Eu Me Rendo

Capítulo 13

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Gulf senti seu coração acelerar de maneira assustadora, seu corpo inteiro tremer e sua respiração mudar o ritmo drasticamente. Aquela sensação angustiante voltando com tudo. Seu estômago revira e a tontura o faz quase não conseguir se segurar e cair.

Ele não espera mais uma palavra, desligando o celular com as mãos trêmulas. Usando toda a força ainda existente corre para o banheiro do Shopping, se tranca em um dos cubículos, se debruça no vaso e sem segurar coloca para fora tudo que havia comido.

A mesma sensação de fraqueza e vulnerabilidade que havia vencido anos atrás volta com tudo, o deixando aterrorizado.

Ele se senta, se encostando na parede, abraça as pernas e as lágrimas caem. Fazia tempo que ele não se sentia assim, quando falou com Mew pela primeira vez e ele o tratou mal sentiu-se mal e indefeso pela primeira vez depois de muito tempo, mais aquele sentimento não passava nem perto do que sentia nesse momento.

Sua infância não foi fácil, passou por muitas coisas que o machucaram profundamente. Quando finalmente conseguiu fugir daquilo foi um alívio, mais as cicatrizes o acompanhariam pelo resto de sua vida.

Com o passar dos anos teve que vencer muitos monstros, consequência do passado sombrio que ainda o aterrorizava. Ataques de pânico, ansiedade, dificuldades para dormir e pesadelos foram alguns dos problemas que teve de enfrentar.

Ele achou que os vencerá, mais ao ouvir a voz da única pessoa responsável por tudo isso, a pessoa que lhe causará tanto mal no passado, a pessoa que devia ama-lo e protege-lo, mais não o fez, os sentimentos de terror, medo, angústia e fraqueza voltaram com tudo. O deixando totalmente perdido, entregue e tomado por esse sentimento que lhe causará tanta dor.

Não sabia o que fazer. Estava com medo, muito medo. Seu corpo não parava de tremer, sua respiração não voltava ao normal e as lágrimas continuavam a cair. Queria sair do lugar onde estava, mais não conseguia, sentia seu corpo fraco e incapaz de se mover.

Ele odiava se sentir assim, odiava o que aquela pessoa ainda lhe causava. E só conseguiu pensar em uma solução, ligar para a única pessoa que sabia de sua condição, a pessoa que o ajudará a superar seus medos e demônios.

Com as mãos ainda trêmulas, discou o número e ligou.

Ligando...

-Alô.
-Zee... me ajuda, por favor. Fala chorando.
-Gulf? O que aconteceu? Você está bem?
-Não, não estou.
-Ei, calma, respira fundo. Me diga onde está, que vou até ai.
-No banheiro do Shopping Emporium.
-Ok. Fiquei ai, já estou indo.

Zee saiu correndo de seu apartamento e seguiu até o lugar. Um pouco mais de 30 minutos depois, entrou no banheiro e chamou pelo menino.

-Gulf, você ainda está aqui?
-Aqui dentro.

Ao abrir a porta encontrou o menino no chão totalmente indefeso. Ele se abaixa e o abraça.

-Tudo bem, estou aqui. O que aconteceu?
-Me tira daqui Zee, por favor.
-Claro.

O rapaz o ajuda a se levantar e o apoiando chegam ao carro. No caminho até o apartamento Gulf não disse nada e apenas um choro baixo era ouvido.

Já dentro do apartamento, Zee o coloca sentado e busca um copo de água para o menino.

-Toma, bebe e me conte o que aconteceu.

Gulf ainda tremia.

-Ele voltou Zee, meu pai voltou.
-Você o viu?
-Não. Ele me ligou, falou comigo.
-Fica calmo. Isso não significa que ele vá te fazer mal.
-Ele conseguiu meu número. É só uma questão de tempo até me achar e tudo aquilo voltar.
-Gulf olha para min, você não é mais aquele menino indefeso que se deixou machucar e que ele fez tanto mal. Você é forte agora, vai enfrentar esse medo assim como tem feito e vai enfrenta-lo se for preciso. Entendeu?
-E se eu não conseguir?
-Você vai, você é forte.
-Só ouvir a voz dele me deixou nesse estado Zee, acha mesmo que eu seria capaz de enfrenta-lo. Eu nunca vou conseguir, eu pensei que tivesse superado, mais acho que nunca vou. Fala ainda chorando.
-Não chore, você está seguro aqui.
-Eu fiquei apavorado Zee. Achei que ele estivesse me observando.
-Toma esse remédio, vai te deixar mais calmo.