55º Murilo

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- Acompanhantes de paciente Melissa..-antes dele falar o sobrenome já estávamos todos olhando para ele.- bom a paciente chegou com um quadro bem crítico, ela teve algumas fraturas nas costelas, perna e braço esquerdo, que podem terem sido devido a sequência de chutes, sem contar nos diversos hematomas pelo corpo, grau de desidratação grave, conseguimos retirar o projétil .- ele fala encarando cada um de nós.

- Então ela vai ficar bem doutor?- torrada pergunta.

- Sim ela ficara bem,- todos sorriram com o alívio.- porém,- todos o encaram de novo.- nós não conseguimos salvar o bebê.- minhas pernas perdem a força.

- Bebê?- tia Lara aperta minha mão.

- Sim a paciente estava grávida no início da sétima semana.- eu saio de perto deles, preciso respirar, ela estava esperando um filho meu, um bebê meu e da Melissa, eu chuto o carro na minha frente, pego o carro e vou para casa.

O cheiro dela está impregnado em cada canto desse lugar, era para ela estar aqui comigo, era para vivermos aqui, eu, ela, o Miguel e o nosso filho, era para o Rodrigo ainda ter mãe, era para tudo ser diferente, era para eu ainda ter mãe, meu Deus.

Entro no banheiro, lembro perfeitamente dela tomando banho e reclamando do tamanho do cabelo, ameaçando de cortar e eu dizendo que terminaria com ela se ela fizesse isso, imagino ela de barriga grande, reclamando do quão pesada estaria e fazendo manha só para ajudar ela no banho.

Me olho no espelho estou sujo, sujo do sangue dela, tiro a roupa e jogo no lixo, embaixo do chuveiro eu desabo de novo, eu não lembro do exato momento em que eu fiquei tão dependente dela, na verdade eu não me lembro de quando nossa vida virou assim de ponta cabeça.

Saio do chuveiro e tia Lara e tia Laisa estão lá, elas não falam nada, arrumam a casa e fazem o jantar, vou para o quarto do Miguel e vejo como ela pensou em tudo, no berço do Rodrigo, na caminha do Miguel, de todas as coisas que eles gostam, fotos de nós quatro pelo quarto, no nosso quarto uma cama enorme, lençóis e fronhas de seda.

No closet tudo separado por cores, lembro da empolgação dela para ela me ver em um terno, a empolgação dela para me mostra a casa e jeito que ela se preocupava se a mobília iria me agradar, olho para uma prateleira e tinha uma caixa preta, um papel em cima escrito 'Para usar com o Murilo', eu ri e abri.

Uma lingerie branca, um envelope e um perfume, sorri imaginando ela ali dentro, coloquei tudo de volta na caixa e fui para quarto, deitei e fiquei pensando em tudo o que tinha acontecido no dia.

- Tu não vai jantar?- tia Lara para na porta.

- Estou sem fome tia, valeu.- virei de costas para ela.

- Ela vai precisar de você, e tu precisa estar forte para ajudar ela.- suspirei.

- Eu sei.- ela senta na ponta da cama.

- Então come nem que seja um pouquinho, sem contar que tem mais duas pessoinhas que precisam de você.- sentei de frente para ela.

- E onde eles estão?- ela levanta.

- Estão com a Dandara, eles ficaram na casa do Pedro.

- Você teve notícias dela?- perguntei me levantando também.

- Ela está bem, eles disseram que quando ela acordar eles ligariam avisando.- ela me puxa para fora do quarto.

Eu jantei e ajudei elas a terminarem de arrumar a casa, eu precisava me distrair, queria que tudo estivesse no devido lugar para que quando ela chegasse, ela se sentisse em casa e não surtasse com a bagunça, depois de horas limpando e arrumando tudo tia Lara e tia Laisa foram dormir, eu deitei fiz uma vídeo chamada para ver os meninos e dormi também.

(...)

Acordo cedo, várias mensagens no grupo, Melissa finalmente acordou, tomo meu banho, troco de roupa e vou para o hospital.

- E aí mano.- Samuka aperta minha mão.

- Como ela está?

- Bem, já brigou com geral.- nós rimos.

-Já falaram sobre o bebê.- minha garganta fecha.

- Não, nós preferimos, que você estivesse com ela, pedimos para o doutor falar quando você chegasse.- concordei.

-E como vai fazer em relação ao sequestro polícia e essas coisas todas?

- Relaxa, já demos o recado para o doutor, nada de polícia, entra lá vou chamar o engomadinho.- aperto a mão dele de novo e vou para o quarto da Mel.

- Oi.- olho para ela com faixas no corpo e ela me da um sorriso lindo.

- Não queria que me visse assim.- beijo a testa dela.

- Assim como?- me faço de desentendido.- você está linda.

- Pareço uma múmia, cheia de faixas.- eu ri.

- Para vai, eu na prisão estava pior.- ela faz carinho na minha mão.

- E o Billy?

- Ele está no seu antigo apartamento, vai ficar por lá, tenho alguns planos para ele.

- E eu tenho planos para nós.- ela sorri e o doutor entra.

- Bom dia senhorita.- o doutor da um meio sorriso.

- Bom dia, vou sair daqui quando?- Melissa sempre odiou hospital, pelo visto nada mudou.

- Vai sair em breve, porém preciso conversar com vocês sobre, certos cuidados e sobre suas fraturas.- ela me olha apreensiva.

- Vamos lá então.- ela suspira e se ajeita na cama.

- Melissa além do projetil que retiramos do seu abdômen, nós colocamos essa " gaiola" na sua perna devido a fratura, engessamos seu braço também por fratura causada por sequencias de chutes ou socos.

- Foram chutes.- ela responde com os olhos cheios de lágrimas.

- Nós fizemos de tudo para deixar vocês bem, mas infelizmente só conseguimos salvar você.- ela me olha e depois olha para o doutor.

- Vocês? Como só conseguiu me salvar, você está dizendo que...- o coração dela dispara e a maldita maquina apita cada vez mais rápido.- eu não... eu...- ela para e me olha.

- Você estava grávida Melissa de sete semanas, foram um conjunto de coisas que causaram o aborto, eu sinto muito.- Melissa chorava baixinho, eu olho para o doutor e ele sai.

- Desculpa, desculpa, desculpa.- ela repete me olhando e chorando.- eu não sabia, não fazia nem ideia, eu me foquei tanto em tirar você e o Billy de lá que não percebi que nosso filho estava aqui.

- Amor calma, a culpa não foi sua, não precisa pedir desculpas, eu te dou quantos filhos você quiser.- subo na cama e deito do lado dela, fico fazendo carinho até ela pegar no sono.

- E aí?- chuck chega enquanto pego café.

- Ela vai ficar bem.- ele suspira e passa as mãos no rosto.

- Olha Murilo, eu nem deveria te falar isso, mas eu vu pedir para ela voltar para o Rio comigo, já vi que a Melissa aqui é totalmente vulnerável, ela no Rio é uma pessoa totalmente diferente, vou transferir a faculdade dela para lá.- eu ri.

- Ela não vai, 2P levou ela porque eu estava preso, eu nunca deixaria ninguém encostar nela.- ele me encara.

- Ela está mais segura lá Murilo, tenta entender.

- Vamos deixar ela resolver.- pego meu café e volto para o quarto.

Melissa (Livro 2) |Pausada|Onde histórias criam vida. Descubra agora