53° Melissa

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Acordo com uma puta dor de cabeça, olho para os lados e ainda estou no chão, porém em um lugar diferente agora, na minha frente Eliza me encarando, meu corpo dói e minha boca está com gosto de ferro, me ajeito como da e fico encarando ela.

- Sabe o que eu não entendi?- pergunto me sentindo incomodada com a garota me encarando.

- O que?

- A Patrícia disse que de alguma forma, nós machucamos vocês, tá eu estou noiva do ex dela, meu padrasto é ex da minha sogra, meus irmãos mataram o pai do 2P, mas e você?- ela sorri.

- Eu era a namorada da Alexia.- eu me engasgo com a minha própria saliva.

- É o que?- ela se levanta e me da água.

- Depois que seu padrasto  fez o favor de expulsar ela da favela, ela foi morar do lado de casa, eu acabei me apaixonando.- ela sai de perto e põe a água na cadeira.

- Mas o que não faz sentido é Alexia nunca ter mencionado seu nome para ninguém, ninguém sabe de você Eliza, todas as histórias que eu já ouvi sobre a Alexia, nenhuma tinha mulher no meio, ela sempre ficava com homens.- ela me da um tapa na cara.

- MENTIRA, NÓS NOS AMAVÁMOS E O MALDITO DO SEU PADRASTO ME TIROU ELA.- eu ri.

- A mina dava mais que chuchu na cerca, nunca falou de você, ela te usou e você aí achando que está na disney.- ela vem para cima de mim e a porta atrás dela se abre.

- Hora de trocar o turno.- o tal 2P encara nós duas, ele até que é bonito, grandão, alto e forte, o sorri e bonito, não tanto quanto do meu noivo, mas é bonito.

- Eu ainda mato essa vadia.- ela fala saindo.

- VOU FICAR ESPERANDO ILUDIDA.- eu provoco e 2P segura ela.

- Você sabe como provocar a mulherada aqui.- ele se aproxima com um pano e começa a me limpar.

- Elas são loucas, uma pior que a outra, são todas iguais, até os chifres.- ele ri junto comigo.

- Você não tem jeito.- ele se levanta acende um baseado e começa fumar me olhando.

- E então, qual é o plano?- tento tirar o cabelo do rosto.

- Te torturar na frente deles, matar o Dado e te matar em seguida.- eu ri.

- Se tivessem matado meu pai eu faria a mesma coisa.- ele levanta e chega perto.- porém faria sozinha.

- Por que?- ele pergunta tirando meus cabelos do rosto.

- Por que uma das suas aliadas é maluca por quem matou seu pai, acha mesmo que ela vai deixar você matar ele?

- Eu mato ela também.- ele fala como se tivesse falando de coisas inúteis.

- Mesmo assim, eu não arriscaria meu plano perfeito.- ele volta e senta na cadeira.

- Por que você roubou o marido da mina?- ele cruza os braços.- você é tão linda, poderia ter  cara que você quisesse.

- Eu?- dei risada e abaixei a cabeça.- eu não roubei ninguém, eu e o Murilo nos pertencemos, nem que passasse mil anos, eu ainda seria dele e ele seria meu, é desde criança, ele sempre cuidou de mim, me ensinou quase tudo que eu sei, sempre me protegeu de tudo e todos, ele na frente dos outros é o MR do olhar frio, mas quando estamos só nós dois ele é o meu Murilo, ele ri, ele brinca, me faz cócegas, quando tem pesadelos comigo ele chora, ele é diferente, eu vejo o amor dele por mim e é por isso que eu nunca quis outro cara.

- Que lindo.- Patrícia entra batendo palma, ela estava chorando.- é tão perfeito o amor de vocês, pena que não é para sempre.

- Com certeza é, até porque se eu morrer aqui e você conseguir sair viva dessa, ter a sorte de ficar com ele de novo, toda vez que você beijar ele você vais saber que ele está pensando em mim, toda vez que vocês fizeram amor, ele vai estar pensando em mim, sabe por que? Porque, ELE ME AMA.- eu ri e ela começa a socar minha cara.

