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      Naquela manhã em especial, tudo estava agitado no castelo do vale do sol, os criados e guardas andavam de um lado para o outro. Enquanto alguns ajeitavam os cômodos que seriam ocupados pelas pessoas, outros faziam a ronda matinal pelo castelo. Estava um tumulto dentro das altas paredes ornamentais, os paços rápidos dos criados eram ouvidos até o último andar.

    Aquele era o dia mais agitado do ano, não era atoa que os ouvidos do jovem príncipe, que ainda estava na cama, estavam incomodados com tal movimentação. Seus olhos não tinham visto a luz do sol naquela manhã e já estava em um pequeno mau humor matinal. Ele ainda lutava para voltar a dormir e ignorar qualquer tipo de barulho, quando por uma má vontade do destino sua porta foi aberta de forma abrupta.

— Mas que...

— Antes que torne a falar alguma palavra de baixo calão a mim, devo lhe interromper jovem príncipe.

   Aquela voz era a responsável por arrancar sorrisos matinais do príncipe. Minseok, que naquele momento era apenas uma imagem turva para o Do, estava parado na porta que agora já se encontrava fechada.

— Sei que vossa alteza odeia esse tumulto logo de manhã, mas sabe como as majestades são em dias de festa.

— Sei bem Min, agora deu com isso de alteza, já conversamos sobre tal assunto.

    Desde que se entendia por gente Minseok estava ao seu lado, era como um irmão mais velho que seus pais não geraram. Ele era um alfa bem mais velho que Kyungsoo, uma pose forte mas mesmo assim tinha um olhar doce e gentil, seus cabelos sempre ajeitados para trás que ficaram em harmonia com o terno que ele usava todos os dias. Tudo no alfa era impecável e organizado, pelo menos era assim que o príncipe ômega o via. Mas, entretanto, Do conhecia tão bem o irmão que sabia que por baixo daquele ar arrumadinho ele era uma peça meio desastrada e fofa.

— Sabes que adoro irritar você, Soo. — disse ele com um sorriso brincalhão no rosto, já faziam anos que o príncipe tinha dispensado as formalidades com Minseok. — Tem que levantar agora, seus pais logo vão solicitar sua presença no salão.

— Eles sabem que eu odeio festas grandes, mas mesmo assim insistem em me colocar no meio disso — O baixinho revirou os olhos não demorando para que seus pés tocassem o chão.

— Eles não fazem por mal Soo. Sabes melhor do que ninguém que eles adoram incluir você em qualquer coisa que seja. Você é o único filho deles.

    Ser filho único não era tão ruim assim, ele passou sua infância ganhando absolutamente tudo que queria ou não queria ganhar, era um mimo só. Após a perda do segundo filhote do rei ômega, seu lobo ficou ainda mais apegado a primeira cria, ele gostava de ter  Kyungsoo por perto a todo e qualquer momento, as vezes o príncipe se sentia sufocado com a atenção do pai mas não podia o culpar.

— Sei bem irmão, sei bem.

     A essa altura Kyungsoo já estava em pé, esticando seus braços para que a preguiça pudesse ir embora de uma vez por todas. Hoje, ele tinha total certeza que seria um dia cansativo, tanto para si quando para todos presentes naquele castelo. Soo caminhou para o banheiro lentamente, como se esse fosse a solução para que demorasse até ter que lidar com a grande festa que seus pais estavam planejando. Minseok, que já sabia das artimanhas do jovem irmãozinho logo o pegou no colo e o levou de uma vez ao banheiro.

— Fique cheiroso e eu logo trago seu café, prometo que faço seu favorito.

— Panquecas com frutas vermelhas e geleia? — um biquinho se formou nos lábios do garoto pálido e o mais velho confirmou para a alegria do baixinho. — Estou pronto em um minuto!

Tão Quente Quanto O VerãoOnde histórias criam vida. Descubra agora