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PRÍNCIPE AFONSO

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PRÍNCIPE AFONSO

Não, pelo coração...

Por que ela diz tais coisas? Por que ela é tão imprevisível? Por que quis tanto beija-la e por que não o fiz?

Minha cabeça lateja, como se tivessem batido ela incansáveis vezes na parede, pois já tem incontáveis noites que sonho com Catarina e acordo com o desejo de a ter ao meu lado.

- Se pensar demais, não vai parar de doer.

Minha mãe, com sua perspicácia, me encara como se eu fosse um pobre coitado.

- Por que estão sendo tolos? - indaga, e meu rosto de imediato se contorce em uma careta. - Jovens demais...

Engulo a seco, não querendo dizer uma sequer palavra. Pois sei que quando algo é alvo de reprovação de minha mãe, é algo que eu deveria repensar se vale a pena.

- Por que de repente ficou mudo? - ela revira os olhos, e afaga seu gato.

- Já tivemos essa conversa, não?

Lembro-me de quando minha mãe surgiu na surdina da noite em meu quarto para dizer o quanto Catarina era arriscada. Como era perigoso, e como isso poderia acabar comigo.

- Antes de você se apaixonar de fato por ela.

- Está delirando, mamãe. - garanto, enquanto meu coração dispara com o que ela disse.

- Afonso, querido... Acaso não sou eu sã de minhas faculdades mentais?

- Não estou apaixonada por Catarina.

Ela sorri, de modo maquiavélico.

- Afonso, aproveite que paixões são passageiras, diferentemente de amor. Porque, quando perceber que a ama, estará arruinado. 
 

Já não suportando mais os conselhos da rainha, saio em retirada de de seus aposentos.

 – E nenhuma mulher gosta de ser trocada. - sei que ela se refere a Eleanor. – Não ame uma rainha e muito menos a traia, não ame uma amante e muito menos a troque.

Paro entre a porta, ainda sentindo o latejar na cabeça

– O que deveria fazer então, mamãe?

Honestamente, questiono.

– Deveria deixar de ser tão emocional! – diz, ríspida. – Olhe para mim e seu pai, isso nos levou a algo?– após um período de silêncio, ela volta a falar –  Não tem como ser feliz na realeza, querido. – ela se aproxima e levanta meu queixo me encarando com carinho. – Não se engane, ou se tornará um fraco ou um tirano.

– Não quero ser nenhum dos dois. – respondo como uma criança amedrontada.

– Não a ame e nem a troque. – responde, como se isso fosse solucionar todos os problemas. – Se você interromper agora o que quer que esteja acontecendo entre você e Catarina, futuramente ela não irá ama-lo, sendo assim Eleanor não será um problema para lidar, será indiferente para Catarina. Não troque Eleanor e ela jamais terá seu orgulho ferido, será sempre devota a você e não será um problema para você ter que exterminar, ela vai estar lá para quando você precisar, e sempre saberá seu lugar. É simples, querido. Não ouça o maldito coração, seja um maldito desgraçado. 

Fico imóvel, lidando com as palavras da minha mãe. Ela foi amada e foi traída, a amante do rei foi amada e trocada, e ao fim temos um tirano infeliz nos governando. 

– Uma mulher é o suficiente para fazer com você e com qualquer um, ainda pior do que você poderia esperar de Arshimat. – ela dá um leve tapa no meu rosto e me manda embora.



...

– De onde surgiu tanta disposição, meu príncipe? – questiona Sebastian, com diversão.  – Problemas no paraíso?

Lhe firo de leve com a espada, e então ele se rende e vai limpar o sangramento. Sento ao seu lado e solto um longo suspiro, que o faz me encarar com seriedade.

– Deveria tê-la beijado.

Ouço um riso fraco de meu meio irmão.

– Isso que lhe frustra?

– Não... – digo vagamente. – O que me frustra é saber que fiz bem em não o fazer.

– Está se enganando e sabe disso. – ele termina faz uma careta enquanto passa álcool onde eu o feri. Isso é habitual, eu e ele temos marcas causadas por ambos para aliviar nossa dor, raiva, e no meu caso frustação. – Irá fazer em algum momento, então qual o motivo do martírio?  – o encaro, então ele concluí. – Eleanor.

Somos interrompidos por um dos guardas de Catarina que entra na sala de treinamento em minha procura.

– Alteza, a princesa o aguarda na biblioteca neste exato momento.

Sebastian me encara de modo sugestivo, o ignoro e caminho até a biblioteca para estar frente a frente com o motivo de minha insanidade.

Quando chego a biblioteca, ela está de costas concentrada folheando algum livro desgastado.

– Não demorou, alteza. – ela fecha o livro com certa brutalidade, some pelos corredores, até que retorna para onde estava, só que de frente para mim. Seu olhar é ameaçador e sua postura intimidante. 

Não paro de pensar em beija-la.

– Senti saudades. – diz, de modo provocativo e sorri de lado discretamente, ardilosa como só ela pode ser.

Meu corpo incendeia imediatamente com sua confissão, seja pelo nosso acordo ou não. Não me importa se pareço seu servo invés de seu futuro rei, não me importa o quão maquiavélica ela possa ser e sua saudades ser só fruto de sua encenação. A desejo ardentemente e quero essa mulher pra mim.

– Por que anda me evitando? - questiona quase em um sussurro, perto demais para um limite aceitável. Ela me analisa minunciosamente e seus olhos são cheios de sarcasmo.  – Está nervoso...?

Quero beija-la. Agora. Nesse instante.



O peso da coroaOnde histórias criam vida. Descubra agora