Taeyeon não queria ter contado.
Não queria ter contado que estava tão cansada de ser tratada como uma pobre coitada que faria de tudo para ir embora dali. Contudo, o olhar no rosto de Minhyuk quando ela contou fora tão sereno que só continuou a falar, incentivada pelo próprio marinheiro que fora extremamente gentil em apenas a escutar e confortar a dor que sentia.
Diferente do que esperava ele não a olhou com pena, não fez perguntas inconvenientes ou a olhou com desgosto. O brilho nos olhos dele ainda estava lá, mas ela ainda não confiava nisso. Era raso demais para garantir que ele não iria embora assim que a deixasse em casa.
O clima ruim logo foi substituído pela voz alta do rapaz, contando sobre como ele fazia para se divertir quando criança na ilha onde nasceu e nas aventuras que ele criava na cabeça dele e tentava tornar real com o poder a criatividade de uma criança solitária e quando notaram já estava anoitecendo.
Ele se levanta, pegando a taça vazia e erguendo como se fosse uma espada imitou o que fazia quando era criança:
— Para trás, piratas malvados, vocês não irão pegar o tesouro real — A voz alta a fez rir.
— Você definitivamente escolheu a profissão certa.
— Eu sou filho único e passava tempo demais ouvindo histórias sobre ladrões e piratas — Voltou a se sentar, bem perto dessa vez e Taeyeon não se sentiu na obrigação de se afastar. — A imaginação era a minha maior arma. Você tem histórias de criança, Taeyeon?
— Não tenho muitas histórias, passava a maior parte do tempo criando formas de ganhar meus irmãos em qualquer jogo existente — O olhar calmo e atento voltou ao rosto dele. — E olha que eu me tornei muito boa nisso, mas eu nunca tive muito espaço para imaginar nada além de um príncipe que ia me levar para bem longe, igual nos contos que eu ouvia.
— Um príncipe fica difícil, então serve um marinheiro?
Ela assentiu, ainda rindo alto como não fazia a muito tempo, em parte pelo álcool falando mais alto. Todavia ele não riu, estava preso olhando para ela, perdido em pensamentos e encantado com Taeyeon. O riso morreu quando notou o olhar dele. Não conseguiu pensar em mais nada além do som das ondas se quebrando na areia. Não queria pensar.
Foi quando a calma foi substituída por um ato de coragem e desespero, talvez a única chance que ela teria.
Ela o beijou.
Não sabia dizer o porquê, se foi o álcool ou apenas a louca chance de Minhyuk ser o príncipe que esperou por tanto tempo.
Queria apenas agarrar a chance que o destino estava dando, sem se importar com as consequências, ou ao menos aproveitar o momento antes que ele desse as costas para ela e não aparecesse mais.
— Perdão, eu não deveria... — As palavras dela morreram assim que encontrou o sorriso de Minhyuk.
— Tudo bem — Constrangido ele desviou o olhar para o chão, ainda desnorteado por ter ela tão perto. — Acho que é melhor irmos. Já está ficando tarde, eu te acompanho até sua casa.
Prendeu os olhos no céu escuro antes de aceitar a mão que ele estendia para a ajudar a levantar e então recolher tudo o que levaram até a praia.
O caminho de volta foi tomado por um silêncio constrangedor. Taeyeon se arrependeu do que fez, morrendo de medo de passar a impressão de que é uma mulher fácil. Sua cabeça estava a mil, pensando em tudo e nada ao mesmo tempo. Enquanto Minhyuk estava tentando ao máximo esconder o sorriso bobo que não saia do rosto
Não demoraram a chegar. A casa da família Kim era próxima da praia e logo já estavam atravessando o pequeno jardim para chegar até a porta da frente. Ele deixou um selar na mão dela pela última vez, ainda com o sorriso que parecia ter congelado no rosto.
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Fallin'Flower » » Boo Seungkwan
Fanfic"Talvez sejamos flores caídas, bonitas em sua essência como qualquer outra flor, mas esquecidas, pisoteadas e jogadas à lama por algum motivo." A vida de Taeyeon jamais poderia ser considerada calma. Depois de um casamento turbulento com um homem qu...