Capítulo 09

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Era hora do almoço quando eu desci as escadas, agora já devidamente vestido com uma roupa de Louis que me cabia. Então, senti cheiro de queimado vindo da cozinha. Corri e lá estava Louis jogando uma forma de frango queimado em cima do balcão da pia. 

— Odeio fogões! — Disse ele, envergonhado quando me viu — Eles deveriam desligar automaticamente quando percebem que a comida já está pronta. 

— E como eles iam perceber isso sozinhos? 

— Não sei. Algum sensor de temperatura sei lá?

— Wow! Isso pode dá certo. Talvez isso até já exista, só não está no mercado ainda. — Falei, com um tom um pouco debochado, afinal eu adorava irritar o Louis quanto as péssimas habilidades dele na cozinha. 

— Você está muito engraçadinho para alguém que causou um alagamento no meu quintal. — Retrucou, contornando o balcão para ficar frente a frente comigo. 

— Sobre isso, eu sinto muito. Eu não queria…

— Está tudo bem, Harry. Eu estou te zoando. Não estou bravo, só um pouco assustado com sua tendência a se envolver em confusões. — Respondeu, me deixando vermelho de tanta vergonha. Acho que ele percebeu, já que ele sorriu, claramente se divertindo — E eu até te convidaria para almoçar se, bem, eu tivesse algo para almoçar. Acho que vou ter que esquentar uns pedaços de pizza que tem na geladeira e…

— Não! Não vou deixar você almoçar pizza requentada. Vamos! Vou cozinhar algo para você. É o mínimo que posso fazer depois da bagunça que causei. — Argumentei, já começando a mexer nos armários e na geladeira e pegar alguns ingredientes. Ele não tinha muita comida, mas tinha o suficiente para improvisar uma macarronada. 

— Você sabe cozinhar ou devo ir chamar além do encanador, os bombeiros também? 

— Por que você adora fazer esses comentários para me deixar com mais vergonha, ein? — Ri junto com Louis que levantou as mãos em sinal de redenção. 

— É que eu acho adorável quando você sorri e ao mesmo tempo coloca as duas mãos no rosto, assim… — Explicou, me imitando descaradamente aquele canalha. 

— Ah, é? Você também tem umas manias bem engraçadas, sabia?

— Não tenho não. — Duvidou.

— Tem sim. Tipo quando você sorrir, mas não mostra os dentes, você faz um biquinho de pato com a boca. — Pontuei, fazendo ele corar e fazer o biquinho de pato sem nem notar que estava fazendo — E você também vive arrumando sua franja. Além disso, é muito agitado então fala por várias vezes movimentando o corpo todo e quando você vai bater foto com alguém mais alto, você fica na ponta dos pés. 

— Ok! Agora estou um pouco assustado. Você só me conhece a uns dois dias e já reparou tudo isso. — Comentou ele, se colocando ao meu lado enquanto eu cortava tomates e eu fiquei tão nervoso que acabei cortando o dedo no processo. 

— Droga! 

— Calma! Vem cá. — Me puxou pela mão, molhou o dedo machucado na água da pia e depois envolveu ele com um pano que tinha por ali, pressionando o ferimento — Agora só vamos segurar mais um pouco até parar de sangrar, ok?

E lá estávamos nós, frente a frente, olhando intensamente um nos olhos do outro enquanto Louis segurava minha mão com aquele pano envolto. E eu estava com tanta saudade de sentir o azul dele mergulhado no meu verde que por um segundo esqueci de todo o resto. Parecia que estávamos de volta a nossa realidade. No entanto, não durou muito, pois logo fui despertado para a verdadeira situação em que eu estava envolvido. 

De Repente Apenas HarryOnde histórias criam vida. Descubra agora