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Encaro meus novos vestidos feitos sob medidas e me pergunto como irei me habituar a esse novo modo de vestir

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Encaro meus novos vestidos feitos sob medidas e me pergunto como irei me habituar a esse novo modo de vestir.

— Então, senhorita, o que achou de nossas vestimentas? Foram escolhidos todos pela rainha. — uma criada enviada de Montemor, me pergunta com receio.

Minha fama de intimidadora atravessou mares, pelo o que parece.

— Pelo o que pude observar, vejo que gostam de expor os seus corpos. Não? — questiono, com um tom de voz cortante.

Ela encara uma outra criada que não ousou falar ou perguntar algo, e como numa conversa interna e olhares cheios de códigos, elas voltam seus afazeres. 

— Não irá responder, Annabeth?

Ela se surpreende com minha pergunta e pelo o que parece, com o fato de eu ter lembrado seu nome.

Tenha aliados, Catarina.

— Irá entender quando chegar ao calor de Montemor, senhora. — ela escolhe ir pelo o caminho mais educado e amigável.

Poderia ser um pouco rude, levando em consideração que alguns diriam que estou atacando sua cultura. Mas pelo contrário, ela sorri discretamente e volta a organizar meus vestidos.

Talvez ela possa ser uma boa aliada, mas no momento não posso confiar em ninguém e prefiro me manter inacessível.

— Certo, verei.

Depois de um banho demorado, começo ler os livros de Montemor enquanto como uma especiaria da reino feito pelas minhas criadas.

— Isabel foi mesmo decapitada ou é um tipo de lenda para amedrontar as mulheres do nosso reino? — questiono, e uso a palavra nosso de propósito para causar impacto nelas.

Ficam sem fala, só não sei se é por conta da pergunta ou pela palavra que utilizei.

— Dizem... Bem, dizem que a rainha Isabel foi muito impetuosa e isso lhe custou sua cabeça. — Annabeth se aproxima de mim, com certo entusiasmo. —  Mas, para o povo da aldeia, das ruas, e até mesmo da parte burguesa, acreditam e defendem que Isabel foi uma rainha ousada.

Sorrio me identificando com Isabel.

Pelo o que parece, a rainha foi decapitada por ser contra o corte e as leis a qual queriam impor contra os direitos de uma rainha. Isabel morreu para que hoje eu tivesse direito de voto e que minha presença fosse essencial nas reuniões que tinham como teor o reino.

Isabel foi corajosa.

— A senhora parece ter gostado da história da antiga rainha. — observa Annabeth, me analisando.

Ela parece um pouco horrorizada com o fato de eu ter gostado, mas seu tom de voz ao me contar o outro lado da história entrega que ela é tão complacente quanto eu.

Annabeth é loira e jovem, provavelmente tem vinte anos como eu, mesmo que seu aspecto esteja cansado. Tem um sorriso doce, é educada e amigável. Fácil de conversar e interagir. Me parece alguém que quero por perto, e com certeza é a criada que pedirei para mim como um tipo de dama, mesmo que o padrão seja alguém que faça no mínimo parte da corte. Mostrarei benevolência, humildade, e caridade. Como uma boa moça.

Eleanor é diferente de Annabeth. É displicente, fechada, discreto e reservada. Me parece um tipo de espiã, e não gosto de como ela não faz um esforço para me agradar. Não que Annabeth faça, e não que eu goste de bajulação, mas existe algo nela que não me agrada. Como sua senhora, deveria ser mais agradável comigo. Mas ela é muito bonita, e diferentemente de Annabeth, não me parece cansada ou que faz parte da parte trabalhista e humilde. Ela é bem cuidada, suas roupas são novas e não desgastadas como de Annabeth, e ela não está intimidada por mim, pelo menos não como deveria e eu gostaria que estivesse. Ruiva, seus cabelos são longos e ruivos. E pelo o que pude notar de ambas, seus corpos são robustos e curvilíneo, diferente de mim que sou magra e comum. Minha beleza não é extravagante, meu corpo não é chamativo, e meu cabelo não reluz como ouro ou remete ao fogo.

— Você não fala? — pergunto a ruiva, que mantém a cabeça baixa e organiza meus vestidos de forma robótica.

— Só quando sou solicitada. — seu tom é ponderado, mas ainda assim, não me encara.

Bato meus dedos na mesa, pesando minhas primeiras impressões da criada.

— É da corte? — questiono. — Quer dizer, faz parte dela de forma real? Algum título, parentesco...

— Não. — responde com rapidez.

Annabeth parece ficar incomodada com meu interrogatório.

— Burguesa?

— Não.

Solto um suspiro, já cansada dessas respostas monossílabicas.

— Sabe dizer algo além de "não"?

—  Sim. — e finalmente me encara. — Sou apenas uma criada do palácio, senhorita.

A encaro de forma ameaçadora e com os olhos semi-cerrados.

— Você mente muito mal, Eleanor. — digo, e ela parece ter sido atingida.

Existe pessoas muito transparentes, e Eleanor é uma dessas. Sinto seu incômodo e sua antipatia por mim desde que pisei nesse navio. Ou as mulheres me invejam, ou me veneram. Eleanor não se encaixa em nenhuma opção. Ela não me inveja, não me olha como se quisesse estar no meu lugar. Ela também não me venera, não me olha com admiração ou como se eu fosse de fato uma princesa. Eleanor não me olha, simplesmente, como se me olhar fosse ruim de mais. Chego a conclusão de que não gosta de mim, e o único motivo que faz com que os nossos caminhos se cruzem é o fato de eu estar indo para seu reino casar com o seu príncipe.

— Digam, me. — sorrio, fingindo ânimo. — Afonso é um homem interessante?

Touché! Annabeth encara Eleanor com nervosismo.

— Não se acanhem, não irei degolar vocês. — sorrio com sarcasmo, e encaro Eleanor com hostilidade. — Sou uma mulher muito inteligente, não me subestimem.

— Senhorita. — Annabeth se apressa em falar, mas Eleanor a impede segurando seu pulso delicadamente.

Ela sabe que estou blefando, quer ver até onde isso vai dar. Alguém a mandou de propósito e ela veio preparada para lidar com uma megera mal intencionada.

— Digo isso porque ouvi muitos rumores sobre o príncipe ser um homem jovem e bonito... — sorrio falsamente. — de deixar qualquer dama apaixonada. Por isso, não finjam nada para mim, eu sei que vocês também o acham bonito.

Uma batida na porta do meu aposento nos interrompe.

É Michael e ele faz uma breve reverência antes de se sentar em minha mesa junto a mim.

— Aproximadamente três dias para chegarmos em Montemor. — indaga, e meu coração que até agora estava tranquilo e sob controle, começa a disparar descontroladamente.

Não estou preparada para isso.  É o que gostaria de dizer ao encarar Michael, Annabeth — minha possível aliada — , e Eleanor — a amante de meu noivo.

O peso da coroaOnde histórias criam vida. Descubra agora