Capítulo 21

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Pov Scott

— Que porra é essa? — Eu falo assim que entro em casa e vejo tudo bagunçado e meu pai saindo da cozinha com o copo de whisky — O que tá fazendo aqui?

— Eu moro aqui — Fala sentando no sofá

— Não devia tá na cadeia?

— Eu fugi.

— E você fala assim? nessa naturalidade. A polícia deve estar atrás de você nesse exato momento e eu não quero que me levem como cúmplice.

— Isso não vai acontecer, eu tô indo pra fora do país essa noite. — Ele se levanta e vem em minha direção — Eu só vim me despedir.

— O que você fez, pai?

— Você me odiaria se eu falasse

— Você nunca foi o melhor pai do mundo mas eu não imagino que poderia fazer algo que me fizesse te odiar.

— Eu gostaria que você continuasse com essa imagem de mim, filho.

— Não é tão difícil me falar a verdade, por que tá fugindo? o que você fez pra ir parar na cadeia?

— Eu já disse que você não pode saber, só promete pra mim que vai se cuidar.

— Não faz isso — Eu me afasto — Você não pode simplesmente fugir dos seus problemas desse jeito, ignorar tudo como se nada importasse.

— Você acha que é isso que eu tô fazendo?

— Você vem fazendo isso desde que a mamãe morreu, sempre agia como se tudo estivesse perfeito.

— Tudo que eu quis foi te dar orgulho e o melhor pra você.

— Você quer que eu me orgulhe? então não foge, encare as consequências dos seus atos.

— Eu não posso fazer isso.

— Do que você tem tanto medo?

— De nunca mais ser livre. Por favor, filho! eu tô quase indo embora, não deixe seu pai ir pensando que o odeia. — Eu não digo nada, apenas o encaro — Tudo bem, eu vou sair agora — Então ele vai em direção a porta.

— Espera, pode ficar pro jantar?

— É, eu posso! — Ele sorri e vamos para a cozinha.

Estavamos comendo um de frente pro outro e ninguém falava uma palavra, o silêncio era constrangedor.

— Então, como vai na escola? — Ele pergunta tentando aliviar o clima.

— Vai bem.

— E as garotas? suponho que tenha alguma.

— Não.

— Não mente pro seu pai, eu conheço quando meu filho tá apaixonado.

— Tem uma garota mas não temos nada oficialmente.

— É aquela coisa que vocês jovens chamam de ficar?

— Não — Eu dou um sorriso constrangido —Eu gosto dela e acho que ela gosta de mim mas estamos tentando não nos precipitar.

— Que besteira! no meu tempo a gente já beijava e namorava no mesmo dia, quatro meses depois a data do casamento era marcada.

— Por isso que o número de divórcios é alto.

— E qual é o nome da sortuda?

— Luana.

— Luana? Luana Andrade?

— Essa mesmo, como a conhece?

— Eu conheço a mãe dela e devo dizer, não é a melhor pessoa do mundo.

— Eu nunca tive contato com ela

— Filho, eu não me meto na sua vida amorosa mas se possível, fique longe dessa garota.

— Por que?

— Ela só vai te trazer problemas, se afaste enquanto ainda pode.

— Você não conhece ela, ela é a garota menos problemática que existe.

— Só escuta o seu pai, não é uma boa ideia ficar perto daquela família.

Eu iria responder mas sou interrompido por uma batida na porta.

— Eu atendo, não sai daí — Falo me levantando e indo para a sala.

— Scott Drummond?

— Eu mesmo, me acompanhem. — Eu os levo para a cozinha

— Chamou a polícia? — Meu pai fala saindo da mesa.

— Você precisar se responsabilizar pelos seu atos, foi isso que você me ensinou desde criança. — Falo e ele apenas me encara sem falar uma palavra.

— Senhor Drummond, o senhor está preso! — O policial vai em direção ao meu pai e o algema, foi uma imagem difícil de ver. Eu tentava segurar minhas lágrimas e meu pai me encarava com o olhar de decepção.

— Você me traiu! — Foi a última coisa que ele falou antes de ser colocado no carro.

Quando a viatura sai, eu fecho a porta e começo a limpar toda a bagunça que meu pai tinha deixado. Havia roupas espalhadas, e alguns papéis que envolvia a mãe da Luana eu estava nervoso demais para tentar entender o que aquilo significava, eu apenas pego meu celular e decido ligar pra ela.

— Alô! — Ela fala com a voz sonolenta.

— Te acordei? eu posso ligar depois.

— Não, pode falar.

— Nada..Eu — Eu penso antes de falar pra ela sobre os papéis — Só queria ouvir sua voz.

— Scott, tá tudo bem?

— Sim, eu tô bem. — Eu passava a mão pelos meus cabelos e andava de um lado pro outro — Eu vou te deixar dormir agora, boa noite! — então eu desligo o celular e vou para a cozinha, pego um copo de água e volta para a sala.

Dormir não era uma opção naquele momento, eu ligo a TV e coloco em um canal aleatório. Depois de alguns minutos alguém bate na porta, eu abro e era Luana e a única reação que tenho é de abraça-la.

— O que faz aqui? tá tarde. — Falo fechando a porta

— Daniel me trouxe, você tava estranho na ligação eu precisava ter certeza que estava tudo bem. — Ela fala sentando no sofá.

— Você é incrível — Falo sentando ao seu lado.

— Eu me preocupo com você.

— E eu com você, não deveria ter saído a essa hora de casa só pra me ver.

— Eu posso ir embora se quiser — Ela fala se levantando e eu a puxo de volta.

— Isso não é uma opção — Ela sorri.

— O que é tudo isso? — Ela aponta para os papéis que estavam na mesa

— Meu pai deixou aí, tem o nome da sua mãe em um deles — Eu entrego o papel e olha começa a ler

— São alguns cheques e um passaporte, minha mãe ia ajudar seu pai a fugir.

— Mas por que ela faria isso?

— não dá pra saber — Ela estava com o foco nos papéis.

— Eu trai ele — Eu falo encarando o chão e ela me olha. — Ele veio pra se despedir e conseguir recomeçar e eu trai ele.

— Você fez o que achou que era certo. — Ela coloca a mão no meu ombro e eu seguro — Talvez não agora, mas eu tenho certeza que ele vai entender isso um dia e vai se orgulhar porque conseguiu criar alguém com princípios. — Eu a olho tentando segurar as lágrimas e ela beija minha bochecha — Vai ficar tudo bem!





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