Capítulo 31

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Eu passei o resto do dia pensando naquela ficha e quais as margens de erros mas ainda sim alguma coisa não encaixava, visitamos todos os pontos turísticos do dia e voltamos para o hotel, eu resolvi passar no quarto no meu irmão para esclarecer tudo e escuto uma discussão vindo de lá, resolvo ficar quieta atrás da porta para entender melhor pois a voz era familiar.

— Você nem deveria pensar nessa possibilidade — Daniel fala e podia notar que ele estava furioso.

— Eu sou a adulta aqui! — Minha mãe fala

— E agora você decide agir como uma?

— Você não faz ideia de onde tá se metendo, eu vou levar a Luana comigo sim e você não pode me impedir.

— Pra que? Ela nem é sua filha mesmo, não é isso que você me disse anos atrás? que ela não fazia parte da família e que nunca seria sua filha.

— O que? — Eu apareço e ele me olha chocado, minha mãe estava com um sorriso no rosto.

— Lu, eu posso explicar — Ele fala enquanto eu me aproximo.

— Como assim eu não sou sua filha? — Pergunto olhando nos olhos da minha mãe que parecia sentir nenhum remorso pelas palavras que foram ditas.

— Eu não sei do que seu irmão tá falando, eu preciso que venha embora comigo.

— Eu não posso.

— Vai embora, mãe! — Daniel fala

— Eu não vou desistir tão fácil — Ela fala indo em direção a porta — Eu volto mais tarde.

— Lu — Daniel fala tentando segurar as lágrimas e eu apenas o encarava em silêncio — Eu tentei te falar mas eu não tive coragem. — Eu sento na cama e evito olhar em seus olhos, fico apenas encarando a porta.

— A quanto tempo você sabe? — Pergunto com o olhar ainda fixo na porta e segurando as lágrimas.

— Descobri algumas semanas antes da Marie morrer — Ele se senta ao meu lado e também evitava olhar nos meus olhos, então ficamos os dois encarando a porta — Você tinha ido pro clube de pintura e meu treino tinha sido cancelado, nossos pais pensavam que estavam sozinhos em casa e começaram a discutir — Ele da um sorriso irônico pois ver nossos pais discutindo era algo normal. — O assunto era você, eu não escutei exatamente o que mas sabia que tinha a ver com você, depois eu criei coragem de perguntar pra Mamãe e ela apenas falou que você foi a última tentativa dela de salvar o casamento.

— Ela falou isso pra mim também

— Disse também que você não fazia parte da família e que seria difícil pra ela te tratar como igual — Eu o olho incrédula e deixo escapar uma lágrima — Eu não sei porque ela falaria isso pra uma criança mas ela nunca foi muito sensata.

— Você escondeu isso de mim todo esse tempo?

— Mas o que isso importa? Essa informação não fez nenhuma diferença, você sempre foi a minha irmã!

— Faria diferença pra mim! — Eu me levanto e já não controlava as lágrimas — Você sabia que eu era adotada e nunca me falou nada, via meus pais me tratando como lixo e eu sempre sem saber o porquê.

— Não me culpe por como eles te tratavam, eu sempre fiz de tudo pra não te deixar pra baixo.

— Eu não te culpo por isso — Falo secando as lágrimas — Mas me dói ver que você sempre soube, que você via eu me perguntando todo dia porque eles eram assim e nunca ter me falado nada.

— Eu não consegui, eu só queria impedir que você sofresse mais.

— Isso explica porque estava tão nervoso com a ficha médica — Falo com um sorriso irônico — Cara como eu sou trouxa! Eu esperava descobrir uma mentira de qualquer pessoa mas nunca achei que seria do meu próprio irmão, e te digo, dói pra caramba.

— Eu só quis te proteger! lembra da nossa promessa? Não importa o que aconteça, sempre seremos uma família.

— Eu não achei que esconderia algo tão importante de mim.

— Eu sei que não importa o que eu diga pra você agora vai ser o suficiente pra passar a dor que você tá sentindo agora — Ele se levanta e se aproxima de mim — Mas eu nunca menti quando falei que somos uma família e que eu sempre faria de tudo pra te proteger.

— Eu sei — Eu o olho e uma lágrima única desce — Mas é difícil.

— Eu sei! — Ele fala secando minha lágrima e dando um beijo na minha testa, eu o abraço e ele retribui. — Sinto muito! — Ele fala passando a mão em meus cabelos e eu choro em silêncio.

— Eu preciso de um tempo sozinha — Falo me soltando de seu abraço e secando o resto das lágrimas

— Claro, eu entendo! — Ele fala com um sorriso sem graça. Eu saio de seu quarto e dou uma volta pelo hotel, eu sabia que a Candice estava no quarto e a última coisa que eu queria era encontrar ela ou Scott e ter que explicar toda a situação, eu precisava de um tempo sozinha.

Fui até a piscina e sentei na beirada molhando meus pés e encarando a água.

— Pronta pra ir? — Minha mãe aparece se sentando aí meu lado.

— Eu não vou pra nenhum lugar com você — eu a encaro

— Então eu planejei toda essa viagem atoa?

—Que? — Ela sorri

— Acha mesmo que um lugar tão importante quanto a Arts Company iria comprar quadros de uma garotinha do Ensino Médio? — Ela fala sorrindo e eu levanto — Tão ingênua, o plano era que só você aparecesse mas vocês não se desgrudam.

— Inacreditável! .

— Não quando se tem muito dinheiro, é fácil enganar as pessoas.

— Por que?

— Eu preciso de você!

— Você é doente! — Falo e saio de lá indo em direção ao meu quarto.

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