INÍCIO

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"I'm headed straight for the castleThey wanna make me their queenAnd there's an old man sitting on the throneThat's saying that I probably shouldn't be so mean"

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"I'm headed straight for the castle
They wanna make me their queen
And there's an old man sitting on the throne
That's saying that I probably shouldn't be so mean"

"Aguente o peso da coroa, Catarina."

A última lágrima caí, até que um toque repentino no meu pulso me chama atenção.

- Alteza, está na hora de sua partida.

Michael, o ombro direito de meu falecido pai, me avisa.

Apenas maneio a cabeça, e encaro pela última vez o túmulo recente do meu pai.

- A coroa é muito pesada, meu rei. - declaro, para o nada, mas ao mesmo tempo desabafando algo que nunca conseguir dizer enquanto meu pai ainda estava vivo. - Vamos.

Um casamento, uma coroa, uma nova nação.

...

O gelo de Artena começa a se desfazer para que o calor de Montemor se aposse do clima, noto enquanto encaro a imensidão do mar que divide as duas maiores potências do mundo. Pensar que deixo para trás o meu país, minha nação, e meu povo, corrói minha alma. Mas, é meu compromisso se de fato quero os proteger de uma futura guerra. O tratado de meu pai não pode ser desfeito, a não ser que eu queira ser morta e entregar meu reino de bandeja ao Príncipe e futuro noivo que me aguarda em Montemor.

Enquanto serviçais entram e saem do navio, penso em como me sinto sozinha. Minha mãe que se foi ao me dar a luz nunca fez com que eu tivesse esse sentimento de perda ou falta, mas meu pai - mesmo que não tenha sido dos mais amorosos e paterno - me faz sentir que estou só e uma estranha sensação de falta brotar dentro de mim.

- Não está só, alteza. Cuidarei de seus interesses e da senhorita, até que seja coroada e não precise mais de mim. - Michael me trás de volta a realidade, me lembrando que está ao meu lado conversando algo que eu deveria estar prestando atenção.

Solto um barulho indescritível, não acreditando em suas palavras. Por mais próximo que ele tenha sido de me pai, ele terá toda Artena em suas mãos e poderá fazer o que quiser sem minha presença por perto.

- Não precisa acreditar. - declara, como se adivinhasse o que passa em minha mente. Talvez ele saiba, já que além de meu pai, é o único que me conhece bem. - Mas precisamos discutir os hábitos e culturas de seu novo lar.

Não tenho amigos, não tenho aliados, não tenho família. Tenho apenas um homem e sua palavra. Isso basta? Me obrigo a prestar atenção em suas palavras, e deixo as divagações para outro momento.

- Um povo religioso. - ele diz, e me encara com atenção. - A igreja católica tem grande influência sobre o reino. A economia é a melhor, perdendo para Artena. Mas, como exército, só tem a ganhar.

Concordo, e solto um suspiro pesado para o que para mim é o maior desafio desse reino.

- Quem sou eu para eles?

- Impertinente. - declara, Michael, com pesar. - Deveria ser apenas uma moeda de troca, ou pelo menos é assim que o rei Arthur irá tratá-la.

Sair de um país a qual tenho total liberdade para ser reprimida num novo lugar desconhecido e desde já desagradável. A coroa está pesando, papai.

- Quando chegar ao palácio, deve prestar total reverência ao rei. Mostre que o aceita, que Montemor é sua casa, e que está disposta a servir totalmente e se comprometer ao reino dele. - enquanto Michael diz essas palavras, um embrulho se forma em minha garganta.

- Mais o que?

- Mostre realeza. Seja intimidante. - diz , e seu rosto toma uma expressão tão séria quanto seu tom de voz. - Porém, não demostre muito de sua habilidade. Não fale sobre política com esses homens com tanta sabedoria quanto sabemos que tem, não vá com sede ao pote com o poder. Tenha aliados. Precisa de aliados, princesa, ou não vai durar naquela corte. Mostre que não é o leão da selva, mas a cobra que rasteja. Vá devagar, sutil, despretensiosa, e acabe com eles.

Sorrio com sarcasmo, e me sinto revigorada com essas palavras. Nunca fui amável, dócil, ou contida quanto a minha sede de poder. Mas, sempre fui paciente para esperar esse momento, e ele se aproxima. Tomarei minha coroa, e farei de Montemor uma potência ainda mais famosa do que já é.

Mas para isso, terei que lidar com alguém que nunca vi. Alguém que não sei como é, como pensa, ou como dá seus passos.

- Afonso. - digo, de repente.

Michael ergue as sobrancelhas, como se estivesse lembrando de mais informações.

- O príncipe... - após um momento de silêncio, ele declara. - É um devasso e benevolente, uma mistura ainda mais preocupante que a de seu pai.

- Se preocupa com o reino? - questiono, intrigada e confusa.

- É um menino, alteza, mas um menino que um dia se tornará um rei e tem por obrigação de preocupar com o reino. Ele é um desgosto para o pail, e um garotinho mimado na mão da mãe. - diz, e encara o mar a nossa volta. - Conquiste o príncipe.

- Não sou boa no jogo do amor.

- A senhorita terá que usar todas as artimanhas, até às que não é boa.

- Terei que lidar com um menino? - quase cuspo as palavras, o que causa uma risada de Michael. - Oras!

- Como um menino, é um bobo. Então, facilmente caí na armadilha de uma mulher como a senhorita. Não hesite em mentir, fingir, simular, e enganar quando necessário. Seja a rainha má. - após essas palavras, ele faz uma reverência e se afasta.

Minha vida mudará para sempre, e noto isso nas minhas novas vestimentas e no modo a qual terei que agir diante daquela corte.

A coroa pesa.

O peso da coroaOnde histórias criam vida. Descubra agora