6° Capítulo - Zachary Davies

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(Wild Horses – The Rolling Stones)

1 ano e 8 meses antes...

Acho que toda história que marca nossas vidas começa com uma narrativa simples, um momento que parecia certo, mas que é o que antecede tudo de errado que acontece dali para frente.

Pelo menos para mim é assim. Um amor impossível, várias escolhas ruins, amizades superficiais, intrigas, e sangue nas nossas mãos.

Era madrugada de uma quinta-feira, Aaron e eu estamos no carro fumando maconha e escutando The Rolling Stones.

Me sentia relaxado, era como se toda aquela culpa que eu carregava não existisse quando a fumaça entrava, e ter ele ao meu lado, fazia o fardo da ressaca moral que vêm depois parecer menor.

Podia lembrar daquele olhar. Aquele maldito olhos castanhos me observando e aquele sorriso que deixava minha garganta com um nó.

Sentia raiva de mim mesmo por ser o que sou. Por sentir atração por um garoto e não por uma garota como devia ser. Queria poder controlar aquilo, mas não conseguia.

Aaron era bem resolvido, não tinha problemas relacionados a sua sexualidade, mas a minha família.

Meu pai é um governador republicano, minha mãe e ele tem uma igreja juntos.

Embora eles estejam envolvidos em dois tipos de máfia, igreja e política. Precisamos agir como exemplos. E um filho gay, não entra nessa imagem exemplar que tentam vender.

Diferente de Aaron eu não consigo ser extrovertido, ser aberto e extravagante. Tenho tantas amarras que não consigo dançar em uma boate, quando recebo olhares de rapazes sinto que estou fazendo algo errado e sinto raiva.

Só que com ele, com esse maldito filho da mãe é tudo diferente, ele consegue romper as barreiras que eu construo apenas com esse sorriso, gosta de tudo que eu gosto e chega doer de tão forte que é o que sinto por ele.

Levou a mão até o meu rosto e a afastei, ele sorriu bagunçado seus cachos escuros:

— Fumar maconha pode, mas deixar eu te tocar é errado demais?

— Você sabe que... É difícil para mim.

— Tudo bem. Eu amo você, Zack e eu não me importo se acontecer hoje, daqui um mês, um ano ou dez anos, contando que estejamos juntos.

— Obrigado.

— Só não fique chateado quando eu fizer com outras pessoas porquê... tenho minhas necessidades.

O olhei tentando não demonstrar que aquilo me doía mais que ele podia imaginar, mas não podia ser egoísta. Se eu não estava disposto a suprir as necessidades dele. Ele teria que suprir de alguma forma. Com alguma pessoa.

Ele sorriu passando a mão no rosto:

— Por que faz isso consigo mesmo?

— Aaron...

— Acha que se não transar comigo será menos gay do que você é? Que se não me beijar, me tocar, irá mudar o que sente?

O encarei nervoso e dei um trago naquele baseado para tentar relaxar, ele segurou meu queixo me forçando a encara-lo:

— Me responde Zack!

O empurrei que bateu as costas contra a porta e me olhou arqueando as sobrancelhas:

— Me bate vai. Não seria a primeira vez.

— Eu não quero.

— Você quer, só não se permite.

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