A ponte Brockdale

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O Sol da manhã brilhava tão forte na última semana de Julho que pintava Londres de amarelo intenso, colaborando para o pouco tráfego nas ruas. Um casal se aproximava de um automóvel VW Fox vermelho e colocava algumas sacolas no porta malas. O filho caçula deles, John Watson, com dezesseis anos, pedira para permanecer no banco de trás do carro e usara esse tempo para ler o Profeta Diário que chegara pela manhã. A matéria de capa tinha uma foto de um abatido bruxo adolescente, de cabelos escuros e olhos claros, sendo levado por um impaciente bruxo idoso, de barba e cabelos grisalhos. Acima da foto havia um título bem chamativo.

SERÁ SHERLOCK HOLMES "O ESCOLHIDO"?

E o corpo da reportagem seguiu recheado de especulações.

Depois da confirmação oficial de que Sherlock Holmes, atualmente com dezesseis anos, é a Criança-Que-sobreviveu Àquele-que-Não-Deve-ser-Nomeado, os boatos acerca do potencial do jovem bruxo para derrotar o Lord das Trevas se tornam mais crescentes, especialmente depois que fontes ministeriais confirmaram que o foco do distúrbio que culminou na Batalha do Ministério foi a famosa Sala da Profecia. Embora os porta-vozes oficiais continuem a se recusar sequer a confirmar a existência de tal sala, um número cada vez maior de pessoas na comunidade bruxa acredita que os Comensais da Morte, ora cumprindo pena em Azkaban por invasão e tentativa de roubo, tentaram se apoderar de uma profecia que diz respeito a Sherlock Holmes.

Pouco se sabe sobre A-Criança-Que-Sobreviveu, mas nosso banco de informações atesta que seu currículo escolar o coloca como o primeiro de sua turma. Além disso, foi o campeão mais jovem do Torneio Tribruxo, e mesmo com treze anos de idade foi capaz de executar magias avançadas. Será ele o bruxo com o destino para enfrentar o Lord das Trevas?

John sentiu um frio na espinha e, por instinto, olhou para a própria mão esquerda. Havia um anel dourado em seu dedo anelar, com um minúsculo rubi bem no centro e várias runas gravadas no lado de dentro. Segundo Sherlock, era um anel-escudo para azarações menos complexas e com sete minutos de recarga entre um feitiço e outro ("eu mesmo que fiz", fez questão de dizer na carta que enviara com o presente).

Sherlock Holmes, da Corvinal, não só era o seu melhor amigo, como também a pessoa por quem John nutria um sentimento muito intenso, e, provavelmente, não correspondido. Sabia que era alguém importante na vida do corvino, ele já demonstrou isso várias vezes, mas tinha quase certeza que os sentimentos de Sherlock jamais transcenderam a amizade. De qualquer forma, amava-o e imaginá-lo carregando a responsabilidade de matar alguém - especialmente matar Voldemort, o bruxo que nem os Aurores, nem o próprio Dumbledore, conseguiram matar - era medonho.

Os pais de John entraram no carro, fecharam a porta e colocaram o cinto de segurança.

– Não sei como preferiu ficar dentro do carro – a sra. Watson o observava pelo espelho do copiloto – e não no ar condicionado do supermercado.

– Eu tava com a porta aberta, mãe.

O sr. Watson ligou o carro e o rapaz virou a página para ler a próxima matéria.

NOVO MINISTRO DA MAGIA GARANTE A SEGURANÇA DOS ESTUDANTES.

O recém-nomeado ministro da Magia, Rufo Scrimgeour, chefe da seção de aurores, falou hoje sobre as rigorosas medidas tomadas pelo seu Ministério para garantir a segurança dos estudantes que retornam agora, no outono, à Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts. "Por motivos óbvios, o Ministério não poderá entrar em detalhes sobre seu rigoroso projeto de segurança", disse o ministro, embora um funcionário bem informado confirme que as medidas incluem feitiços e encantamentos defensivos, um complexo conjunto de contrafeitiços e uma pequena força-tarefa de aurores, dedicados unicamente à proteção da Escola de Hogwarts. A maioria dos cidadãos parece tranquilizada pela firme atitude do ministro com relação à segurança estudantil.

Potterlock - O Príncipe MestiçoOnde histórias criam vida. Descubra agora