Capítulo 03

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A última coisa que eu lembro da noite anterior é de ser inundado pelas luzes dos holofotes enquanto eu transbordava lágrimas na frente de uma multidão confusa e surpresa. Depois era como se eu estivesse dormindo em um calmante sono de princesa. Quer dizer, isso até gotas de água gelada caírem no meu rosto em um intervalo constante e sem fim. Eu lutei para não abrir os olhos, queria dormir mais, mas aquelas gotas não paravam de cair bem em cima do meu rosto. 

Então, não tive muita escolha, abri os olhos pronto para gritar com quem quer que seja que estivesse jogando água na minha cara, mas para a minha surpresa, não tinha ninguém lá. Era só eu, numa cama de casal que estava logo abaixo de uma grande infiltração no teto em um modesto apartamento desconhecido.

Eu tinha quase certeza que estava sozinho, pois o apartamento era composto por um vão só, mas com um piso superior onde estava a cama e outros móveis característicos de um quarto. Esse piso superior era completamente aberto. Eu poderia chegar no corrimão que se estendia até o início da escada que ficava na extremidade direita, e eu veria o piso de baixo em que se encontrava um único vão em conceito aberto, compondo o que seria uma cozinha e uma sala de estar. 

Eu nunca tinha estado naquele lugar. Para o primeiro show da minha tour em Belfast, eu lembrava perfeitamente de ter me hospedado em um hotel completamente diferente daquele. Sendo assim, foi impossível evitar a tamanha confusão mental que aquele cenário me causou. No entanto, uma última esperança de entender tudo aquilo surgiu no meu coração quando eu enxerguei a porta estilo celeiro que parecia ser a porta do banheiro. Tive esperança, pois pensei que possivelmente Louis estaria lá. 

Com isso, me levantei, empurrei um pouco minha cama para livrar ela da grande goteira da infiltração no teto que me acordou e fui andando de fininho até a porta do banheiro. A ideia era surpreender Louis com o melhor sexo no chuveiro matinal possível como forma de pedir perdão pela noite anterior, mas todo esse plano foi por água abaixo quando abri a porta e o banheiro estava tão vazio quanto todo o resto do apartamento. 

— Louis! — Gritei, pois vai que ele estava no piso de baixo em algum ponto que não era possível enxergar lá de cima — Querido, para de brincar de esconde esconde e vem cá. Eu quero te pedir desculpas. — Falei, descendo as escadas, mesmo estando só de cueca box. 

Quando cheguei no piso inferior, tive certeza que realmente estava sozinho ali e logo depois avistei na mesinha de centro a correspondência que basicamente era composta por muitas contas e algumas revistas. 

— Onde diabos eu estou? — Me perguntei, pegando a correspondência e me sentando no sofá. 

Tinha muitas contas atrasadas e todas no meu nome, mas o estranho é que as contas dos meus cartões estavam no nome de Harry Styles e não de Harry T Styles, como costumava ser. Se não ficou óbvio, o T é de Tomlinson, mas continuando, o fato é que eu estava quase desmaiando, pois não lembrava de ter que pagar aquelas contas e por que eu atrasaria tanto o pagamento daquelas coisas se eu tinha dinheiro. Enfim, resolvi deixar aquilo para discutir com meu contador depois. 

Assim, decidi ir até a cozinha para preparar um café, pois já estava com dor de cabeça por estar tão sonolento e ao mesmo tempo tentando entender o que estava acontecendo enquanto acima de tudo encarava a claridade que vinha das grandes janelas que iam do teto ao chão. Mas nem cheguei no balcão, pois no caminho para lá havia um grande espelho e o caso é que eu literalmente me joguei no chão, como quem ouve um tiro em algum lugar, quando vi o reflexo de um desconhecido no espelho. Foi um susto tremendo, mas o susto maior foi abrir meus olhos e perceber que eu estava encarando meu próprio reflexo. 

De Repente Apenas HarryOnde histórias criam vida. Descubra agora