Capítulo 4

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Narrado por Inui :

Acordar na casa do meu melhor amigo não é estranho pra mim, estranho é ver Koko cantarolando uma música
enquanto limpa a casa apenas com uma calça preta de moleton.
- Bom dia.
Digo ao outro.
- Ah bom dia cara.
Koko diz finalmente percebendo a minha presença.
- fiz café pega uma xícara e toma um pouco.
Ele fala calmo,
Ando até a cozinha em silêncio pegando uma xícara e colocando o café para mim, tomo um gole sentindo o líquido quente amargo e doce invadir minha boca, ele realmente sabe fazer um puta café bom.
- Então....
Realmente não sei como começar um diálogo com Hajime depois de ontem.
- Ou bora dar um rolê de moto mais tarde?
O mesmo me pergunta com um leve tom de insegurança na voz.
- Pode ser, que horas?
- As16 que tal?
- Beleza, você pode passar lá em casa ?
- Ok
Koko fala um pouco mais animado.
- E seu rosto tá melhor Nui?
- Sim tá melhor.
Andando até a porta me viro dando tchau ao meu melhor amigo, ele diz que mais tarde a gente se vê e nos despedimos.
O trajeto da casa do outro até a minha própria não é tão longo. O dia está levemente quente bem diferente da noite de ontem, que estava fria.

perto de casa sinto meu celular vibrar estou finalmente me dando conta que estava com ele no bolso, vejo uma notificação do meu aplicativo de notas informando que depois de amanhã era o aniversário de morte da minha irmã mais velha. Congelo no meio da rua com a informação dada pelo meu celular, no mesmo momento me sinto tremer, e ficar culpado pelo esquecimento desse dia.
Chego em casa abrindo a porta e percebendo que estava vazia, suspiro, fui direto ao banheiro fazer minhas higienes pessoais, depois decidi deitar na minha cama e assistir uma série.
3h00 depois, olha o relógio sentindo meu estômago roncar e percebo que já são 14h30, merda arquejo me levantando indo a cozinha. peguei alguns legumes cortei e fiz uma salada crua,na máquina de Arroz preparei um pouco para mim, sinceramente odeio cozinhar, porém não tenho mais minha irmã para me ajudar nisso, agora sou eu por eu mesmo.
Comi, lavei minha bagunça, tomei um banho e vesti uma calça cinza Uma blusa branca e uma jaqueta preta, consultei o relógio vendo que faltava meia hora para as 16h, um fator crucial me veio à mente, gasolina cacete, minha moto está sem gasolina e não sei o quão longe Koko pretende ir, saio apressado de casa com minha moto em direção a um posto próximo, 15 minutos depois estou de volta à porta da minha casa um pouco esbaforido, percebo olhos pretos em mim e levanto o meu olhar
- Tá 5 minutos atrasado.
Koko diz me encarando.
- Desculpa aí cara. Vamos ?
- Claro.
O outro fala subindo em sua moto.
- Só me segue tá Nui.

Seguimos caminho passando por ruas e mais ruas, até se distanciar da agitação da cidade, o vento que entrava pelo buraco do capacete era muito bom, o ar era limpo e refrescante, de pouco em pouco o dia ia sumindo deixando o horizonte alaranjado e super belo aos olhos, minha irmã dizia que amava quando o céu estava laranja, de acordo com ela era a cor mais bonita que uma coisa poderia ter. Novamente me lembro dela, E de vagando em pensamentos acabo não percebendo que meu melhor amigo havia parado.
- Chegamos Inui ! Não é demais ?
Observo o lugar me dando conta da linda paisagem à minha frente. Uau digo encantado, havia um lago grande, e a nossa frente grandes árvores do outro lado, também era possível ver os peixes nadando a grama em volta junto com flores de diversas cores e ao fundo como protagonista de toda essa beleza o céu com uma pontinha laranja e o resto azul claro e escuro com pequenas estrelas.
Isso é demais para mim, e sem perceber começo a chorar, as lembranças da minha irmã que carreguei o dia todo, a sensação de estar sozinho e sufocado no meio daquela cidade, mais agora era como se o mundo me abraçasse, me acalmasse, todo o peso do meu coração parece sumir isso é um alívio tão grande.
- Ei Inui você tá legal ?
Droga acho que ele me ouviu soluçar, viro as costas para ele não me ver naquele estado, falando que estava bem
- O aniversário de morte dela está chegando né ?
Escuto Koko falar baixinho.
- é.
Digo sem emoção deixando um soluço alto escapar, olho Hajime ao meu lado com uma expressão fria e triste, parecia querer chorar também.
- Sabe eu ia trazer ela aqui um dia depois do acidente mas não deu.
Quando ele fala isso vejo uma lágrima solitária descer por seu olho
- Mas fico feliz de estar aqui com você.
Ele sorri, era um sorriso fraco que parecia que podia sumir a qualquer momento porém ainda era um sorriso.
- Obrigada por me trazer aqui Koko.
Digo sinceramente enxugando as lágrimas com o dorso da mão.
A noite já havia chegado e o Vento impiedoso fazia as folhas balançarem, ainda sensível sinto frio quando o vento passa por mim
- Pega.
Koko me estende sua jaqueta, pego e agradeço,
mas pera aí eu vim de
jaqueta onde ela foi parar
- tira essa cara de tonto do rosto você deixou a sua na moto idiota.
- Que isso cara virou o Edward de crepúsculo.
O outro riu, ele riu penso incrédulo, nossa a risada dele é tão gostosa, nunca havia reparado.
- Olha Koko.
Aponto Para uma barraquinha de onigiri.
- Que tal comermos antes de ir embora.
- Claro porque não.
Assim conversamos, comemos, zoamos, jogamos pedra no rio, e no fim subimos nas motos em direção a nossas casas com um sorriso no rosto, o coração leve e o vento fresco no ar.

Um  estranho amor de gangueOnde histórias criam vida. Descubra agora