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Taeyeon respirou fundo, se concentrando apenas em entender o que o senhor Hak explicava, mesmo que fosse o esquema de sempre que fora ela mesma que ajudou a criar e estruturar com cautela.

Era bem simples.

Quem não tinha dinheiro o suficiente para pagar pelos serviços na taverna ou pelas informações, ganhava a remota chance de aumentar sua quantia apostando na mesa de jogos, se conseguisse ganhar de Taeyeon levava o dinheiro, ou poderia escolher ganhar a informação de graça.

Só era necessário para jogar qualquer quantia em dinheiro, mesmo que mínimo.

Eles só não sabiam que era extremamente difícil ganhar da mocinha adorável que sorria para eles e pedia que escolhessem o que jogar dentre as opções. E todos os que passavam por ali imaginavam que seria uma vitória fácil e perdiam em sua maioria até ficarem de fato sem dinheiro.

Hak sorriu assim que ela disse ter entendido e a deixou sozinha no pequeno cômodo que arrumaram para que ela trabalhasse.

As coisas estavam dando tão certo nas últimas semanas que tinha medo de estar sonhando, tinha ficado tanto tempo apenas sobrevivendo que realmente estar vivendo por um momento pareceu irreal. Ainda se lembrava bem do dia em que Seungcheol a encontrou, encolhida na areia da praia durante uma madrugada em que conseguiu fugir da casa onde morava com Minhyuk, o rosto ainda ardendo como consequência de um acesso de raiva pelo qual havia levado a culpa.

Mesmo quando não teve nada a ver com o motivo dele estar com raiva. Nem mesmo se lembrava do porquê.

Aquele havia sido o limite e jurou que não voltaria a pisar naquela casa.

E quando tudo estava desmoronando ao seu redor, Seungcheol apareceu e a ajudou a cumprir aquele juramento. Ele a acolheu em sua casa e a manteve escondida até que a poeira abaixasse um pouco e quando estavam bem de dinheiro e fora do encalço de Minhyuk vieram para o outro lado do mar do Japão.

Finalmente longe.

Longe daquela ilha, longe de um marido controlador e obsessivo, longe daquele passado que a assombrava todas as noites. E mesmo assim, se apegava àquelas lembranças sobre noites de conversas em uma estufa.

Era só o que restava de qualquer forma.

Lembranças doloridas e melancólicas da única parte colorida daquele tempo.

Respirou fundo, passando as mãos pelo cabelo curto e então pelas roupas de cor verde escura que usava com frequência agora. Não estava no melhor dos humores para jogar agora, mas não reclamaria de ganhar um pouco de dinheiro.

— Vamos começar — disse para si mesma, arrumando as cartas, dados e tudo o que teria a disposição.

Seus dias eram agitados agora.

Quase não tinha mais tempo para costurar para outras pessoas, apenas remendava as roupas de Seungcheol e Hak quando necessário na companhia do gatinho bipolar do dono da taverna.

Passava todo o tempo fazendo o que fazia de melhor.

Persuadia homens que sorriam abertamente ao nota-la e perdiam miseravelmente e de novo e mais uma vez até que os bolsos vazios superavam o orgulho que dominava os pensamentos deles.

— Seungcheol está demorando para convencer hoje — Riu sozinha e se levantou. — Aposto que vai ser um dos teimosos.

Fez menção em ir até a porta para saber o que estava acontecendo, estava prestes a abri-la, mas outra pessoa o fez.

— Pode deixar que eu posso ir — A voz dele morreu no segundo em que olhou para Taeyeon. — Sozinho.

Seungkwan só teve a reação de fechar a porta atrás de si, continuava olhando estatelado na direção dela como se fosse uma miragem, irreal demais para acreditar que era verdade e não um sonho.

Taeyeon por sua vez piscou sem reação, ofegando assim que prendeu o olhar no dele e o reconheceu. Aquele só encontrava em seus sonhos e lembranças, as mais belas memórias que guardava com tanto carinho.

Tocou o rosto dele, conferindo se era mesmo real e sentiu ele se arrepiar sob o toque delicado. Foi a vez do mais novo piscar, segurando a mão que ela estendeu e sorrindo para a feição no rosto de Taeyeon, sentia que poderia chorar a qualquer momento e nem mesmo percebeu quando a primeira lágrima escorreu pela bochecha quando ele havia sido rápido em secá-la.

— Oi — disse ele, sorrindo abertamente porque finalmente podia o fazer sem a melancolia de estar afastado dela.

Ela não respondeu, o puxou para um abraço apertado, daqueles que poderiam juntar todos os pedaços que foram quebrados dos dois naqueles últimos meses, inacabáveis e torturantes meses.

— Senti saudades — O sussurro dela o fez a soltar, para olhar nos olhos dela e aproveitar para poder se perder neles.

Os lábios se encostaram em um selar delicado e singelo, como se tivessem medo de avançar demais e acordar daquele sonho bonito.

— Você me esperou — Seungkwan a abraçou pela cintura sem querer ficar distante e conseguiu ver os olhos dela brilhando junto da luz que entrava pela janela aberta.

— E você veio me encontrar — Ela sorriu como se fosse difícil de parar.

— Eu iria aonde fosse preciso, minha flor.

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Fallin'Flower » » Boo SeungkwanOnde histórias criam vida. Descubra agora