"Aguente o peso da coroa, Catarina."
Catarina de Lurton, a princesa de Artena, tem até seus vinte anos a vida perfeita. Até que seu pai faleceu, deixando-a por meio de um tratado, noiva. Com o destino predestinado, a vida de Catarina toma um rumo to...
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Príncipe Afonso
Ao me deparar com a princesa na porta, tenho que me recompor e endireitar minha postura até então relaxada. Seus olhos castanhos me encaram de modo indescritível e intensos, o que faz com que eu me sinta desconfortável. A princesa tem uma postura que exala realeza. Não me permiti olhar em seus olhos quando fora recebida mais cedo em nosso reino, mas agora, encarando seus cabelos negros e seus olhos castanhos escuros, vejo uma das uma mulher exuberante, uma futura rainha com a beleza tão fatal como de uma serpente que nos atiça e dá seu bote. Catarina de Lurton é uma das mulheres mais lindas que já vi. Não é uma beleza como a do reino de Montemor, não tem nada exótico nela ou incomum. Mas seus olhos... Seus olhos gélidos, penetrante, e intensos. Olhos de uma rainha má. Isso faz dela bela, perigosa e esplêndida. E sua beleza quase ofusca o fato de eu ter que despreza-la, trata-la como uma serva que só é útil para me dar herdeiros e seu reino - pois foi assim que o maldito rei ordenou.- Meu pai quer que eu a transforme em pó, em nada, assim como fez com minha mãe.
Mas algo faz-me acreditar que será ainda mais difícil controlar alguém que parece ser sádica e perigosa. Esperava um princesa com rosto angelical e ingênuo, e ganhei um princesa com olhos que congelam toda a Montemor. Uma princesa do gelo e futura rainha do fogo. - poderia ter acreditado nos boatos, mas quis presenciar com meus próprios olhos se ela era o que todos falavam, e ela é.
Deixando meus devaneios e sem ao menos ser gentil como me é de costume, apenas viro de costas e caminho pelo corredor sem espera-la.
- Não vem, alteza? - pergunto, diminuindo os passos para que ela possa me alcançar.
Normalmente sou um homem gentil, um cavalheiro. E agora, me vejo tendo que agir como o maldito do meu pai.
- Príncipe Afonso, me daria a honra de entrelaçar nossos braços? - pergunta, me alcançando. Apenas a encaro, sem sequer dizer uma palavra. Penso em como Eleanor vai reagir quando ver nossos braços entrelaçados, penso em como sinto uma energia caótica de ter seu corto tão próximo ao meu. - Pensei que Michael viria me buscar.
"Não deixe de modo algum que ela exerça qualquer poder e feição sobre você. Não se dirija a ela como um bom príncipe, mas como o futuro rei que irá degolar sua cabeça se necessário. Haja como um homem. Mulheres só tem o direito de ficarem caladas."
- Michael e o rei tem assuntos para tratar antes do baile. - digo, de modo displicente.
Atravessamos corredores e mais corredores, e ela recebe olhares curiosos, reverências, e dúvidas de como irá reagir quando descobrir sobre Eleanor.
- Não é de falar muito, príncipe. - indaga, de alguma forma buscando pela minha atenção.
Depois de um tempo, a encaro por alguns minutos - pensando que essa será uma das minhas missões mais difíceis, e, que até então a princesa não agiu de modo despeitado comigo. Até então. - e então volta a olhar para sua frente.
