*Pode ser que tenha gatilho*
Seulgi não acreditava no que estava acontecendo. Sabe quando você passa por uma situação que não acredita ser real? Isso já aconteceu com você? E como Seulgi queria que aquilo não fosse real. Seria possível tudo aquilo ser um pesadelo e quando ela acordasse pudesse respirar aliviada?
Mas era impossível fugir da dor, Seulgi não se lembrava de ter sentido dores tão fortes como as que estava sentindo agora em seus sonhos, e também parecia real demais, colorido demais, físico demais. Era impossível que fosse um sonho. Seulgi queria chorar, mas ela não tinha forças pra isso também.
Primeiro Lucas se aproximou, o covarde tinha um pedaço de madeira em suas mãos, Seulgi só descobriu quando viu o objeto jogado no chão ao seu lado. Lucas tinha acertado a garota pelas costas, nas pernas, a fazendo cair de cara com o chão, só não foi literalmente por que a garota usou suas mãos para amortecer a queda. Logo que a viu no chão e de costas para si Lucas chutou Seulgi e as palavras que vieram a seguir fez Seulgi sentir medo dele pela primeira vez.
"Eu não disse que ia te matar? O momento chegou Seulgay."
Foram essas as exatas palavras, Seulgi sentiu um arrepio na espinha ao ouvir aquilo, seguido de um empurrão bruto, ali começava mais um momento de agressão gratuita e desnecessária.
Durou minutos apenas, talvez nove ou dez. Bom, pareceram uma eternidade. Lucas não usou mais a madeira para bater em Seulgi, ao invés disso a agredia com chutes e socos, ele não estava sozinho, estava com dois de seus amigos que Seulgi não conhecia e também não entendia porque estavam ali para baterem nela de graça.
Os três riam durante todo o momento e conversavam entre si, e também com Seulgi, mas a garota não poderia dizer que estava escutando o que eles estavam falando. Ela estava ocupada demais sentindo dor, tentando não chorar, pensando em como iria esconder isso de sua mãe e ainda assim tentando cuidar de seu rosto e fazer com que eles o acertassem a menor quantidade de vezes possível.
Vinte minutos depois dos agressores irem embora a garota ainda estava deitada no mesmo lugar, chorando. Seulgi estava com ódio de ser tão fraca, de não conseguir se defender, e também pela dor, Seulgi estava sentindo dor em todo lugar e por isso não conseguiu se levantar. Não tinha jeito, ela não conseguia mais esconder o que estava acontecendo.
Levando a mão até o bolso esquerdo de sua calça e pegando seu aparelho celular Seulgi percebeu que o acidente também tinha arruinado seu celular, a tela estava parcialmente trincada, mas Seulgi não se preocuparia com isso. Abriu o aplicativo de mensagens e procurou o contato de sua mãe, discou a mensagem e esperou.
"Oi mãe, desculpa pedir isso, mas você pode vir me buscar?"
Foi a mensagem, seguida de sua localização. A mãe não demorou muito para chegar, mas quando viu o estado de sua filha ficou desesperada.
- Seulgi? O que é isso? O que aconteceu? - O tom desesperado de sua mãe a fez a despertar, pois estava quase dormindo.
- Mãe. - A garota fez o máximo esforço para tentar se levantar e a senhora Kang correu para ajudar a garota machucada.
- Quem foi que fez isso com você? - A mulher estava visivelmente nervosa.
- A gente pode falar disso depois? - Seulgi respondeu sendo levantada com a ajuda de sua mãe.
- Ok. Vamos para um médico agora. - A Kang mais velha segurava sua filha com cuidado, enquanto tirava os cabelos de Seulgi do rosto e tentava junta-los em um coque. - Mas depois você vai ter que me contar tudo o que aconteceu.
Seulgi concordou com a cabeça, não iria fugir daquela vez, não aguentava mais passar por aquela situação.
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Seulgi estava em casa, mas passaram no hospital antes, o atendimento foi rápido. O doutor examinou a Kang mais nova e constatou que por sorte não tinha quebrado nada e dado o estado da Kang aquilo era uma grande sorte sim, mas ainda estava muito machucada e com vários hematomas espalhados por todo o corpo, nem seu rosto havia escapado.
A senhora Kang ajudou sua filha a se deitar na cama com cuidado, e em seguida se sentou na ponta da mesma observando sua filha, em silêncio.
Seulgi sabia que aquela conversa teria que acontecer.
- Vai me dizer como isso aconteceu e por quê? - A mulher começou, acariciando o rosto da filha.
- Mãe... Eu não sei o que eu fiz pra passar por isso. - Seulgi mantinha o tom baixo de voz, e a cabeça também estava abaixada. Seulgi estava chorando.
- Quem foi? - A mais velha agarrou sua filha em um abraço, começando as perguntas.
- Lucas.
- Lucas Wong?
Seulgi assentiu. Sua mãe conhecia a maioria de seus colegas ( ou ex colegas) de turma.
- E porquê? - Prosseguiu.
- Por que eu gosto de meninas. - Seulgi sorriu triste.
- Desde quando isso acontece? - A mulher afastou-se para olhar Seulgi e agora analisava as respostas da filha com uma expressão indecifrável. Seulgi não sabia o que esperar de sua mãe.
- Desde o ano passado, eu acho.
- E você ia me contar quando? - Continuou agora olhando séria para a garota.
- Eu não ia te contar.
- Então você ia esperar que eu recebesse a notícia que você morreu nas mãos de um muleque babaca que não sabe respeitar a vida dos outros? - Sua mãe tinha um tom mais alto agora. Seulgi não tinha resposta.
- Seulgi, eu sei que você não quer me preocupar com essas coisas, mas eu sou sua mãe, eu preciso me preocupar com a sua segurança. Você deveria ter me contado na primeira vez que isso aconteceu.
- Eu sei... - A garota tentou falar, mas foi interrompida.
- Não. Você não sabe! Você poderia estar morta agora. Olha o seu estado. - A mulher apontou para a garota de de cima a baixo, indignada. - Seulgi pelo amor de Deus, contar pra alguém não vai te fazer ser fraca. Você tem uma mãe que se importa com você e eu não vou deixar que ninguém machuque o meu bebê assim.
- Mãe... - Seulgi sorriu sem graça, odiava quando sua mãe a chamava assim, mas daquela vez ela deixaria passar. - O discurso estava tão lindo..
Sua mãe a olhou séria e isso lhe causava mais medo do que qualquer coisa.
- Eu sei, me desculpa. É que eu não ligo sabe, ele pode me bater a vontade, é indiferente pra mim.
- Seulgi, ele não pode te bater nenhuma vez, isso é crime!
- Eu sei..
- Descanse, amanhã a gente conversa.
A Kang mais velha queria falar mais, óbvio que queria, Seulgi sabia pela forma como sua mãe respirou fundo e passou a mão no rosto tentando se acalmar, antes de sair do quarto. E conhecendo a mãe do jeito que conhecia a Kang poderia ter certeza que a conversa de amanhã seria na sala de sua diretora.
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I'll Protect You - Seulrene
FanficKang Seulgi era a única lésbica assumida de ensino médio e por isso frequentemente era vítima de Bullying. irene cansada de ver sua colega de sala sendo agredida verbal e fisicamente por causa de sua orientação sexual resolve fazer alguma coisa. *E...