Capítulo 15

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Pov Luana

Quando ela sai do meu quarto e desço para a cozinha e por sorte não tinha ninguém, eu procuro uma garrafa de whisky do mais forte que tinha. Coloco a garrafa em cima do balcão e começo a beber, cada dose era algo que pessoas importantes haviam me dito.

— Você nunca cria laços profundos — Tomo um gole lembrando do que Bianca havia me dito — Talvez seja por isso que eu to sempre sozinha — Digo pra mim mesma.

" Não posso te amar como você deseja" " Egoísta " " inútil" " Sem talento" era muito tempo ouvindo isso e fingindo que não ligava, carregando o fardo de estar bem o tempo todo.
eu já havia secado uma garrafa e estava na metade de outra, eu olho para meu reflexo no armário e solto uma risada

— Você é a pessoa mais superficial e fraca que eu já conheci — Falo me aproximando do reflexo e encarando — Nunca vai ser boa em nada porque não passa de uma garotinha assustada — Eu começo a rir — Você acha mesmo que alguém vai ser capaz de ter amar? nem sua mãe te quer por perto.

Eu paro e olho para a garrafa vazia em cima do balcão, eu a jogo no chão e grito fazendo o mesmo com a segunda garrafa.

— Que porra é essa? — Daniel aparece assustado — Luana, o que você fez?

— O que eu sempre faço, estraguei tudo! — Falo rindo

— Você precisa dormir, vem! — Ele fala estendendo a mão

— Para! para de fingir que você se importa, ninguém se importa. mas tudo bem, eu sou a superficial e egoísta, eu mereço tudo que aconteceu comigo.

— Você não tem ideia do que tá falando e eu vou deixar passar porque você tá bêbada.

— Eu... eu — tento falar mas parece que o ar estava diminuindo cada vez mais e minhas lágrimas aumentando — Só quero que tudo pare! eu não aguento mais — Falo colocando as mãos no meu cabelo e ofegante.

— Ei! olha pra mim! — Ele fala chegando perto e segurando meus ombros.

— Não! — Eu tiro brutalmente seus braços de mim e pareceria que estava sufocando cada vez mais, o coração acelerava e batia descompassado, eu andava de um lado pro outro e Daniel chegou perto de mim novamente e mesmo eu tentando me soltar de seus braços ele me abraçou forte e começou a passar a mão em meus cabelos — Faz parar, por favor! — Falo chorando e ele da um beijo em minha no topo da minha cabeça.

— Eu tô aqui, sempre estive e sempre vou estar! — Ele fala e aos poucos vou recuperando o fôlego, eu me solto de seus braços e sento no chão da cozinha encarando os cacos — Você sabe que pode me contar tudo — ele fala se sentando ao meu lado. — E eu não digo em só o que aconteceu mas em como você se sente quando acontece

—Eu não sei se estou sóbria o suficiente pra essa conversa

— Quando estiver pronta.

— É só que — Eu engulo seco antes de continuar — sabe a sensação de se sentir insuficiente? onde nada que você faz vai ter valor? — Eu encosto minha cabeça na parede encarando o teto — Eu passei minha vida inteira buscando a aprovação deles e nunca consegui.

— Mas isso não é sua culpa.

— Talvez a Bianca tenha razão, eu sou incapaz de manter relações profundas com as pessoas. — solto uma risada irônica — Eu não consegui uma boa relação nem com os meus pais, por que eu achei que conseguiria uma amiga e um namorado?

— E quanto a mim? Scott? nossa relação é superficial?

— Não da minha parte, mas se todos em algum momento vão embora então talvez o problema seja eu.

— Se ela somem tem mais a ver com elas do que com você.

— Eu só queria por um momento deixar de me sentir insuficiente e inútil, passar um mísero segundo sem ter medo de me abrir com as pessoas e — eu suspiro — saber se a vida realmente vale a pena, e se vale, o que eu tô fazendo de errado pra não conseguir enxergar? — Ele me puxa para mais perto e eu apoio minha cabeça em seu ombro.

— Eu sinto muito que se sinta assim, e eu não sei se vai adiantar muito ou se você vai lembrar disso amanhã, mas você é a pessoa mais importante na minha vida e eu tô com você até o fim.

— Promete que não importa o que aconteça, nós dois sempre seremos uma família? — Falo lembrando que ele já havia me pedido a mesma coisa

— É claro! — Ele fala e então o silêncio toma conta do ambiente, eu apenas encarava o chão e ele fazia carinho na minha cabeça. — Eu tô louco pra te ver de ressaca amanhã — Ele fala dando risada.

— Eu destruí o seu estoque de bebida — Falo rindo também.

— Não tinha uma bebida mais barata pra você acabar? justo o whisky.

— Eu só peguei a primeira que eu vi, anota pra mim o que exatamente eu fiz pra eu saber de que eu vou precisar me defender amanhã.

— Claro!

— Eu lembrei quando você derramou o vinho favorito da Marie só porque via a data e disse que estava vencido.

— Nem bêbada você deixa de relembrar os meus castigos.

— Você aprontava muito, é difícil esquecer.

— Justo! — Ele se levanta e me estende a mão — Vem, vou te colocar na cama.

— Não sou mais criança, posso ir sozinha — Falo levantando e quase caindo — mas eu vou ser educada e aceitar a oferta — ele ri e me ajuda e subir as escadas par ao meu quarto, eu deito na cama e ele me cobre. — Daniel — eu o chamo quando ele estava de saída — Obrigada! — Então ele sorri e sai.


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