31° Melissa

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Ele... Ele...- ela estava em choque, na real até eu estava, nunca vi o Pedro assim.

Vocês não fazem bem um para o outro.- falo enquanto arrumo as coisas dela.

Eu amo ele.- neguei.

Quem ama confia, quem ama não faz o que você está fazendo, poxa vocês voltaram faz uma semana e já está assim.- fechei a mala dela.- amanhã vamos procurar um psicólogo, psiquiatra se pa até um padre.

Eu não sou louca Mel.- ela limpa as lágrimas.

Tem certeza? Tu jogou um vaso no cara, você socava ele na adolescência por ciúme e hoje só não bate porque nem eu e nem os meninos não deixa.- ela respira fundo.

Eu amo ele.- ela repete.

Esse relacionamento é tóxico Marina, vocês não ficam nem cinco minutos sem brigar, você está afastando todo mundo do Pedro, você está afastando os meninos e me afastando.- ela me encara e volta a chorar.

Mas ele é meu.- foi nesse momento que eu tive certeza que ela era doente.

Tu não pode por meu irmão em um potinho, ele não é um objeto Marina, ele é um ser humano, ele tem uma vida, ele tem amigos, ele tem uma favela pra se preocupar.- ela limpa as lágrimas de novo.

Mas, eu não consigo e nem quero viver sem ele.- respirei fundo, pedi paciência pra Deus.

Então se trata, finge que ele não existe enquanto você faz o tratamento, aí depois vocês sentam e conversam.- ela me olha.

Não tenho onde ficar, ele não me quer na favela.- peguei a mala dela.

Tu vai ficar lá em casa, ele não pode mandar na minha casa.- saímos do quarto.- vou levar ela lá pra casa, só avisa ele tá.

Ele vai ficar puto contigo.- Douglas me segue pela casa, pequei a chave do carro do Pedro.

Manda ele vim resolver comigo se pa.- coloquei as malas dela no porta malas e fui pra casa, vou negar não, estou com o cu na mão.

Já pensou o Pedro fica puto comigo por deixar ela morar aqui, até minha mãe e meu pai chegar ele já pois fogo na casa comigo e com a Marina junto.

Arrumei o quarto pra ela, tomei um banho e assisti um filme até dormi finalmente.

Acordo com uma fome da peste, faço minha higiene e desço para a cozinha, Marina está fazendo café, dou bom dia e ela responde cabisbaixa.

Eu marquei minha primeira sessão, daqui duas horas- ela fala adoçando o café.

Muito bem, acho que isso já é um grande passo.- escuto o Pedro me chamando na porta de casa e saio pra falar com ele, meu cu trincado estava e trincado ficou.

Que porra ela tá fazendo aqui?- ele fala puto, minhas mãos começam a soar frio.

Murilo me olha da moto e me cumprimenta dando uma piscadela.

Tu não acha que eu ia deixar ela ficar na rua.- ele suspira.

Ela já não é mais da família.- tá esse Pedro eu não conheço.- não tem porque ajudá-la.

Mas continua sendo um ser humano, continua sendo cria daqui, você mais do que ninguém sabe que jamais se recusa ajuda pra morador.- falo nervosa.

Ela é diferente.- eu ri irônica.

Não é mesmo, ela nasceu aqui Menor, tu faz o que tu quiser mas ela daqui não sai.- ele suspira.

Depois a gente conversa, tu ainda vai usar o carro? - ele olha pra porta de casa e Marina tá chorando, provavelmente ouviu tudo.

Vou, vou confirmar umas coisas aí, falar com o Dado ver se ele me empresta o sítio.- ele me encara.

Pra que exatamente?- Murilo me olha curioso.

Se tudo der certo você vai saber.- eu sorri maliciosa.

Tem macho no meio certeza.- ele deu um meio sorriso.

Quando eu voltar da pista, eu passo na boca.- ele beija minha testa e sai, Murilo manda beijo e vai atrás.

Ele já não liga mais pra mim.- ela se joga no sofá.

Sabe o amor que eu mais admiro?- ela me encara.- com certeza é o próprio, antes de você amar ele, tenta se amar primeiro.

Eu me amo!- ela fala meia chateada.

Vocês namoraram uma semana, você perdeu todo o brilho que tinha quando chegou, pra mim isso não é se amar.- ela suspira.- vai se arrumar, eu te levo lá e vou fazer meus corres.

Ela sai, e eu tomo um puta café da manhã, troco de roupa e levo ela no consultório, mano de Deus que Dr gato, eu dava com certeza dava.

Minha tarde foi bem louca, pedi pro tio Dado o sítio dele que fica no interior, contei meus planos pra ele, minha mãe implorou pra tomar cuidado.

Fui numa gráfica e mandei fazer filipetas pra minha festa, busquei a Marina e fui pra saída da faculdade, comecei a entregar, pedia pra confirmar presença pelo whats.

Fiquei entregando as filipetas com a Marina e a Eliza, conversamos uma cota e depois fui pra biblioteca de lá pegar o "meu dinheiro" com o cara que me ajuda aqui.

E aí?- ele me beija no rosto.

Oi Vitin, cadê meu cash?- ele ri e me entrega.- mês bom em? - ele concorda.

Vendi mais da pura, então próxima vez traz mais 100%.- concordei.- ah e aí no meio tu vai ver que uns dólares.- encarei ele.

Aproveita que tá alto.- nós rimos, olhei pro lado e Eliza estava conversando com a Marina.- quem é a amiguinha?- ele olha malicioso.

Buxixo Vitin, nem vira mina do meu irmão.- ele olha pra Marina da cabeça aos pés.

Moiado então.- concordei.

Aí vai ter festa no sítio.- ele olha pra filipeta.

Festa da Firma?- eu ri.

Shhhh.- a bibliotecária chama nossa atenção.

Ta, distribui isso aí, quantas você quer?- ele tira uma foto e posta no status, Vitor era um dos famosos da faculdade, cursava Engenharia e ficamos na minha segunda semana.

Pedi a ajuda dele pra vender as paradinhas aqui, ele por ser bom aluno e ter carinha de sonso quem pensaria que trafica?

Me dá mais umas 100 ai vai.- entreguei pra ele.

Depois da festa a gente acerta os valores.- ele ri.- ah e avisa geral que vai ter três vans pra quem não tiver carona.

Festa do ano?- concordei.

Levantar a firma né.- dei um beijo no rosto dele.- bora Marina ?

Vamos.- ela sorri gentil pra Eliza.

Te vejo sábado amiga.- abracei ela, fui pra favela e deixei a Marina em casa e já parti pra boca.

Melissa (Livro 2) |Pausada|Onde histórias criam vida. Descubra agora