(Another Love – Tom Odell)
9 anos e 3 meses antes...
Lembro de descer do carro e o motorista me conduzir para dentro de casa, carregava aquela lancheira do superman, o sangue estava seco em meu nariz, mas a dor ainda estava ali.
Meu pai estava com aqueles homens estranhos e ao me ver pude ver seus olhos escurecerem, veio em minha direção e afagou meus cachos preocupado:
— O que aconteceu com ele?
O motorista não soube responder.
Me olhou preocupado:
— Quem fez isso com você?
— Um menino da minha sala.
— Por que ele te bateu? Você bateu nele?
— Não... Ele me bateu porquê... Ele falou que sou bichinha.
Pude ver os olhos escuros dele ficarem marejados e bagunçou meu cabelo:
— Você bateu nele?
Descordei com a cabeça.
Ele serrou os punhos e colocou na frente da boca:
— Por que não?
— Porque ele é mais forte que eu.
— Devia ter socado a cara dele bem forte.
— Eu fiquei com medo.
— Medo de que?
— Que ele me batesse mais, como os outros fazem.
Ele não conseguiu conter às lágrimas, fitou aqueles homens ali:
— A reunião acabou, podem sair.
Saíram dali como um exército.
Meu pai me pegou no colo e me conduziu até a cozinha, me sentou sobre aquele balcão e fitou meus olhos:
— Você é um homenzinho, quando alguém te acertar um soco, você tem que dar dois, porque se você baixar a guarda. Eles vão te baterem sempre. Entendeu?
— Pai... O que é bichinha?
Me olhou sem saber como responder aquilo. Engoliu em seco e pensou um pouco:
— Quando um menino ou homem, agem de uma forma afeminada. Gostam de coisas de mulheres e... Às vezes agem como mulheres. Pessoas... ignorantes tentam os ofender chamando disso.
O olhei por alguns segundos e questionei:
— Por que está chorando?
— Porque é meu filho. Eu te amo muito e pessoas te machucaram e quando te machucam é como se me machucassem também.
— Pai... Me ama mesmo sabendo que eu sou uma bichinha?
Ele chorou de uma forma que nunca vi antes. E aquela foi a primeira vez que percebi que ser diferente assusta as pessoas que nos amam, causa incômodo, machucam elas.
Não porque são ignorantes, mas porque se importam e tem medo de ver quem amam feridas. Porque aquilo as ferem também. E eles sabem que tudo que é diferente é repudiado, se torna minoria e a maioria se sente no direito de ofender e machucar.
Ele segurou minha nuca e apoiou a testa na minha e fitou meus olhos:
— Você é uma criança ainda, mas se quando crescer decidir que o que te faz feliz é isso. Vou te amar da mesma forma, será meu filho da mesma forma. Só que vou te ensinar a se defender, a não deixar que te machuquem porque se machucam quem amamos. Nos machucam também.
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Confissões
Mistério / SuspenseQuando Joshua Stroyer é assassinado sob circunstâncias curiosas, logo após o suicídio de sua ex namorada, Olivia Russell, uma teia de mentiras começa a se desfazer causando reboliço na vida de todos os moradares de Sunset Hill. A polícia local ini...