57° Melissa

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- Bom dia.- abro os olhos e Murilo me entrega uma bandeja.

- Bom dia,- pego a bandeja.- que horas são?

- Oito e meia.- ele ri.

- Por que tão cedo?- suspirei.

- Vamos para a casa do Pedro.- encaro ele.

- Fazer o que?- mordo um pedaço de croissant, isso é realmente bom.

- Nós vamos conversar com eles sobre umas mudanças que vai ter.

- Mudanças? Mas que mudanças?- ele tira a camisa e põe uma bermuda.

- Você vai entender.- ele espera eu terminar de comer e me leva para o banheiro, me ajuda no banho, eu escovo es dentes e ele arruma meu cabelo.

- Isso é um saco.- ele ri.

- Só para você, eu estou amando brincar de boneca.- eu ri.

- Aff, tu não sabe como é chato ficar engessada.- ele termina e por o short em mim.

- Tu não lembra, mas eu fique quase um mês com gesso no braço.- ele ri prende meu sutiã.

- Por que?- encaro ele.

- Caí da casa da dona Cida, fui atrás de pipa.- eu ri.

- Você e meu irmão deram muito trabalho, pelo amor de Deus.- ele trás a cadeira de rodas.

- Que nada, eu sempre fui um anjo.- eu gargalhei.

- Não me faça rir, ainda dói.- ele ri e para na cozinha.

- Toma seus remédios para irmos logo.- tomei os remédios e fomos para  a favela.

Assim que desci várias pessoas me olharam, esqueci que era sábado e esqueci que teria pagode hoje os pais da Patrícia vieram para perto, ficaram meio receosos, olhando e eu via os olhos da mãe dela cheios de lágrimas.

- Foi...- ela limpa os olhos.- foi ela que fez isso?- a mãe dela olha minha perna.

- Foi.- Murilo responde por mim.- não só a perna, mas os braços e a costela também.- a mulher chorava na minha frente.

- Não foi só ela,- eu tento amenizar.- tinha mais uma, Eliza, eu achava que era minha amiga, enfim não foi só a Patrícia.

- Eu não sei o que dizer.- a mulher se desculpa com os olhos.

- Eu sei o que dizer, quem vai trazer minha filha de volta, quem vai trazer ela na hora que  filho dela trazer para casa a primeira atividade de dia das mães?- meus olhos se enchem.

- Deixa ela Carlos, ela foi a vitima.- Pedro fala atrás de mim.

- VITIMA? ESSA MENINA ENTROU NA VIDA DA MINHA FILHA SÓ PRA ACABAR COM A NOSSA PAZ.- ele grita e eu me assusto.

- EU NÃO VOU DEIXAR TU FALAR ASSIM COM A MINHA MULHER NÃO, SUA FILHA ERA DESCONTROLADA, ELA FEZ ISSO, MELISSA SOFREU PRA CARALHO, EU OUVI E VI VIDEOS DA SUA FILHA BATENDO NELA,ELA PERDEU MEU FILHO PORRA, E VOCÊ SÓ ESTÁ ASSIM PORQUE NÃO VAI RECEBER MAIS DINHEIRO FÁCIL.- Murilo grita o pagode para.

- Calma Murilo.- eu peço segurando na mão dele.

- Olha,- Murilo suspira.- do mesmo jeito que vocês perderam a filha de vocês, eu perdi minha mãe, elas estavam juntas nessa, ambas queriam usar a Melissa para ferir eu os outros, a Melissa que sofreu o que era para o Pedro, Dado e eu sofrer, então venha aqui falando que a errada é ela.

- Eu sinto muito menina, sinto mesmo.- a mãe dela me encara.

- Arruma a bolsa do RD, ele vai embora com a gente hoje.- eles encaram o Murilo.

- Mas ele é o nosso neto.- o velho só me encara.

- Não eu não quero tomar o lugar da sua filha na vida dele, ele vai saber que tinha uma mãe, vai saber que ela o amava.- eu respiro fundo.

- Ele vai embora com o PAI dele, quando vocês quiserem ver o garoto eu levo vocês lá em casa ou então a gente traz ele aqui.- Murilo  completa.

- Tudo bem.- eles falam e saem.

- Já fala para os moleques ficarem de olho neles, quero uns de confiança na entrada.- Murilo manda e uns vapor sai.

- Vamos lá para casa o Dado ainda está aí.- eu encaro o Pedro.

- A mãe foi embora com os outros.- concordei e nós fomos para a casa do Pedro, quando chegamos até levei um susto, tio Dado com a boca cortada, olho roxo ele estava bem estragado.

- Qual foi tio, o que aconteceu?- Murilo pergunta preocupado.

- Nada demais,- ele levanta e vem até onde eu estou.- e aí gatinha, está melhor?

- Estou.- passei a mão pelo rosto dele.- o que aconteceu tio?- ele sorri.

- Só me desentendi com seu pai.- suspirei.- relaxa ele ainda continua bonitão.- eu sorri fraco.

- Por culpa minha não é?- ele nega.

- Nada do que aconteceu foi culpa sua.- ele levanta e faz uma cara feia por conta da dor eu acho.

- Vamos começar então?- Pedro fala.

- Falta o Douglas.- Leandro fala e esperamos o Douglas.

- Já é, cheguei.- Douglas fala ofegante.

- Está atrasado moleque.- tio Dado adverte e ele sorri.

- Poxa foi mal, estava jogando bola, fiquei sem plantão hoje.- ele para quando olha pro tio.- que porra é essa pai?

- Nada demais, senta aí.- Douglas senta contrariado.

- Bom,- Murilo levanta.- quando eu assumi a Melissa para todo mundo eu tomei uma decisão, eu decidi que sairia da favela e cuidaria daqui de fora, para proteger ela.- todos encaram ele sem falar nada.

- Então ele veio falar comigo,- tio Dado completa.- armamos um plano e saiu exatamente do jeito em que planejamos.

- E depois de tudo o que aconteceu com a Mel, eu tive mais certeza de que é isso que eu vou fazer.- Leandro levanta puto.

- Então é isso, tu vai sair par ficar numa boa, desfrutar de tudo o que essa vida te deu e nós vamos ficar na linha de fogo?

- Senta aí moleque, abaixa sua voz.- tio Dado aumenta a voz e Leandro senta puto.

- Eu não vou deixar ninguém na linha de fogo man...- Murilo tenta se explicar mas Doug não deixa.

- Como não tu disse que vai vazar daqui e...

- Ele vai proteger nossa irmã, olha para ela cara, tu jura que tu quer ver sua irmã assim?- Pedro corta o Douglas .

- DEIXA O CARA FALAR PORRA.- tio Dado grita e eu me assusto.

- Então eu vou ser a ponte entre a favela e o asfalto, na prisão tive contato com empresários e políticos, então como nós fazemos direito eu a partir de segunda vou ser sócio majoritário de duas empresas.- eu fico encarando ele.

- Como assim?- Leandro olha confuso.

- Essas duas empresas serão as maiores aliadas de um partido político, e com isso contamos que a favela vai crescer, podemos fazer negócios pelo país, podemos expandir isso tudo, de quebre se alguém da firma cair teremos vários advogados para ajudar.- todos encaram o Murilo.

- Tudo bem.- Douglas levanta e sai, Leandro vai atrás. 

Melissa (Livro 2) |Pausada|Onde histórias criam vida. Descubra agora