Capítulo 02

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— Sun, a ligação caiu! — Escutei dos Louis me chamando e estalando os dedos na minha frente. 

Após a notícia de que eu iria ser titio, você pode imaginar que o esperado é que eu tenha ficado bastante feliz. Eu também esperava por isso em todos os cenários que já me imaginei, recebendo essa notícia, mas aparentemente as coisas nunca acontecem exatamente como a gente imagina. 

Não me leve a mal, é claro que eu fiquei feliz pela minha irmã, mas ao mesmo tempo não consegui expulsar a crise existencial que me abateu depois daquela notícia. Tanto que enquanto o Louis comemorava com minha irmã e minha mãe pelo telefone, eu apenas fiquei paralisado na cadeira, imaginando todas as vezes que eu e Gemma brincávamos de casinha e eu fingia que era a mamãe de todas as bonecas dela enquanto ela, nunca teve muito jeito para isso. Na verdade, ela só brincava de luta com as bonecas, como se elas fossem galos de briga. Eu achava aquilo ridículo. Ela desfazia todos os penteados que eu fazia nas bonecas. Que petulância! 

Enfim, voltando ao ponto, claro que nada disso significa que ela não será uma boa mãe, mas é que parece que por toda a minha vida, muito antes do que ela, eu sempre soube que queria ter filhos e mesmo assim aqui estou, 28 anos, me dividindo em 10 para ter que fazer tudo que minha carreira exige e escondendo o meu grande amor por Louis do mundo todo. Aqui estou sem nenhuma perspectiva de realizar esse sonho de ser pai logo. Enquanto isso, o tempo passa, eu perco cada vez mais cabelo e agora minha irmã vai ter um bebê antes de mim. De novo, as coisas nunca acontecem do jeito que a gente imagina. 

— Harry, a ligação caiu! — Disse Louis, girando minha cadeira, me balançando pelos ombros e me despertando dos meus pensamentos — Está tudo bem?

— A Gemma vai ter um bebê. 

— Eu sei. Isso é maravilhoso, baby. Seremos titios. 

— Eu não quero ser titio. — Revelei me levantando da cadeira e começando a andar de um lado para o outro naquele camarim. 

— O que, luv? — Questionou Louis, confuso, tentando me seguir com o olhar pelo camarim, sem ficar tonto — Mas você ama bebês. Lembra quando a gente foi para a Jamaica e tinha aquele casal com um bebê no restaurante que fomos? Você comprou um urso gigante na loja mais próxima e queria dá para o bebê. 

— É, mas os pais idiotas não deixaram. 

— Por que você era um completo estranho querendo dá um urso gigante para o bebê deles. E seu olhar para o bebê parecia o de um psicopata. Tipo quando você ver…

— Pandas! — Falamos ao mesmo tempo. 

— Eu amo pandas. — Completei, sem esconder um sorriso tímido. 

— E também ama bebês. — Insistiu Louis, me pegando pela cintura e me fazendo parar bem na frente dele, descansando meus braços nos seus ombros, ao redor do seu pescoço — Por que você disse que não quer ser titio?

— Não é que eu não queira ser tio, eu vou amar minha sobrinha. 

— Como você sabe que vai ser uma menina?

— É intuição.

— Sua intuição errou o sexo dos últimos três bebês de amigos próximos da gente. — Argumentou, tentando não rir da minha cara de indignação. 

— Mas é exatamente isso. 

— O que? O quanto você é péssimo em adivinhar o sexo de bebês?

— Não, bobo! — Reclamei, desimpaciente, me afastando um pouco, indo sentar no sofá — É que são todos esses bebês ao nosso redor. Eu tô cansado. 

De Repente Apenas HarryOnde histórias criam vida. Descubra agora