1° Capítulo - Olivia Russell

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Dizem que a nossa vida gira em torno do que acreditamos.

Minha mãe acreditava na família e viveu em prol de todos nós, não somos muitos, mas costumávamos ser o suficiente: mamãe, papai, David e eu.

Quando ela faleceu, era como se de alguma forma todos nós estivéssemos morrido juntos, a família tivesse acabado.

Então David, meu irmão mais velho ajudou a mim e ao papai a recolher todos os cacos e reconstruir o que restou da nossa família.

Ver ele que é sete anos mais velho que eu ter força por todos nós e nos ajudar a reestruturar o que achávamos impossível, me fez acreditar no amor.

E no poder que ele tem de transformar, regenerar e até mesmo criar algo totalmente novo.

Só que o amor é como uma montanha-russa, testa nossos limites e se perdurar se torna nossa força.

Quando não perdura, talvez é porque não seja amor...

Choro vendo aquelas fotos projetadas no teto do meu quarto, eu e minha mãe sorriamos juntas em um piquenique, papai estava ao fundo jogando golfe com David.

Passo para a próxima e sinto meu coração se contrair e aquela dor agoniante que faz minha respiração doer me envolver como um abraço cruel e gélido.

Posso ver aqueles olhos azuis, seu cabelo escuro e seu rosto que para mim é o mais perfeito de todos.

Não consigo mais chorar em silêncio. Quero extravasar essa dor de alguma forma.

Mas não é porque aqui que devo iniciar...

Minha dor atual, foi minha maior alegria nos últimos nove meses.

Como uma gravidez indesejada, Joshua Stroyer, surgiu na minha vida sem avisar e mudou ela completamente, cada detalhe, cada minuto após conhece-lo se baseou em antes de Josh e após ele. E eu faria qualquer coisa para não o perder nunca.

Ainda posso me lembrar da primeira vez que o vi.

Era uma segunda-feira de agosto, estávamos no outono, inicio do ano letivo, e lá estava ele sorridente e animado.

Onde ele estava era como se ofuscasse todos a sua volta, e não era por sua beleza estonteante, ou seu porte alto e forte por ser jogador de futebol.

Mas pelo seu carisma, sorriso, ele consegue fazer as pessoas sorrirem mesmo nos piores momentos.

Era como se holofotes iluminassem por onde ele passasse e o resto ficasse desfocado.

Talvez estivesse nítido que o romance entre um rapaz que está no seu último ano e de uma novata que ainda tem mais dois anos não daria certo. Mas quando ele me olhou pela primeira vez, não existia certo ou errado.

Nenhum rapaz nunca me deixou nervosa como ele deixava. Meu coração descompassava, minhas mãos suavam e minha boca secava.

Eu o desejava de uma forma que nunca achei que seria possível mesmo sem saber nada sobre ele.

Lembro que passei semanas fugindo dele, temia tanto o encontrar que em cada esquina, cada pequeno lugar o encontrava acidentalmente.

Parecia até uma lei de atração, quanto mais repelimos algo mais o atraímos para nós.

Duas semanas após o ver pela primeira vez. Ele sentou ao meu lado no campos, eu estava lendo "Histórias Extraordinárias – Edgar Allan Poe" e ele comendo doritos.

Podia me lembrar do cheiro dele que parecia me entorpecer.

Ele fez questão de abrir aquele pacote de salgadinho da forma mais irritante possível, me ofereceu e após eu recusar disse:

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