeth era sem duvidas a pessoa mais incrível que conheci e nunca parava de me surpreender.

Ao final do segundo mês eu já estava praticamente recuperado, porém isso não significava muita coisa, pois tudo o que eu passei não doía tanto quanto ver Elizabeth e James juntos. Eles sempre estavam rindo ou se divertindo e toda vez que ele a abraçava eu sentia como se estivesse levando um soco no estômago, muito mais forte do que aqueles moleques me deram, mas o pior era ver como ela estava feliz ao seu lado. Esse seria o meu castigo por tudo o que fiz.

Levantei da cama sem muita vontade e fui até meu banheiro. Tomei um banho rápido e me olhei no espelho. Por sorte não havia ficado nenhuma cicatriz dos machucados que sofri, passei a mão pela minha cabeça. Meu cabelo já estava praticamente do mesmo tamanho antes de tudo acontecer. Mesmo que estivesse bem curto depois que saí do hospital, decidi há um mês e meio passar máquina zero e raspar completamente. Era como se com essa atitude eu pudesse apagar o velho Jughead e renascer como alguém melhor, começando do zero.

Terminei de me arrumar e segui para a cozinha. Do corredor já podia ouvir o som doce da sua risada, quando me aproximei mais, vi James abraçando Elizabeth e sussurrando algo no seu ouvido enquanto ela fazia algo no fogão. Respirei fundo a fim de me segurar e não desmoronar diante da cena.

— Bom dia — murmurei baixo. Minha voz ainda soava fraca, mas já parecia bem melhor com o tratamento que fazia.

Elizabeth deu um pulo e se afastou rapidamente de James.

— Bom dia, Elizabeth! — cumprimentou alegre. Ela era sempre assim, doce e gentil. Nunca falava de modo rude comigo, mesmo que fosse esse o tratamento que eu merecesse.

Última Chance - BugheadOnde histórias criam vida. Descubra agora