A Memória de Morfino

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Por causa do tempo ruim, a viagem de volta teve que ser adiada para o meio da semana.

John esperava ter visto Sherlock, Sally ou Lestrade no expresso de Hogwarts, e tentou não ficar preocupado por isso não ter acontecido. Todavia a ideia de Comensais da Morte invadindo a Concha Holmes insistia em perturbá-lo. A sensação não melhorava em nada com Henry e Witty trocando flertes indiretos, fazendo-o sentir que estava sobrando a ponto de mudar de cabine. Acabou se juntando a Harry, que andava bastante solitária desde que o ano letivo começara. O rapaz nunca conversou com a irmã sobre a separação dela e Clara, nem mesmo sabia como abordar o assunto. Além de nunca terem sido irmãos próximos, era como se Harry tivesse colocado uma parede de gelo entre ela e todos à sua volta. Mesmo durante o Natal e a virada do ano, suas visitas à família foram tão breves que mais pareciam visitas de médico.

John só foi encontrar Sally quando entrou na torre da Grifinória. Ela explicou que - por medidas de segurança - o Ministério da Magia autorizou a volta de Sherlock pela Rede-de-Flu, e isso acabou sendo útil para os alunos que estavam com ele.

Na manhã de quinta feira, a aula de Herbologia acabou sendo cancelada em razão do surto de resfriado que acometeu as mandrágoras. John usou o horário livre pra adiantar as lições de Transfiguração e não correr o risco de repetir o mesmo erro da aula passada (os alunos haviam sido instruídos a transformarem um pote de vidro em uma coruja, mas o jovem Watson ficou tão perdido na fórmula que o seu se transformou em mil baratas, infestando a sala e obrigando a professora McGonagall a descontar dez pontos da Grifinória).

Foi no caminho para a aula de Defesa Contra as Artes das Trevas que o rapaz se deparou com as costas do melhor amigo alguns metros à sua frente.

– Hei! Sherlock! – acenou.

Ao ouvir o chamado, Sherlock reagiu como se tivesse visto um dementador. Os olhos bem abertos, a boca bem fechada e o corpo tão rígido que o grifinório não pôde deixar de estranhar.

– Que foi? – quis saber John quando se aproximou.

– Nada. Por que teria alguma coisa errada? – respondeu o corvino antes de voltar a andar, agora na presença do amigo. – Seu Natal foi bom?

– É, foi sim. Senti falta disso. E o seu?

– O de sempre, com a diferença que dessa vez até o ministro resolveu aparecer. – Sherlock colocou a mão no bolso da capa e tirou o celular de dentro – Tome.

Os olhos do Watson brilharam quando ele pegou o aparelho, e os polegares moveram-se habilmente pela tela, enquanto ícones mostravam diversas funções no visor.

– Legal! E ainda tem metade da bateria! – comemorou John.

– Isso tem a ver com eletricidade?

– Sim. É armazenamento de eletricidade. E então? Gostou?

– É uma invenção bem prática. Papai e eu curtimos alguns joguinhos.

John passou o dedo num dos ícones e logo viu que alguém alcançara um recorde estratosférico no sudoku.

– E as músicas? – questionou o grifinório, desligando o celular e o guardando no bolso – Chegou a ouvir alguma?

– Vi uma lista de favoritos sua.

– Tem mais de cinquenta músicas nessa playlist. Ouviu todas?

– Não mesmo – Sherlock franziu o cenho contrariado, lembrando da batida repetitiva e propensa a dor de cabeça de algumas canções. – Metade, talvez.

– E de quais gostou?

Havia uma euforia que John não fazia muita questão de disfarçar. Ele realmente estava interessado em saber como foi a experiência do amigo com o artefato trouxa e isso acabava deixando o corvino um pouco embaraçado, especialmente porque agora era impossível olhar as reações do Watson por outra ótica.

Potterlock - O Príncipe MestiçoOnde histórias criam vida. Descubra agora