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- Diga-me, Catarina, não se ouve? - Afonso questiona, sussurrando enquanto estamos sentados um do lado do outro na mesa.

Nossa conversa foi interrompida durante o sarau, pois o almoço seria servido e todos tiveram que tomar seus aposentos na mesa. Afonso me guiou até a mesma, fincando suas mãos em minhas costas e com o semblante endurecido. Não disse nada desde que nos sentamos a mesa, não pude, não consegui.

- Disse que iria pensar sobre isso. - diz, enquanto seu olhar passeia por todos a mesa.

Acho que é uma tentativa de não chamar a atenção do rei ou de qualquer outra, é uma modo de parecer que é apenas uma conversa casual, e não que ele está discutindo o fato de eu ter o ameaçado dentro do seu reino e no seu palácio.

- Não tenho tempo para isso. - rebato, forçando um sorriso.

Que situação cômica. Estamos os dois, na mesa com homens que estão prontos a acabar comigo e um rei que repudia seu próprio herdeiro, e estamos conversando sobre decapitação sorrindo.

- Não pode ser tão impulsiva, simplesmente me ameaçar porque não faço o que deseja. - me repreende como se eu fosse uma garotinha mimada. - As paredes tem ouvidos aqui, alteza. Até quando você pensa que não está sendo ouvida, de fato está. E não deve confiar em ninguém para fazer ameaças, sabe que se eu quisesse esse seria motivo o suficiente para te condenar a morte.

- E por que não o fez? - preciso da resposta.

Sua resposta agora, irá traçar meu futuro. Sei que na primeira impressão, não nos demos bem. Sei que tivemos atritos desde que nos encontramos, mas também sei que temos algo em comum. Talvez queiramos a coroa, talvez queiramos fazer diferença no que nossos país não foram capazes de fazer. Talvez saibamos que só teremos um ao outro em um futuro possível, então só podemos contar um com o outro. Não existe outra princesa que ele possa casar, eu sou a única dos três reinos. E não existe outro príncipe que eu queira. O tempo que estou aqui é o suficiente para saber que Afonso é quem eu devo casar. Conheci o príncipe de Arshimat e ele é repulsivo, não posso me entregar a um homem como ele, que nem ao menos se preocupa em fazer algo para mudar a realidade do seu povo. E desde a última vez que tivemos sua visita em Artena e meu pai se recusou em aliar nossos reinos, sei que virei um alvo para eles caso declarem guerra. Estou só, e o olhar condescendente de Afonso é tudo que tenho, ainda que não me seja o suficiente.

- Não sou um homem cruel, por mais que eu tente. - declara, com seus olhos cheios de sentimentos que não consigo decifrar. - Tudo que tive durante toda a minha vida foi uma mulher. Uma mulher que lutava pela sua coroa. Meu pai a detesta, como detesta você. Como ele quer que eu a deteste, mas simplesmente não consigo. Não consigo desde que me deparei com seus olhos gélidos e intensos, cheios de vida, de audácia e de vontade de governar esse reino.

Isso foi o suficiente para que atingisse meu coração. Eu nunca experimentei o que estou sentindo agora. É uma agonia sem fim, meu coração se encontra um misto de emoções, e me sinto ansiosa, confusa, e desorientada. Não, Catarina! Avisa meu subconsciente. Mas eu não sei o que dizer e fazer agora, me sinto uma menina boba. E eu odeio a sensação que Afonso está me causando, mas não consigo odiar seus olhos expressivos que me encaram com tanta intensidade.

O peso da coroaOnde histórias criam vida. Descubra agora