Minha visão vai ficando turva, escuto gritos mas não sei de onde vem e nem de que são, minha visão escurece, beleza lá vamos nós de novo.

(Pedro)   

- MAS QUE MERDA!- eu grito chutando a cadeira.

- Liga para o JJ, diz que eles não estão aqui e para ficar de olhos nos celulares.- Dado manda e Leandro sai.

- É claro que eles não estariam aqui, ele puxou a esperteza do pai.- Douglas fala eu ajeito meu fuzil.

- E eu puxei a inteligência do meu.- saí de lá e fui direto para a casa dos pais da Patrícia.

- Vamos lá, a filha de vocês pegou uma das pessoas mais importantes para mim, cooperem e vocês ficam vivos.- falei levando eles para o carro, deixei eles em uma casinha distante da favela.- Preciso da velha guarda de novo.- todos me encaram.- Preciso da mina e o filho do 2P.

- Que merda você vai fazer Pedro?- minha mãe me encara.

- Olho por olho, eles pegaram a Melissa e eu vou pegar todos que eles amam.- respiro fundo.- Leandro quero a mãe da Eliza.

- Mas e a Geovana, o que você vai fazer com ela?- Biel me encara.

- Vou falar com o Murilo.- minha mãe fala e sai.

Um video chega no nosso celular, Melissa apanhando já desacordada, Patrícia descontrolada e Eliza também.

- A gente precisa agir, eles vão matar minha filha.- meu pai se desespera.

- Calma Breno, nós vamos trazer ela, o mais rápido tu vai ver.- Alemão tenta confortar.

Eles saem em busca do povo, meu celular toca de novo.

(Ligação)

- Gostou do vídeo?

- Vamos fazer assim? tu solta ela e vocês quatro saem vivos, podem até mudar de país.

- Jamais faria isso, vocês vão sofrer. 

- PELO AMOR DE DEUS DESLIGA ISSO E VEM AQUI PATRÍCIA ELA NÃO ACORDA CARALHO.-

(Ligação)

Meu coração aperta e me falta o ar, olho no relógio duas e cinquenta da manhã, tia Lara e Laisa chegam e tentam acalmar minha mãe, Murilo me liga e fala que amanhã ele chega, o advogado conseguiu adiantar as coisas por lá, está tudo um caos.

 Eu fico sem saber o que fazer ninguém mais me liga ou manda mensagem, vídeo ou qualquer coisa que prove que a melissa ainda está viva a família de todos eles estão na maldita casa longe daqui, os filhos do Murilo dormem no quarto e sinceramente sinto que vou desmoronar.

Eu saio de dentro de casa, sento na calçada e começo a chorar ali mesmo, sinto alguém me abraçando, eu conheço esse abraço, conheço esse cheiro, eu reconheceria entre milhões de pessoas por que ela é a minha calmaria.

- Oi.- olho para ela, Marina está linda abraço ela forte.- calma meu amor, eu estou aqui, sei o que está acontecendo, eu vim te ajudar.

- Eu... eu não sei o que fazer,- começo a soluçar.- eu nem sei se ela esta viva.

- Ei, pensamento positivo, é claro que ela está bem.- ela segura meu rosto com suas mãos macias e delicadas igual quando nós éramos adolescentes.- vamos lá, nós confiamos em você.

Ela se levanta, me estende a mão, eu pego em suas mãos, ela me da um beijo, cochicha que estava com saudade, seca minhas lágrimas e me puxa para dentro.

- Marina?- minha mãe nos encara.

- Oi sogra.- Marina sorri meia tímida.

- Vamos começar a guerra.- falo e já começo a agir, e repetir para mim mesmo que Melissa esta viva e que ela precisa de mim. 

Melissa (Livro 2) |Pausada|Onde histórias criam vida. Descubra agora