10° Capítulo - Davina Kelley

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(City of Angels – Thirty Seconds to Mars )

1 ano e 9 meses antes...

Me lembro que quando criança, minha mãe tinha uma TV de tubo, aquelas rústicas com botões giratórios para aumentar o volume ou trocar canais.

E quando ela ligou pela primeira vez a mágica aconteceu. Ainda me lembro da sensação, de ver todas aquelas pessoas ali dentro daquela tela e eu queria mais que qualquer coisa estar ali dentro.

Quando eu assistia filmes, séries e novelas eu me imaginava ali, atuava na frente do espelho que era a tela mais perto de me projetar dentro da realidade que eu vivia.

Só que minha mãe era faxineira, eu cuidava da minha irmã caçula e sonhávamos juntas de um dia estar ali, na TV.

Quando eu formei o ensino médio decidir vir para Los Angeles, para realizar meu sonho de ser atriz. Minha mãe e irmã vieram comigo e eu fazia vários testes, mas sempre via garotas ricas e mais bonitas ficarem com os papéis.

Fui figurante em várias séries e filmes durante anos até que um dia um diretor me viu fazendo figuração e me pediu para fazer esse teste que farei agora...

Estou na cidade dos anjos, em Hollywood prestes a fazer o teste que mudará a minha vida. Sinto borboletas em meu estômago como se estivesse apaixonada, uma corrente elétrica percorre meu corpo e subo até aquele palco.

Posso ver os jurados me observarem atentamente, fiz aquele monólogo que tinha decorado no mesmo dia que peguei.

Sempre acreditei que o segredo de atuar é acreditar na história, entender a realidade do personagem. Assim conseguimos senti-lo e representa-lo porque se tornam reais para nós.

Me aplaudiram e sorri descendo do palco, vejo o diretor afirmar:

— Eu disse que essa seria a nossa garota.

— Um rosto novo? Ela nunca fez nada de destaque. Acho que pode ser um tiro no pé.

Engoli em seco ao escutar aquilo. Ele tocou a mulher:

— Claire, olha para ela. Não precisa mudar nada nela. É exatamente como eu imagino a personagem.

Sorri sentindo esperança, ela me observou de cima abaixo indecisa. 

Nossa atenção foi desviada por uma mulher loira se aproximando:

— Estão fazendo testes? Podem cancelar, Abigail Fontana aceitou o papel. Claro que tem algumas exigências...

Senti um desespero me dominar e o diretor avisa:

— Não. Já encontramos a atriz.

Sorrir aliviada. 

A mulher ao lado do diretor puxa ele:

— Enlouqueceu? Vai trocar Abigail Fontana por uma ninguém? Pensa no marketing. A hora que avisarmos que Abigail Fontana será a protagonista teremos todos os fãs dela como telespectadores. São mais de trinta milhões. O que essa garota tem a oferecer? Além que a Abigail é mais bonita e nova do que ela.

A loira questiona:

— Então? Vocês já têm uma atriz para protagonizar? Meu tempo é curto.

O diretor me olhou por alguns segundos e pude ver ele relutante, fito seus olhos como quem implora por aquela chance. Aquela mulher ao lado dele toma a frente:

— Seu teste foi muito bom, se precisarmos de algum personagem novo na história e que se encaixe com seu perfil. Entramos em contato.

— Mas...

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